quinta-feira, 24 de novembro de 2011

por uma praça do povo com estátuas para o/as marretas das greves





carvalho da silva e joão proença são duas marretas (substantivo feminino - dá-se um jeito). traduzo: cacetes. quanto ao restante título, devo esclarecer que "praça do povo" não encontrei nenhum lugar em portugal com tal designação. na net há apenas duas referências. uma diz respeito a um poema que a coloca no seu primeiro verso. a outra indica uma praça do povo em itália. assim sendo, adiante que quero ir aos fados. percebo que as greves são uma prerrogativa dos trabalhadores em regime democrático. que os trabalhadores devam poder fazê-las sempre que estejam em causa os seus direitos, isso é indiscutível. em portugal o que tem resultado em benefício para os trabalhadores o facto de aderirem à greve? as chamadas conquistas de abril não foram conseguidas através das greves. foram, isso sim levadas a efeito por uma burguesia que pôde dispor de poder para decretar muita melhoria verificada. é facto que as movimentações físicas de rua de certos grupos - bastante politizados - ajudaram a alterar contratos de trabalho para contento dos trabalhadores. houve muita bagunça e houve atropelos indecentes na função pública. eu li certos despachos que demonstravam uma verdadeira loucura. no ensino, onde trabalhei, cheguei a ler despachos que equiparavam indivíduos com o quinto ano das escolas industriais a curso superior. analfabetos (pessoas que não sabiam ler) passaram a auxiliares de acção educativa. dessas greves, meus caros marretas, não! prefiro, hoje, perceber a intenção de uma greve, embora em portugal a opinião pública não valha um pentelho do padre inácio. ultimamente a que é que levaram as tantas greves que os senhores dirigiram? eu digo e não me contrariem: a uma grande merda. o governo não liga pevide às movimentações reivindicativas das massas populares. nas vossas faces - muito bem barbeadas - os governos socialistas e social-democratas criaram forças policiais para defenderem uma classe que detém o poder. nós, hoje, somos um estado policial vocacionado para abafar o grito dos desprotegidos. o que é que os senhores pretendem? por exemplo, qual a razão de não proporem um tecto de reformas até aos 2.500 euros, para que amanhã a segurança social não abra falência e possa pagar as reformas, pensões e subsídios de fome a milhões de portugueses? qual a razão de os senhores não tentarem acabar com os roubos aos dinheiros públicos - os nossos dinheiros - quando se perdem milhões em propaganda de regime, como o que acontece com os desmandos da rtp? apelem greves por esta razão. porque se calam e se voltam contra os empresários como único objectivo da vossa actividade? porque não apelam à greve quando os nossos governantes piratas elaboram leis legislando a favor de subvenções vitalícias a indivíduos que pouco ou nada fizeram a não ser ocupar lugares de penacho durante 8 ou 10 anos? porque não apelam à greve quando se desbarata milhões na assembleia da república para alimentar uma corja de falsos representantes do povo, que nós sabemos agora - via medina carreira/paulo morais - que em vez de terem o bem estar das populações como meta de trabalho mais não fazem do que negociar os interesses das empresas que lhes pagam mordomias? segundo medina carreira eles trabalham por conta das empresas e é para elas que legislam prejudicando o povo. porque não apelam à greve, para que se impeça a entrada de médicos da américa do sul permitindo a criação de mais faculdades de medicina? têm medo da classe médica? porque não apelam a uma greve geral contra a exploração que a indústria farmacêutica exerce contra a desgraçada terceira idade que não sobrevive sem medicamentação? porque não apelam à greve para que se acabe com a pouca vergonha de um português não poder sair à rua no fim da tarde ou à noite, porque grupos de criminosos o assaltam impunemente? porque não apelam à greve para que o governo ponha na rua o policiamente conveniente para se poder viver sem estar a arriscar a vida a cada segundo que se sai à rua? porque não apelam à greve para que se impeça a venda de empresas portuguesas à finança internacional? porque não apelam à greve para que este governo seja demitido, uma vez que mentiu canalhamente na campanha eleitoral e perdeu o apoio social e político da população? porque não apelam à greve para que o estado português (que somos todos nós) não pague o golpe mafioso do banco português de negócios, obrigando as autoridades policiais a descobrirem o poiso do dinheiro? porque não apelam à greve para que no território português possam as forças policiais actuar sem serem atacadas qual kosovo? até parece que em certos sítios estão implantados pequenos estados independentes como, por exemplo, andorra. bem, as vossas greves são muito mediáticas, mas são inofensivas. onde está o milhão e meio que come à custa do actual regime e que não colabora em nada para darmos a volta a isto que se vê? vejam só isto que vos digo: mudem de tática e de objectivos porque me parece que os senhores só dão jeitos a governos tipicamente pró-salazaristas. relembro-vos o que se passou na inglaterra na década de setenta do século passado quando o conservador edward heath a governava. aumentou o custo de vida da população para dar jeito ao capitalismo selvagem e fodeu-se. quem o fodeu? as donas de casa, meus caros marretas. foram elas que se revoltaram contra o aumento do custo de vida. rua seu filho da puta. a revolução ainda não está na rua! eu digo porquê: interessa a terceiros que passemos a vida a pagar os juros da dívida. é assim que esses chulos vivem. de que viveriam esses chulos se não tivéssemos dívidas e logicamente não lhes devêssemos nenhum? tinham de ir trabalhar. repare-se que cá dentro existem agentes portugueses dos chulos que ganham o seu permitindo que façamos dívidas sobre dívidas. é acabar com eles. antigamente nas vilas e aldeia havia certos indivíduos que ganhavam muito dinheiro emprestando-o a juros. um dia disse-me uma senhora que tinha recorrido a um desses usurários o seguinte: pedi-lhe 300 escudos (moeda antiga portuguesa) e como nunca mais os arranjava na totalidade tinha de lhe dar todas as semanas 20 escudos de juro. a pobre senhora já andava nisso há dois anos e meio. quer dizer que, cada ano em que ela não pagava a dívida, dava ao pirata 960 escudos. dos trezentos escudos já ela tinha entregado 960+960+480=2.400 escudos. ah, e ainda estava a dever os tais 300 escudos iniciais. eh pá! eh pá! eh pá! vamos fazer uma greve geral em nome de todos os pobres trouxas, pois eles não sabem como sair da armadilha que lhes criaram.


mmbento


nb: eu não gosto de dar conselhos a ninguém. mas gostaria de colocar uma questão aos empresários numa acção de que fui actor. uma vez meti-me a empresário. consegui fazer uma obra que custaria 3.000 contos por 1.200 contos. como é que eu o consegui? foi simples. chegava à obra por volta das 4 horas da tarde. olhava para o que estava feito e depois de estar satisfeito com o que via, dizia aos dois mestres. alto e pára o baille. aqui têm um subsídio para a cerveja e toca a andar. até amanhã: note-se que eles deviam largar o serviço às cinco. a princípiuo eles não perceberam. julgavam que eu estava louco. pois é, um dia disse-lhes toca a andar e recebi de volta: senhor professor (eu fui professorinho) daqui ninguém sai. temos de ligar o cimento. eu não percebia que não se podia deixar a meio certos trabalhos com cimento. sim senhor. aumentei-lhes o salário e fiz a obra em muito menos tempo. agora, se eu me puser na pele dos desgraçados que ganham pouco e ainda por cima têm de ser obrigados a trabalhar mais meia hora por dia para que o patrão ganhe mais, certamente que não vou gostar... pague-se mais, que os trabalhadores vão render muito mais. motive-se as suas vidas e nem sequer é preciso exigir que eles vão lá. é preciso criar-se a cultura do justo pagamento pelo esforço despendido. veja-se o que trabalham no estrangeiro os portugueses. às vezes 12 horas diárias. mas que gosto dá em receber o fruto desse esforço e que serve para se viver bem.

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