segunda-feira, 14 de novembro de 2011

meu caro afonso gonçalves, ora toma nota:




não esta de santo antónio, que era bem verdinha. sei que na gíria do casal ventoso, onde pela primeira vez comi carne de cavalo, uma de cem chamava-se um pintor. mais tarde vim a saber que era de um cavalo que fora roubado a um legionário. ora a nota que quero que tu tomes é esta que segue: o escudo vai voltar em grande (pobreza). e sabes por que digo isto? é simples. e não é preciso ir à bruxa. todos os dias descobre-se que nós - e não o estado porque este está ocupado por gente de má nota - devemos milhões e milhões de euros todos os dias. clarificando. todos os dias temos duas vertentes da dívida. uma é aquela que diz respeito aos milhões e milhões de juros do que devemos. a outra vertente corresponde às descobertas de novas dívidas. que a pouco e pouco vão surgindo a conta-gotas. estas últimas podem ser comparadas às trafulhices dos gregos quando se habilitaram à zona euro. isto é, falsificaram as contas públicas apresentando documentos forjados para serem aceites no clube dos chamados ricos (aqui deves rir). foram descobertos quando se deu a bronca de não terem dinheiro para pagarem aos seus funcionários públicos e de não cumprirem uma parte não menos importante dos seus compromissos aos fornecedores. portugal fez o mesmo. como somos muito mais espertos - de facto - como é que conseguimos chegar até a este ponto, sem sermos descobertos? são novecentos anos a comer, a beber, a bordelar ( não sei se esta palavra existe, mas queria dizer ir às putas de todos os escalões sociais), deitar de barriga ao sol sempre que ele aparece com 20 ou mais graus de temperatura, atacar várias zonas do globo como por exemplo a índia, o brasil, a áfrica e mais tardiamente os açores para tirar tudo que dê lucro sem haver trabalho. revejamos: da índia trouxemos as especiarias a ferro e fogo. só de uma vez vasco da gama mandou para o maneta 600 mulheres e crianças árabes (no mar índico) por causa da pimenta; do brasil sacámos tudo desde o ouro, o açucar, pau preto, diamantes, prata, cobre e o suor dos escravos que caçávamos em angola e da terra de santa cruz só não arrancámos a terra porque isso dava muito trabalho; a áfrica permitiu um grande negócio: venda e caça de pretos e marfim dos elefantes. depois, como não podia deixar de ser, toca a retirar as matérias primas, como seja o café e o algodão que também explorámos no brasil, e o açucar nos engenhos movidos a braço de escravo. dos açores, chegou à metrópole muitas vezes trigo e milho retirados às suas populações que passaram fominha por causa desses golpes. depois dos cereais veio o ciclo dos aliados, isto é, arrendaram o arquipélago e não venderam os açorianos porque a escravatura tinha sido abolida. mas mesmo assim os açorianos que são quase brancos como todos os portugueses e outros meridionais, foram obrigados a irem povoar terras que estavam incultas na américa do sul. famílias de açorianos foram arrebanhados como gado. ainda o outro dia estive a ver um documentário assinado por tiago melo bento e que se chama azoreños onde ele descobre descendentes desses quase escravos do século xix, imagina onde? no uruguai. ora bem, já me perdi e não me apetece ler o que escrevi pois tenho de acabar com o magueijo ainda hoje. bem, o que eu quero dizer é que nós, os portugueses da democracia, fomos apanhados no golpe dos dinheiros. e vamos bater com os cornos na rua. vamos sair da zona do euro muito mais cedo do que eu vou ver outra vez o tal belo bicho de que já te falei. duas coisas vão-nos obrigar a sair: os banqueiros e a falta de liquidez de futuro. só nos resta os escudos e tudo para que os nossos futuros governos possam pagar as dívidas. claro que isto vai sair muito caro aos mais pobres. como sempre! do mal o menos. é que ficámos com muitas estradas com portagens, hospitais que funcionarão de futuro como centros da terceira idade e de treino para médicos columbianos, escolas e mais escolas que servirão para turismo rural. não? a malta está a emigrar a olhos vistos e os professores estão a ser despedidos a eito e a eito estão a fechar empresas nacionais e estrangeiras. se o digo é porque ouvi na comunicação social. ah, e a eito estão a correr aos centros de emprego milhares de portugueses e centenas de imigrantes que vivem, por acaso, à custa da nossa segurança social. onde fui buscar estas bocas? não foi da minha cabeça que tal saiu, mas sim dos mesmos órgãos. ah, e do tempo do cavaco para além das estradas, eis-nos beneficiados com o ccb que mais parece uma casa de putas a darem jeito a este e àquele, em nome de uma cultura filha da puta que mais não sabe oferecer do que campanhas de aculturação. bem, não continuarei. apenas e para acabar vou apostar contigo um lençol. sim, um lençol em como vamos voltar ao escudo. já agora, vou contar-te a história de um lençol na boca de um corrupto do estado novo. certo desgraçado precisava de um favor numa repartição do estado: queria emigrar. logo queria arranjar a porra de um simples passaporte. o bom do corrupto disse-lhe assim que recebeu uma nota de mil escudos pelo jeito que lhe deu: eu quando me deito é entre dois lençóis, minha besta.


mmelobento


ps: não sei te recordas que pagávamos 12.50 (doze escudos e cinquenta centavos(*) por uma refeição na cantina universitária. de uma de vinte ainda ficávamos com sete e meio para uma loiras ou bicas, conforme o caso. e de matrícula? pagávamos 3 euros de seis em seis meses. ah, que saudades do tempo da ditadura! e ainda havia gente que passava fome. maldizentes! só se não tinha escudos. como filósofo como explicas o fenómeno? não me venhas com o stalin que até era seminarista. mais missas, é que não! cita antes o otelo! tá?


ps2: (*) qualquer coisa como treze cêntimos do euro com troco. mas que porra de moeda!







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