domingo, 6 de novembro de 2011

já vem do fundo dos séculos a pedincha de dinheiro pelos agentes do estado português. dom joão de castro, vice-rei da índia, já no século xvl o fazia com certa piada.




a história
narra-nos um hilariante
episódio que tem como figurante um vice-rei da índia. este (dom joão de castro) precisava de dinheiro e pediu à câmara de goa algum. estava teso como qualquer português de hoje (ressalvando, claro está, os quadrilheiros que assaltaram o erário público). que apresenta como fiança? cortou os pêlos da barba e enviou-os aos destinatários edis. o que é certo é que obteve o empréstimo e o seu acto foi muito falado durante séculos na nossa história, até que, como é óbvio se descobriu que a barba valia tanto quanto os pentelhos de certa gente que pede emprestado em nome do povo/estado. não estou a ver os diversos ex-presidentes desta democracia e até mesmo o actual inquilino do palácio de belém (spínola e chico rouquidão (não eleitos), eanes (que usava naquele tempo suiças), mário soares ( o democrata agnóstico), sampaio (sem referências) e agora cavaco (o criador do novo conceito de tabu) a arrancarem pêlos de qualquer parte do corpo para mandarem à frau merkel como penhora do que sacámos. a senhora podia interpretar mal a boa  e tradicional intenção nacional de pagarmos as nossas dívidas. digam lá se dom joão de castro não teve sentido de humor... mas eu hoje não estava com ideias de rever história. o que eu hoje queria dizer era o seguinte:  no tempo de salazar não havia desemprego. já sei que se estivesse à mão de semear levava um tiro. vamos lá a ver. naquele santo tempo (o tempo do estado novo) a maioria do povo trabalhava no sector primário. toda a minha gente cultivava a terra para os proprietários e alguns mais afortunados tomavam de renda alguns alqueiros e - pagando as rendas aos senhores - explorava-os. os pescadores que trabalhavam no duro das ondas eram os mais mal pagos. tanto os camponeses quanto os pescadores tinham trabalho sazonal. nas alturas das sementeiras e recolha das novidades havia trabalho. mal pago como convinha à sociedade cristã. o resto do ano estavam de férias forçadas. e nelas passavam certa fominha. a remuneração dos pescadores estava mais ligada ao boletim meteorológico. bom tempo era sinal que havia paparoca. os portugueses era mais magros e elegantes. morriam cedo. as mulheres duravam mais. parece porque elas comiam melhor do que toda a gente. pudera, eram elas quem cozinhava. operários e artífices também os havia. mas em pequena percentagem. é que salazar era um cabrão rural (quem disse que ele era rural foi o professor marcelo caetano. eu só acrescentei cabrão). se algum desgraçado queria melhorar a vidinha (ter uma casita sua era o sonho dos desprotegidos) emigrava. isto é, se os senhores dos escravos não precisassem de mão-de-obra para o cultivo das suas terras, tudo bem, tomem o barco. choravam baba e ranho ao partir e foi daí que a saudade foi criando raízes. mais tarde cantada pela amália para que constasse como património nacional. julgo até que vai dar um salto maior, internacionalizando-se. a verdade tem de dizer-se. os portugueses não deviam dinheiro a ninguém. não tinham casa, cagavam no mato, andavam a pé. os mais afortunados apanhavam a carreira (uma espécie de bus mexicano) para irem tarbalhar. ao domingo eram obrigdados a frequentar a igreja sob pena de serem chamados à pedra pelo pároco. e se este desconfiasse que eles não acreditavam nas patranhas judaico-cristãs (disse-o o orelhas-intelectual-da-rtp no seu último livro) fazia queixa à pide. de forma eclesiástica, note-se. é preciso não esquecer que a santa igreja - quando se tratava de guerra -  abençoava as tropas que iam colonizar terras distantes. muitos morriam bem longe de casa. uma desgraça. muitos camponeses deram-se por contentes com a ida dos filhos para a guerra porque os soldados sempre recebiam um pré que dava para todos comerem como abades. de repente, de um momento para o outro (trinta anos) continuávamos pobres, mas com muitas dívidas. as casas que os pobres compraram terão de ser devolvidas aos bancos. os carros que os pobres compraram a prestações com dinheiro da segurança social têm de voltar aos standes. porque será que os pobres deixaram de trabalhar como antigamente? abandonaram as cidades e as canas de pesca e vieram para as cidades, onde faziam três refeições diárias. quem os alimentou estes anos todos? eu vi - sou testemunha ocular -  assisti aqui na minha zona gente que se deslocava aos centros de saúde de táxi para vir receber o subsídio. país de loucos? país de gente que fingiu ser política? nada disso. aprendemos com a história e com os nossos maiores. pedir! pedir! pedir! e qual é o problema? toda a gente pediu. toda a gente pede. há-de-se pagar. haja pentelhos. atrás de tempo vem as dívidas. e se passarem para as gerações vindouras? qual o problema? nós ainda estamos a pagar as dívidas de dom joão de castro e nunca nos queixámos. entonces não foi!
mmelobento

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