quinta-feira, 3 de novembro de 2011

nas barbas de uma constituição de esquerda viveu-se num capitalismo disfarçado de socialismo



não fosse a descoberta de grandes golpes nos dinheiros públicos nem a crise internacional que nos afectou, estaríamos melhor do que nunca. repare-se como de dentro de grandes nacionalizações e da apropriação dos bens de produção, pela parte do estado revolucionário e remodulado criado pelo golpe de abril, se criou uma burguesia que se movimentou (e ainda se movimenta) com os dinheiros públicos. centenas de revolucionários aparelhados pelos políticos que a perturbação social escolheu à pressa para represenatem o povo boquiaberto abocanharam de uma forma subtil grandes quantidades de dinheiro. a forma de captar grandes verbas tomou ares de vencimentos, subsídios, cartões de crédito para tudo que era luxo e a mais usual nestes casos a corrupção efectiva. ainda o processo revolucionário em curso respirava pelo cano das espingardas já os grandes impérios económicos do passado mudavam de mãos. compras e vendas. tanto nas compras como nas vendas dá cá pelo menos 10%. em alguns casos foi muito mais. chegou-se a verificar (alguns "legisladores" ainda por lá andam) na assembleia da república a aprovação de leis e de ordenamentos para grandes interesses económicos beneficiarem descaradamente de verbas copiosas. foi interessante observar-se que algumas facilidades oferecidas a grandes organizações ligadas à gestão imobiliária e à desafectação das zonas de reserva natural tivessem como imediata repercussão o enriquecimento de pessoas singulares. alguns comentadores mais efusivos denunciaram os vários infiltrados no executivo e na assembleia da república. ficava-se sempre por acusações que como de costume não davam em nada. depois, os infiltrados - trata-se de trafulhas - foram descobrindo que em tudo que mexia se podia ganhar muito dinheiro se o estado estivesse metido no circuito, como cliente. tudo dava dinheiro extra. ele era a combustagem, refinadoras, compra de viaturas, fornecimento de bens de consumo para instituições sociais a coberto do interesse público, fornecimento de medicamentos, compra e venda de produtos para a estação de televisão estatal, negócios com o ensino superior privado, compra e venda de armas (as denúncias acabaram por condenar algumas rezes menos atentas ao esquema), ai, até ferro velho o estado vendia (mas coitado acho que não via nicles). havia um outro estratagema para sugar dinheiro ao estado. trata-se de cartões de crédito. imaginem que até perfumes para as putas e amantes a gente (o povo estúpido) pagava àqueles chulos. bem, grandes empresas que apresentavam lucros enormes passaram a denunciar prejuízos que uma vez publicitados davam para espantar fantasmas. como é que isso acontecia? muito simplesmente por uma forma estética de roubo. cada administrador ganhava tanto, mas tanto que roubar directamente dos cofres do estado não compensava tanto. muito bem feito, sim senhor. para quê roubar se os vencimentos valiam muito mais do que qualquer assalto. esta foi a moda que os antigos revolucionários e agora democratas inventaram para roubarem sem terem de ser incomodados por ninguém. imagine-se, melhor veja-se o que na realidade se deu ainda não tem uns meses. um puto com 31 anos recebia como administrador de uma empresa pública 600.000 (seiscentos mil) euros anuais. por um acaso foi descoberto. mas acontece que existem milhares na mesma situação. o que aconteceu é que ainda não foram descobertos pela comunicação social. o ps e o psd (até o cds-pp numa percentagem menor) constituiram-se em quadrilhas legais para desviarem os dinheiros públicos. eis uma pequena parábola para ilustrar como se rouba sem roubar. é muito simples o que aqueles partidos fizeram. dois ladrões licenciados (é preciso sê-lo) trabalhavam numa mercearia. certo dia o patrão adoeceu e pediu-lhes muito encarecidamente que tomassem conta do negócio. era um grande favor que faziam. passou a um deles uma procuração para gerir a casa. que fizeram os dois malandros? reuniram-se e planearam o seguinte. contas são contas e vamos apresentá-las como deve ser, disse aquele que era o gerente. tu vais receber 100.000 euros mensais. e pode? pergunta o ladrão subgerente. tenho a procuração e mais: é tudo legal. e tu, com quanto te abotoas? eh pá, eu é que sou o gerente! eu ganho 120.000 euros. vá lá. e não posso ter motorista e carro topo da gama? é que eu ando a ver se engato uma tipa do meu prédio e, a coisa está difícil. ela não me dá bola. está bem, diz o gerente. boa ideia. vou beneficiar do mesmo. ah, já me ia esquecendo, como vivo em vila franca de xira vou bater-me a um subsídio de habitação para gerente. eh pá, e para subgerente, não toca nada? toca, toca, seu ganancioso. nisto o nóvel gerente começa a rir. não queres ver que quando estive em inglaterra fui mordomo. olha, também quero. e haverá verba que chegue para tanta despesa? ó meu banana!, ainda bem que me lembras. vou já ao banco antes que feche e vou empenhar esta merda. e foi assim que quando o velho merceeiro voltou encontrou o fruto do seu trabalho de uma vida inteira nas mãos dos bancos. hoje, podemos vê-lo a arrumar carros. o outro dia ouvi-o gritar desaforadamente. o que é que foi? o que é que foi? e ele: estás a ver esta moeda? sim! recebi-a daquele que ali vai. a câmera de video não me deixou visioná-lo de modo a que o identificasse... e ambos chorámos sem antes termos os dois praguejado assim: grandes filhos de putaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa





mmelobento





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