quinta-feira, 29 de março de 2018

Portugal: um Estado Policial substitui um Estado Militar?

A instituição militar não é tida hoje como sendo a estrutura fundamental onde assenta o poder do atual regime democrático que começou a desenhar-se em 25 de novembro de 1975, acabada que foi a loucura da  extrema-esquerda, saída do "25 de abril de 1974". Com o advento da democracia logo se impôs a doutrina política dos civilistas que não descansaram enquanto não encaminharam as Forças Armadas para os quartéis. Depois, tudo fizeram para as descaracterizar. Forças Armadas e Pátria eram símbolos inseparáveis. Hoje, já não é assim. O conceito de Pátria esfumou-se e no que respeita às Forças Armadas é vê-las  a chegar ou  a partir em missões para os vários cenários de guerra fomentados por imperialismos nossos aliados. Partem em defesa da Pátria dizem os políticos que elegemos. As Forças Armadas fora do território não se intrometem nem incomodam  nos negócios do Estado...  Com que intenção?  Será ofuscá-las? Lavar--lhes o respeito e a boa  cara que  lhes são próprias? Impedir que representem o que de mais nobre temos como alma nacional?  Os elementos que as compõem têm uma formação específica superior - a defesa da Pátria faz parte do seu ser. Hoje, quase  nada sabemos delas a não o que a informação veiculada - pelos OCS - nos dá a conhecer. Ultimamente, as notícias não são nada abonatórias, diga-se. Até parece a prestação de um serviço que se apresenta como a querer dar continuidade à política civilista imposta - diria eu - por sociedades secretas que muito se destaparam  após  a queda do Estado Novo. Enfraquecer as Forças Armadas é enfraquecer o Estado. Qualquer regime, desde os autoritários aos democráticos, necessita de força armada para servir de guarda-costas. A solução está nos livros. Isto é, reforçar forças policiais criadas especialmente para manter  os seus patrões no poder usando para tal métodos repressivos,  se necessário. São forças de repressão social. São preparadas para apoiar determinações políticas que vão contra a vontade popular quando esta se pronuncia.  São forças que não estão ao serviço da Pátria. Mas apesar de tudo há as de prevenção para o que der e vier. Note-se que não estão preparadas nem vocacionadas para nos defender de invasões estrangeiras, por exemplo. Perseguem criminosos estrangeiros, claro. Mas isso é outra conversa que não cabe aqui. Não sabemos o que seria se toda ou parte das Forças Armadas, ao pressentir  que a Pátria se encontrava em más mãos e em perigo,  resolvesse intervir musculadamente.  Estou a ver as "forças armadas dos civilistas" a atuar. Foi para isso que também foram preparadas? Digo eu que não estava lá.


segunda-feira, 26 de março de 2018

Separatismo português, o próximo combate de Espanha?

Os compêndios histórico-políticos dão conta de que a partir  do século XII demos início a uma luta armada de emancipação contra Castela dita Espanha. Qualquer vitória contra os espanhóis acrescentava à força com que  os espadeirávamos  a genialidade  da elegia epopeica dos nossos mais expressivos poetas. Não me quero estender muito, é só para reavivar a memória das gentes... O nosso primeiro Rei revoltou-se contra o primo Afonso VII, outro neto de seu avô,  que herdara por direito divino a coroa de Castela e outras terras. A partir daí, foi um nunca mais parar. Dom Afonso Henriques, é dele que falamos, era um sortudo. Para tornar-se senhor de Lisboa foi só preciso que os Cruzados (uma espécie de romeiros sangrentos)  tivessem desalojado os que nela mandavam. Também recebia apoios de gente de toda a espécie. Um grande ladrão e assassino  de nome Geraldes (apelido o Sem Pavor) deu-lhe uma mãozinha. Isto é, depois de saquear cidades em poder dos muçulmanos entregava-as para Afonso as governar. Afonso e camarilha portaram-se muito mal contra a própria família e esse comportamento foi adotado - sem outra solução - pela população agora dita portuguesa. Bem, venceu o separatismo. E hoje, à luz de uma História externa à nossa - esta que defende o direito de sermos continuadamente independentes - não passamos de um povo que se tornou nação separatista. Em 1640, aquando da (nova) restauração da independência que colocou no trono português um duque de Bragança, ao mesmo tempo a Catalunha  envolvia-se numa guerra contra Castela que durou 12 anos. Duas nações envolvidas numa luta contra o invasor espanhol? Ou os castelhanos vinham "buscar o que era seu?". Interpretem como quiserem. Agora, não podemos, em termos de política externa, deixar de nos pronunciar perante o atual conflito que opõe antigos parceiros separatistas à Espanha. E isto, porque Espanha mantém presos nas suas masmorras pessoas que estão incriminadas apenas por delito de opinião e manifestação. Os atuais catalães não utilizaram armas para defender o seu direito à autodeterminação. A Espanha não é uma nação que respeita as leis que regem os Estados de Direito Democrático. Como procede a nossa diplomacia? Não temos políticos à altura de perceber a armadilha que é o apoiar o atual Governo fascista espanhol. O Presidente da Nação Catalã, eleito pelo voto popular, é hoje um foragido apanhado e detido pela polícia alemã nesta Europa unida. Na década de quarenta do século passado, os alemães entregaram a Franco o líder independentista catalão que se encontrava fugido das tropas fascistas. O governo de Franco assassinou-o. Que faria esse ditador fascista ao nosso Dom Afonso Henriques? Responda quem saiba. Ao estarmos ao lado do atual governo espanhol estamos a dar a entender que estaremos à vez de sermos aglutinados pela Espanha. Riem-se seus basbaques! É que agora não temos os ingleses para correr com os espanhóis. A Rússia de Putin tomou a Crimeia que também fazia parte da Ucrânia livre. E depois? Depois, toca a calar que a Rússia é tão poderosa quanto os EUA. A Espanha invadiu com tropas especiais a região autónoma da Catalunha. E depois? Calados que nem ratos que a Espanha é muito forte com os fracos deste lado. A nossa diplomacia nem que sim nem sopas. Está de pernas abertas. Temos mais que fazer! O nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros, por exemplo, esmera-se a responder às ofensas da senhora dona Filomena Mónaco (por acaso uma resposta de nível humor académico) e a acompanhar o nosso Madre Teresa dos Afetos por tudo que é passível de ser televisionado. E se a filha mais velha de Filipe VI de Castela-Espanha "resolve" casar com o filho do nosso duque de Bragança putativo herdeiro da Coroa portuguesa? Voltávamos a ser separatistas? Em termos monárquicos, claro, não vá o Diabo tecê-las. Se a Espanha conseguir obter uma vitória total sobre a Catalunha é muito provável que depois se volte para Portugal e invoque direitos antigos. Os mesmos direitos antigos que a História outorga. Quer dizer, se os nossos chefes políticos estiverem para além da fronteira berrarão: Viva Espanha! Tão depressa passem para cá: Viva Portugal! Viva Ronaldo! 

domingo, 25 de março de 2018

O Portugal remoto e não só em sucalcos de escrita

Teria Portugal  a possibilidade de se transformar numa Suiça nesta baixa Europa? Sim, mas para isso era preciso que houvesse reaparecido uma espécie de sentimento de orgulho económico-nacional. Não o orgulho imperial-colonialista que sempre acompanhou o nosso estado de espírito e que fora durante séculos suportado pelo expansionismo inglês. País de camponeses adstritos à terra dos concelhos rurais  não teria tido possibilidade em meter-se em guerras nem tão pouco armar caravelas com cavaleiros e peões mercenários. Tudo isso custava rios de ouro e de prata que por cá não havia. Os nossos portos serviam para expansões (1415) e foi assim que usando o nosso nome os ingleses (e nós numa boa) meteram 7.500 aventureiros, seus profissionais de guerra, em barcos e partiram para o assalto das cidades ricas dos muçulmanos do norte de África. Nós fomos atrás levados pela imbecilidade. Durante muitos anos os ingleses aperfeiçoaram a arte de roubar  Ceuta foi a primeira vítima com a nossa cumplicidade  e daí para cá foi um tal copiar e  trabalhar por conta dos ingleses. A nossa História é uma montanha de mentiras montadas por subservientes escrevinhadores. Perdoa-se, pois como os seus atuais seguidores  também precisavam de comer e pagar a renda da casa, para além, claro, de terem de sustentar as crias. Tudo analfabeto? Sim, menos a Igreja de Roma a quem cabia dar ordem às coisas já que as duas classes - o povo e os seus senhores - eram de uma pobreza cultural incomensurável. Os senhores não governavam sem a orientação da Igreja, nem o povo saberia como enfrentar seus medos e noites escuras cheia de demónios à ilharga. Repare-se que até na grande França quem  dirigia intelectualmente os franceses foram, até certa altura, cardeais. Salazar não era cardeal. Foi seminarista-teólogo e com esse espírito deu sentido à existência do nacionalismo dos tempos modernos. Isto é um aparte! Se a Igreja e os governantes se tivessem importado com o povo, hoje, poderíamos ser considerados os mais civilizados da Europa. Não prepararam o Povo para viver melhor. Dele só queriam o que poderiam extorquir. Tudo o que o Povo produzia era-lhe retirado e apenas uma pequena parte lhe era concedida para que sobrevivesse e pudesse continuar a produzir. Veja-se o seguinte: a meados do século passado as famílias pobres-povo viviam em espaços tão exíguos que pai, mãe e filhos dormiam numa só divisão e em cima da mesma cama. (disse uma de muitas testemunhas: o senhor comentador-empresário José Júdice (segunda-feira passada in TVI). Como não viveria o Povo na Idade Média? Olha, vejam os filmes do Robin dos Bosques ou leiam "Comunidade" do Luiz Pacheco. Há macacos na Amazónia que dormem melhor do que muito servo da gleba no tempo da Igreja-Nobreza. Isto não passa de um rascunho que me serve para dizer o seguinte: que herança receberam os políticos de hoje no que respeita aos descendentes  desse povo das cavernas? Escondem-na, efetivamente! Para se dar um jeito a este desastre social e para, sobretudo, sacudir a água do capote perante os nossos parceiros comunitários aquilo é que foi construir aos montes escolas e universidades. Como não havia professores para tanta construção houve que desenrascar a situação. Como? Com o expediente à portuguesa: eu te faço professor, tu me fazes doutor, eu te faço doutor e tu me fazes catedrático. Só isso é que é preciso? Eh pá, não podemos fazer estas cenas sem estarmos numa de partido! Ah, ótimo!  E quanto a alunos? Que venham para enchermos as salas de aula. O que saiu daqui desta balbúrdia foi o que se viu. Claro que as antigas instituições universitárias mantiveram o rumo académico que as caracterizou no passado. Salvaram-se estas e criaram-se outras que já nos nossos dias se estão  a emparelhar com unidades estrangeiras  de renome. Se surgem como valores internacionais  isso deveu-se a dinheirinho que veio de fora! Tudo isto não passa de uma gota de água. É por isso que é preciso substituir a atual classe política para renovarmos o nosso "estilo" económico. A agricultura terá de ser reconvertida, mecanizada, atualizada ao nível do que se faz na América. Com isso, acabaríamos com a desertificação do país. Atrás desta motivação era natural que a pequena e a média industrialização pudessem a vir estabelecer-se nas zonas do interior. Portugal é hoje uma faixa no litoral cheia  de cidades e uma mata cheia de árvores no interior que mais não passa de um bosque onde nem o Capuchinho Vermelho quer por lá passar. É uma ideia saloia? Sim, é ver-se o que fazem os países evoluídos dos seus campos. É ver-se o que produzem e em que condições. Tiveram que dar vida ao campo pois sem isso tornavam-se lodaçais. É verdade que há apoios para a produção agrícola mas isso é apenas para arrastar o investimento na área secundária da indústria. Toda a transformação leva tempo, mas teríamos de começar por arrumar a casa. Portugal é hoje quase um Estado policial. Sem fazer muito espalhafato lá vão engrossando as forças paramilitares e policiais. Depois, enchem os tribunais com procuradores e juízes a dar com pau. Os nossos militares estão em vários cenários de guerra. Até parecem os Estados Unidos da América a ocuparem com as suas forças armadas  parte do planeta. Dizem-lhes que estão a defender a Pátria. Que patetice. Os Negócios Estrangeiros estão espalhados por todo o mundo gastando milhões e milhões de euros. Tudo para quê? Faça-se um levantamento à totalidade das despesas estúpidas. Acabe-se com atos de vaidade dos servidores públicos que ainda não perceberam o quanto de ridículos são. Para acabar este vómito: tanta polícia e tanto reforço judicial permite pensar-se que se estão  a preparar órgãos de repressão que atuarão contra as aspirações e movimentações populares. Os políticos temem o quê? Será que este regime se está a identificar  com o de Fulgêncio Batista, onde as grandes empresas estrangeiras ponham e disponham de Cuba, o que deu origem a uma revolta popular. Com um exército de dois milhões de pobres não será tempo de porem as barbas de molho? 

quinta-feira, 22 de março de 2018

o que seria eu sem o meu telemóvel? Um fóssil, claro está!

Em 1998, comprei um celular ainda nem havia rede em Ponta Delgada. Quando se estabeleceram as redes já eu sabia atender as chamadas, ligar para alguém que também tinha adquirido um exemplar. Depois, aprendi a escrever mensagens. Enfim, hoje, a minha vida está nas mãos do meu telemóvel que tem algumas particularidades que o tornam indispensável. Tiro uma foto a mim mesmo (o que faço com muita frequência...) e logo no mesmo instante a posso enviar para alguém. Já cheguei a falar com pessoas olhando para elas no visor. Recebo faturas e tudo o que tenho a pagar. Avisam-me da Fundação  que tenho uma consulta em tal data com o médico especialista. Dezenas de operadores estão permanentemente a chatear-me as moléculas para eu aderir a coisas esplêndidas. Com 77 anos, e as insistências das meninas, sinto-me vivo e importante pois elas não me largam. Ainda se fosse a braguilha, vá lá que vá. Mas tudo bem. Quero saber as horas e é só olhá-lo. Relógio, o que é isso? Como estará o dia, também me  informa a temperatura e a altura das marés. Quero meter o bedelho num site de moças que prestam favores e jeitos sexuais, é  só clicar nas teclas apropriadas. Preço e tudo mais vem apenso. Discursos e intervenções de políticos também estão à mão. Sempre gostei de escrever umas coisitas utilizando canetas. Adorava as canetas de tinta permanente. Um dia, o Eduardo Brum, que era o diretor do Expresso das Nove, onde eu colaborei, disse-me que se me habituasse a escrever no computador, tablete ou mesmo no smartphone que depois não queria outra coisa. Na altura, não acreditei. Hoje, já nem sei o que isso é de usar as canetas. Quer dizer, quando eu bater a bota gostaria de levá-lo comigo. E isto porque de repente  quando eu estiver mais que morto pelo dito do óbito, de repente, dizia eu, posso ter de atender uma chamada. Está, daqui fala o morto que seria eu no caso. Quantas vezes coloquei o meu celular em cima da mesa quando fazia uma refeição no restaurante? Quantas vezes fui piroso sem me dar conta? O raio do aparelho já faz parte do meu ser, daí não o poder dispensar quando me fizerem o favor de me cremarem já que eu nessa altura - calculo - não estar em condições de  locomover-me. Diz-me que telemóvel usas que dir-te-ei quem és. Não é favor nenhum, pois nele estão todos os passos registados que uma pessoa dá; com quem fala ligando ou atendendo a uma chamada, etc. As horas ficam lá registadas. Bem bom que eles não existiam no tempo da PIDE! E aqueles que se distraem e começam a falar de negócios escusos e que depois são tramados pelas forças policiais, judiciais, segurança nacional, etc ? Vão dentro que é uma beleza e tudo se  deve aos telemóveis serem hoje os bufos mais eficientes do mundo moderno. As polícias seguem um desgraçado até ao semicúpio desde que o tenha à mão. Dizem que mesmo desligados estão a emitir sinais que depois são recebidos pelos especialistas informáticos. Às vezes o meu aparelho apresenta certos ruídos que até parece que está à escuta. Se eu fosse algum figurão até que estava bem. No entanto, dizem que todas as nossas conversas  são gravadas mesmo que não passemos de um gato-pingado. Há provas de que mesmo sem autorização do juiz de instrução houve e há digo eu gravações a eito sem controlo. Lembram-se do célebre "caso do Envelope 9"? Que grande sacanice! Há cada espião entre nós que é um louvar a deus (dos judeus e nosso também, mas adaptado) E não é que me afeiçoei aos telemóveis e fui comprando um por ano. Descartáveis não compro porque isso torna suspeito os que os utilizam e  aos olhos dos polícias especialistas é um sintoma nada abonatório. A vida sem telemóvel já não dá gozo. A própria saudade portuguesa sofreu tratos de polé com o seu aparecimento. Morre cabra (doentia-saudade)! Está lá? Sim! És tu querida? Quem é que está aí desse lado a tratar a minha Maria de querida? É o telemóvel, estúpido! Ah, então está tudo bem!





segunda-feira, 19 de março de 2018

Vespasiano, afinal, não tinha amigos

O riismo descarrilou? Parece que teve de substituir o maquinista. E o Guru? Fez a sua  substituição com o comboio sempre em andamento. Como se pode resumir em poucas palavras o momento presente? Lembra-me aquele rapaz que falava mal das colegas. Perseguia-as quando elas estavam a namorar e depois vinha contar tudo o que via  elas fazerem aos namorados. Era um gozo de todo o tamanho. Ele e os amigos riam até às lágrimas das cenas descritas. Não satisfeitos com as gargalhadas ainda por cima mandavam umas bocas provocatórias às miúdas quando por elas passavam. Mas como tudo o que morre é porque nasce, assim, a partir de certa altura, os próprios amigos dele deixaram de rir para ele para começarem a rir dele. E o que aconteceu para que essa reviravolta se desse? O que ele fez às colegas, um amigo copiou-o. Andou a perseguir uma das irmâs do Vespasiano (era o seu nome) que começara a namorar e um dia fotografou-a a fazer sexo oral ao namorado. Que disparate! Não, nada disso! Ela não queria engravidar. Tempos depois a mãe do Vespasiano, aproveitando a ausência do marido em serviço no estrangeiro, começou a encontrar-se com um antigo namorado num hotel de uma Vila Piscatória dos arredores. Em determinada altura, houve um incêndio no quarto ao lado onde se encontrava com o amante e ambos tiveram que fugir em trajes menores. Uma bronca. Os amigos de Vespasiano, mais tarde, tiveram conhecimento das cenas e passaram a rir muito mas já sem ele presente. Moral da história? Sei lá, eu não estava lá. 

sexta-feira, 16 de março de 2018

Kautsky, Dominique Strauss kahn, Hugo Chavez da Venezuela, José Sócrates

Sonhei com Kautsky. Para o que me havia de dar. O que tenho eu com um dos fundadores da social-democracia? Eis o diálogo que mantive com este filósofo, "íntimo" de Karl Marx, no meu terceiro sono de idoso:
Kautsky:
Sabes qual é o mais inteligente político português  após o 25 de abril de 1974?
- Eu:
Talvez o general Spínola (sempre a sonhar)
Kautsky:
És mesmo estúpido! Ouve, que eu não tenho muito tempo.
Eu - Diz lá!
Kautsky:
Quando em 1957 foi criada a CEE pelo Tratado de Roma...
Eu - Morreste em 1938 como podes falar de coisas que aconteceram 19 anos depois?
Kautsky:
És mesmo estúpido, eu sou um fantasma inteligente e estudioso. Ouve e cala-te. A CEE nasce com o objetivo de combater o poderio económico dos Estados Unidos e não o que se ensina nas escolas. Os americanos entretidos a dar caça aos comunistas motivados  pela voz de  um tal senador  McCarthy, morto em1957, não estavam inclinados para saber  o que se estava a passar na Europa. Julgaram a Europa um saco de gatos que não se entendiam e que estavam cerca de umas boas centenas de anos a brigar entre si. Cada "povo" falava o seu próprio linguajar. Para mais, os europeus não possuíam petróleo, o que os tornava dependentes da América.
Eu - E o que tenho eu a ver com isso?
Kautsky:
És mesmo estúpido! Ouve e cala-te. Quando a América se apercebe que a Europa se encaminha para a unidade económica e política zanga-se. O FMI começa a olhar a Europa e a voltar o traseiro para os EUA. A Europa cresce  reunindo nações ou espécie disso controladas pelos alemães acolitados pelos lacaios franceses. 
Eu - Diz-me qualquer coisa sobre Portugal que eu estou aqui estou a acordar.
Kautsky:
És mesmo estúpido! Ouve e cala-te. Portugal quando entra para o clube europeu muito disfarçado de espanhol.
Eu - Eh pá...
Kautsky:
És mesmo estúpido! Ouve e cala-te. O teu país saca o que pode e começa a dar-se bem. Essa Europa rica olhava para os portugueses como os portugueses olham os ciganos. (Atenção, só estou a comparar. Não sou racista e nada tenho contra os ciganos) Quando deram por si já vocês os tinham enrabado. Vocês com quase um milénio de anos a servir ingleses, espanhóis e franceses aprenderam os seus fracos e foram História fora sobrevivendo. Tornaram-se sábios, melhor dizendo, mestres na arte do comer fiado . Aquilo é que foi comerciar povos de África como se tratasse de mercadoria. Bem,  neste momento o que interessa é  olhar para o que quase ia acontecendo recentemente. se não tivessem matado o Hugo Chavez, limpado o sarampo ao Dominique Strauss Kahn e entalado o ex-primeiro-ministro José Sócrates, vocês portugueses seriam uma espécie de novos senhores da Baixa Europa 
Eu - No Paraíso há álcool? 
Kautsky:
És mesmo estúpido! Ouve e cala-te. O FMI com Strauss Kahn a olhar o lado social do capital, o Hugo Chavez senhor do quarto país mais rico em petróleo e o José Sócrates a infiltrar-se na Venezuela...
Eu - José Sócrates!!!
Kautsky:
És mesmo estúpido! Ouve e cala-te. José Sócrates é o primeiro político europeu do sul a obter uma maioria socialista. Faz dele um alvo dos americanos porque ao permitir que a Venezuela, antiamericana, encontre mercado europeu para o seu petróleo  torna-a  longe da tutela dos americanos. Sócrates é a favor da libertação dos povos sulamericanos a quem a América subjuga à força.  Sócrates vê o furo económico que a política internacional  oferece aos portugueses e alia-se a Chavez. "
Eu - Ah, ah! Em troca do petróleo levas o "magalhães".
Kautsky:
És mesmo estúpido! Ouve e cala-te. Sabes, por exemplo, o que significa Sines, estúpido? O "magalhães" era para disfarçar. A União Europeia através de Portugal viria a beneficiar com esta união entre vocês e o petróleo venezuelano. Portugal como intermediário encheria a mula, obviamente. Percebe-se que tanto Chavez, Strauss e Sócrates não passam de alvos a abater pelos seus adversários diretos: os americanos. Assim, o Presidente do FMI, futuro candidato socialista à Presidência da República Francesa, por se fazer a uma criada de quarto num hotel de Nova York foi algemado e preso em condições humilhantes. Toda a cena difundida pelo mundo inteiro de manhã à tarde e à noite. Logo, fim da tendência que conduziria o capital  do FMI para o bem estar social porque mataram o seu promotor. Depois, Chavez, voz libertadora de povos subjugados, um socialista e homem de esquerda, que respirava saúde mental e física, acaba por morrer inesperada e estranhamente. Maduro, seu sucessor, esclarece que a morte dele se deveu a ter sido assassinado. Finalmente Sócrates é preso numa encenação à americana, coisa nunca vista entre nós. Uns morrem fisicamente enquanto outros morrem politicamente É preso durante quase um ano. Até parecia que se esperava que tudo amainasse para o expulsar da prisão de Évora. Depois é solto vivo e tudo volta ao normal. Isto é, não mexas com os interesses da América senão levas tau-tau. 
Eu - Não acredito numa única palavra tua. Eu gosto da América do Jess James, da Marilyn Monroe, do James Dean, do Dean Martin, do Cassius Clay...
Kautsky:
És mesmo estúpido! Essa América já não existe! Bem, adeus, cá te espero.
Eu - Porra! 

quarta-feira, 14 de março de 2018

Se és político, magistrado (juiz ou procurador) corres o risco de ficares com o rabo de fora sobretudo na praça pública


Costumo ver uma série que passa na SIC Radical  designada de BOSS. Passa alta noite, logo deve ser  vista por pouca gente. Os temas giram à volta de como um Mayor de Chicago gere os negócios camarários. São tantas as vigarices, a alta corrupção, assassinatos por encomenda e devassa da vida privada que eu até há pouco tempo julgava que aquilo era muito à americana, isto é, fantasioso o quanto baste para que fosse bem vendida no mercado da especialidade. Se um candidato político dá uma queca fora do casamento, está lixado. O opositor manda segui-lo e quer que sejam registados fotograficamente todos os passos. As fotos dos atos sexuais impróprios ou as escutas  são guardadas para mais tarde serem utilizados em momentos oportunos com o fito para destruir a imagem do adversário. Fica o desgraçado fora da corrida ou se insiste perde eleições. Em Portugal, à exceção  de coisas sexuais e de assassinatos de inimigos políticos (em tempos mataram o general Delgado a mando de não se sabe bem se foi do Mayor Salazar e mais tarde já em democracia a queda do avião de Sá Carneiro com ele dentro que  dizem ter sido uma encomenda. Aleives!) usam-se métodos parecidos. Damos conta de uma enorme salgalhada de informações atiradas sobre pessoas que são políticos ou foram. Só lhes restam os ossos tal é a sanha com que as notícias surgem da pé para a mão. Alguém imaginava que o super juiz Carlos Alexandre tinha pedido emprestado 10.000 euros (o que ele confirmou em sede de julgamento) a um ex-procurador do Ministério Público acusado (ainda não condenado) de estar metido em trafulhices que o levaram a prisão preventiva que depois passou a prisão domiciliária. Mas como é? Como é que se soube deste empréstimo que um Juiz de Direito recebeu de um amigo agora suspeito de crime gravoso que manchará a Justiça Portuguesa se se vier a provar que de facto o procurador do Ministério Público borrou a pintura ? Como é que um acordo de cavalheiros feito nos interior dos seus lares salta para a praça pública? Isto, penso eu, deve ter  como finalidade degradar ainda mais a imagem da Justiça Portuguesa. Imaginemos, se até os juízes têm a sua vida reservada e privada em dossiers esquisitos como não estaremos todos nós nesses mesmos dossiers? Quem está a recolher dados íntimos e pessoais de meio mundo? Isso não se faz a um cristão! É que ninguém escapa neste esfrangalhar da vida de uma pessoa que num dia é respeitável e temido para no outro ser motivo de gozo ou escárnio. Ainda os OCS não tinham acabado de publicar as palavras  do juiz Carlos Alexandre como testemunha de defesa do magistrado acusado de corrupção já estava na praça pública uma outra descoberta que visava mentiras de um adjuvante de Rui Rio. Meteram o nariz em tudo. Até em cartas escritas à mão e que estavam guardadas foram fotografadas e viajaram pelas televisões. Que vida é esta? Que a Santa Irmã Lúcia (que está sendo esquecida) nos valha e vele por nós nesta sangria de vidas. Para terminar: se és importante cuida-te pois andam atrás de ti e não é para te assediarem, mas sim para te lixarem, perdão foderem. 


sábado, 10 de março de 2018

Quanta da floresta portuguesa vai arder no próximo ano? Haverá vítimas mortais?

Dos três milhões e duzentos mil hectares que o país possui de floresta, arderam no ano transato cerca de duzentos mil. Por pouco não ardia dez por cento do nosso parque florestal. As associações humanitárias, as empresas adstritas contratualizadas  a cargo da fiscalização da Proteção Civil, os nossos abnegados Bombeiros Portugueses, e outras instituições anónimas, etc, todos prestaram um enorme serviço às vítimas. Vimos através de  boas reportagens televisivas como o fogo se torna imparável. Nem na América a força do fogo florestal obedece aos poderosos instrumentos e meios  de combate aos incêndios de que os americanos se servem nessa luta. Nem também o Canadá, outro poderoso país em termos económicos, consegue debelar o mal com os instrumentos que possui. O fogo não dá hipóteses. Estes dois países, por exemplo, possuem planos prévios de emergência no escoamento e salvamento das populações que poderão hipoteticamente vir a ser afetadas. Não foi o nosso caso. Não passava pela cabeça dos responsáveis políticos e dos homens que tinham responsabilidades de combate aos fogos que  populares pudessem perecer horrorosamente por causa dos incêndios que todos os anos nos atormentam. Pensaram, naturalmente, digo eu, que o povo habituado a carências e "especializado-experienciado" em incêndios não se ia deixar queimar, (todos os anos quem mais dá a cara pela luta contra o fogo são os populares, logo, deviam ter experiência para não serem apanhados pelas labaredas...). Aquilo é um tal pegar em baldes de água. Coisa pouca, pelos vistos, para se defenderem, pois a devastação de floresta e pomares é uma realidade. Somos confrontados todos os anos com esse inferno. O que veio alterar o modo de encarar o que se passou em 2017 foi a feitura de uma legislação do tipo placebo. Sabemos que qualquer  intervenção a nível de oralidade política, que possa vir a ser materializada no terreno, não vai resolver para já os fogos que sistematicamente têm lugar nos verões. Pode vir a dar frutos mas num futuro a médio prazo. Legislaram para mortos ou ausentes. Legislaram para donos de terras anónimos. Dentro desta confusão, algumas Juntas de Freguesia entraram em ebulição porque aparecer no boneco a podar laranjeiras pode dar votos... Criticar é fácil! É o que eu estou a fazer. O que não podemos deixar de questionar é se de facto os responsáveis políticos,  (agora) muito bem  falantes, possuem em estudo um plano de fuga e evacuação que permita salvar vidas que estarão expostas às intempéries e catástrofes, como foi o caso de muitos portugueses de todas as idades vítimas do sistema (ou maneira de ser à portuguesa). Morreu-se ao passar por  estradas que estavam envolvidas  nas duas margens por chamas assassinas. Morreu-se por fugir e morreu-se por ter ficado em casa. Assim que houver um foco de incêndio detetado deve o Estado de imediato informar as populações circundantes para que estas se ponham a salvo. As populações têm de ser avisadas mesmo que haja possibilidade de pânico. Pode dar bronca se não se estiver nessa atitude. Mais vale fugir em pânico do que morrer à leitão.