quinta-feira, 27 de maio de 2021

DO CENTRO-DIREITA AO CENTRO-ESQUERDA. A MINHA PIEDOSA AVÓ ANGELINA DO CARMO TINHA UMA GRANDE PREOCUPAÇÃO COM O CENTRO DE MESA DE JANTAR. MAL ACABAVA A REFEIÇÃO EMBONECRAVA-A COM UM JARRO DE FLORES. NUNCA PERCEBI PARA QUE SERVIA TANTO ESMERO. E ATÉ HOJE!

 


Depois de enfeitar o centro de mesa de jantar com um buquê  de flores, minha avó mandava fechar as bandas de dentro das janelas. A sala de jantar ficava às escuras até nova refeição. As Rosas-do-Japão que às vezes eram colocadas no jarro e que eu gostava muito de as olhar nas árvores metia-me pena vê-las assim tão  longe do sol e do vento. Nesta vida, havia e ainda há, muitas coisas que não percebo. Centros de mesa, centros-políticos e por que usam as mulheres bonitas sapatos apertados que lhes deformam os pés.  Deixemos de parte a floricultura e a podologia de parte e viajemos pelo centro-político. Não sei o que é, por isso vou inventar e atirar coisas ou palavras para este blogue e que nada têm a ver com o que dizem os compêndios. Entendo que a esquerda "íntegra" é aquela que tal como um livro sagrado diz tintim por tintim como é que o homem social deve proceder. No que diz respeito à direita "divinizada" é fácil encontrar o também livro sagrado que a orienta e sustenta. A esquerda é (mal comparando) como a marabunta em passando - mesmo em passeio - devora tudo menos aos seus elementos. Fica tudo depois de atuar num formigueiro. São tudo formigas! A direita (mal comparando) é como viver  num ofício religioso onde um ser divino que não se consegue ver mas que está presente é representado por um quase par divino que interpreta tudo. Isto é, a sabedoria é espalhada de cima para baixo. Em baixo estão multidões cegas e ignaras e que só passam a ver e a pensar quando o embaixador do divino e seus colaboradores lhes fazem ver e sentir o mundo à volta. Quer dizer, estes obedecem com o fito de viverem uma sociedade perfeita, enquanto aqueles é que impõem as regras a si mesmos também aspirando uma sociedade perfeita. Dizem que no meio é que está a virtude. Porra, o centro? Quer dizer, então que os políticos que optam pelo centro cambados para a esquerda ou para a direita são virtuosos? Trata-se de uma forma de expressão. Serve para - diga-se em abono da verdade (possível) - comer dos dois lados. Resumindo: os esquerdas como os direitas só comem de um dos lados. Os que optam por serem cambados aparecem com nenhum dos lados da ideologia (peço perdão pelo termo) direitos. Nem a perna da direita está direita nem a perna da esquerda está direita. São os políticos cambados. São os tortos. Como hoje em dia são quase todos cambados já ninguém estranha. Poderão ser designados de cambados de esquerda ou cambados de direita? Podem, mas acontece (dizem) que a política é a arte do possível, logo ser cambado de esquerda ou de direita passa a ser substituído por centro-esquerda e centro-direita. Por exemplo, o dr. Rui Rio afirmou-se centro-esquerda à entrada do MEL. E eu a pensar que o PSD era um cambado de direita. Afinal é um cambado de esquerda. Mas, ora bolas, não é também o Partido Socialista um cambado de esquerda? Para que fui meter-me em confusões. 


quinta-feira, 6 de maio de 2021

PORTUGAL 2021

 


sábado, 24 de abril de 2021

O 25 DE NOVEMBRO DE 1975 E A INTERVENÇÃO DA CIA. UMA CABALA ESTRANHAMENTE NÃO PUBLICADA

 

Quando a Revolução dos Cravos guinou para a esquerda do tipo soviético, já os americanos estavam instalados em Portugal. Quer dizer, os seus serviços de informação já se encontravam a trabalhar em defesa do Mundo Livre. A  CIA, uma central  internacional de informações, mais do que qualquer outra instituição do género, acompanhava espiando minuto a minuto o que se passava cá dentro. Primeiro do que ninguém, os americanos sabiam que para além da rutura entre militares dominantes (uns de esquerda marxista outros democráticos) se preparava um golpe dirigido pelo Partido Comunista Português para tomar o poder político e militar. A CIA, depois de  captar a notícia, entra em contato  com socialistas e militares de abril - adversários da luta de classes - e propõe-se para os  ajudar logisticamente no contragolpe cedendo-lhes toda a prova incriminatória e localização de futuras ações. Nessa altura já o Partido Socialista estava de boas relações com a CIA através do embaixador americano Frank Carlucci (Conselheiro Nacional de Segurança um dos obreiros daquela central de informações e mais tarde Secretário de Defesa no consulado de Reagan). Para este contragolpe a CIA não consegue arranjar armas mas orienta a parte civil envolvida com os militares moderados para a ação. Mais tarde um dos civis socialistas envolvido nela foi apanhado pela GNR transportando armas. Esteve preso pelo menos seis meses até que fosse libertado por quem de direito... A CIA desapareceu do cenário como se nada tivesse sido com ela. Para, naturalmente, manter a imagem limpa dos americanos... que nunca se envolvem em golpes ou contragolpes de países suspeitos de esquerdismo...  Carlucci, ex-agente da CIA,  embaixador em Portugal, permaneceu no cargo até 1978. Tornou-se amigo do dr. Mário Soares. Lembro-me de estar no aeroporto Lisboa/Humberto Delgado e de ver Mário Soares e Manuel Alegre à espera de Carlucci. Muitos abraços e a Civilização Ocidental salvou-se dos comunas soviéticos, derrotados no terreno por intermédio da CIA e de alguns militares arrependidos. Chamo a atenção para o termo arrependidos porque assistiram impávidos, serenos e cúmplices ao assalto de propriedades, bancos, seguradores, etc.  sem sequer condenar publicamente esses crimes cometidos por camaradas seus e que estiveram quase a levar-nos para uma nova guerra civil.  Esta peça teatral que teve nas suas catacumbas um agente da CIA, não foi totalmente do seu jeito. É que em 1976, foi aprovada pela Assembleia Constituinte a nova Constituição Portuguesa (obra do Partido Comunista Português) e que fundamentalmente apontava para a construção do socialismo. O Partido Comunista apesar de ter saído derrotado no terreno em novembro de 1975, acabou por esbofetear a direita, os americanizados  e os americanos propriamente ditos e tudo isto porque é dele a autoria de querer fazer dos portugueses e das suas cabeças verdadeiros socialistas. Só o CDS de Freitas do Amaral não votou tal "impropério" . Ainda durou uns bons anos essa tendência escrita para a esquerda. Ninguém passou cartão à Constituição nem ao que ela preconizava. Tornou-se um hábito interpretá-la de pernas para o ar. Quando começaram a entrar pela fronteira biliões de euros, então o País dos portugueses voltou ao que era. Porém, com carro à porta e casa a prestações. 

Nota final: Até à aproximação de Mário Soares à CIA, através do seu relacionamento com Carlucci, os americanos apoiavam a Frente de Libertação dos Açores, baluarte da direita assumida que se impos frontalmente como inimiga da sovietização de Portugal. Dirigentes independentistas eram recebidos no State Department com todo o "respeito  que os americano prestam aos seus aliados". Claro, depois de dominarem Portugal, dito continente, os Açores deixaram de ser para eles uma questão prioritária. Os Açores e Portugal foram tornados por eles peça única. E assim permanecem para o bem e para o mal...


terça-feira, 13 de abril de 2021

"O DESCALABRO DAS INSTITUIÇÕES VAI FAZER COM QUE O PRÓXIMO PRESIDENTE DA REPÚBLICA SEJA UM GENERAL" AFIRMOU PLOTINO BENTO-VILA AO NOSSO REPÓRTER

 


PRESSPORTUGAL:

Que aguarela faz da situação política?

PLOTINO BENTO-VILA:

No atual estádio, o  País parece estar desarrumado ou está mesmo, as  instituições e os seus principais agentes não suportam o grau de liberdade dos meios de comunicação social que os põe a nu tanto no comportamento legal das suas atividades profissionais como no que diz respeito à sua vida privada.  Os que alcançaram o poder após a revolta de 1974 alteraram as leis gerais tendo estas não acompanhado as mentalidades criadas pela anterior conjuntura caracterizada por uma falta propositada de cultura e de espírito crítico. Este atual regime foi alimentado e apoiado do exterior e cegou-se. Ficou-se pelo viver hoje, amanhã logo se vê.

PRESSPORTUGAL:

Desarrumado como?

Os portugueses não respeitam as leis e os agentes da lei atuam como lobos. Agentes da lei não são só os polícias, note-se e ressalve-se. É que apesar de também estarem a contas com os tribunais muitos policiais, há os outros agentes de órgãos de soberania que ajudaram a derrubar aquela imagem sagrada do Estado respeitado e senhor de si. Enfim, um Estado que metia medo e que passou a ser entendido como uma grande pia onde chafurda uma raça cruzada entre o lobo do Capuchinho Vermelho e a Bruxa Má da Branca de Neve e os Sete Anões. Depois há certos sintomas que dão a entender estarem os órgãos de soberania  numa luta fratricida que vem desde que a Justiça começou a querer libertar-se dos canais clássicos que a emparelhavam com outros órgãos. O exemplo mais vivo do que digo foi o processo Operação Marquês, onde a Justiça atuou sem qualquer freio. Para já não falar do muito melindroso assalto a Tancos que se Deus não acode chegava ao Presidente da República. É um modo de atuar que só encontra paralelo  num regime a degradar-se dia após dia. Quer dizer, o regime neste momento está à nora. Com o avanço da pandemia verificou-se um vazio na articulação das instituições. Tipo cada um por si. Para se pôr ordem, respeito e arranjar um chefe verdadeiro  que fosse obedecido foi preciso ir buscar um militar. Será um indício de que alguma coisa irá mudar? Uma necessidade imensa de um regulamento mínimo para se ter uma vida política e económica saudável?

PRESSPORTUGAL:

Mudar de um regime democrático para um mais musculado do tipo espanhol? 

PLOTINO BENTO-VILA:

Não direi tanto, a Espanha, neste momento, intervalou o franquismo com a democracia. O que penso é que para arrepiar caminho à possível bagunça que nos espreita e para sossegar as massas antes que estas façam disparates motivadas por uma Igreja descontente e com prejuízos nas caixas das esmolas, há que começar por reorganizar a ação política levando à Presidência da República um oficial general a sério. Percebeu?

PRESSPORTUGAL:

Não tem nada a dizer no aspeto económico; da bucha que está para chegar?

PLOTINO BENTO-VILA;

Sei de economia o que leio nos jornais e o que meu Avô da Vila me contava. Isto é, andam já por aí uns grandolas a preparar esquemas para meter a mão nos dinheiros alemães (só podiam ser deles). O que vai fazer do Portugal miúdo o mesmo de sempre: pobre, de mão estendida e com políticos reciclados a fazer-lhe a cabeça. Autoestradas e rotundas deram muito dinheiro, como também não pescar, não cultivar (os tomateiros foram as primeiras vítimas). Depois, os bancos por onde entra e sai o dinheiro que o Estado pede emprestado à UE e que espalha entre os seus, resolveram (os bancos) empurrar os políticos para uma situação nova, torná-los construtores civis. Daí que pobre  sem eira nem beira se tornou "dono" do apartamentinho . Quer dizer, proprietário "à la long". Uma coisa que o chupou ou chupa durante uns bons quarenta anos. Representa os sacrifícios   de qualquer família. Já me estão a falhar coisas dessa área. A não ser a corrupção que há entre políticos e construtores civis (ditos empresários) e vice-versa que é quando eles entram para o governo, eu de economia só sei que para além de ter de pagar as estradas tenho ainda de pagar portagem se quiser andar nas mesmas. Fora toda a malha de impostos e taxas que mesmo sem me mover tenho de pagar, eu para entender economia só a tributária. 

PRESSPORTUGAL:

Esqueceu o que o seu avô contava!

PLOTINO BENTO-VILA:

É segredo! Meu avô disse para guardar só para mim. 



 





quinta-feira, 8 de abril de 2021

JÁ ESTAMOS BARALHADOS! AFINAL QUEM IRÁ SER JULGADO?

 

A "OPERAÇÃO MARQUÊS " afinal está aí para julgar o ex-primeiro-ministro José Sócrates  (e outros) ou o próprio Ministério Público? Teria sido Sócrates corrompido ou os investigadores oficiais ultrapassaram o que a lei prevê no que diz respeito aos direitos e garantias do cidadão contemplados  na Constituição? Qualquer que seja o veredicto do juiz Ivo Rosa, o que de futuro se prevê é de que o Ministério Público ficará separado dos juízes de instrução para sempre. Juízes  e Procuradores vão,  a partir de agora , estar de costas voltadas. Os Procuradores passarão a observar se estão a ser respeitados rigorosa e legalmente nos processos de inquirição a recolha de indícios acusatórios a fim de evitar ser "repreendido" pelo Juiz de Instrução . Logo, quando o resultado das investigações policiais supervisionado pelo Ministério Público for apresentado ao Juiz de Instrução este está livre de qualquer envolvimento pessoal. Coisa que ainda hoje é motivo de apreensão a quem está imbuído do espírito que rege os Direitos Universais do Homem. 

Nota: a palavra PRESSPORTUGAL foi originalmente apresentada pelo criador deste blogue. A partir de certa altura outros foram-na utilizando coisa que estranhamos e lamentamos profundamente. Afinal onde ficam os Direitos de Autor?

domingo, 31 de janeiro de 2021

EM CONFINAMENTO COM UMA MAÇÃ ...


 

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

AS MANHÃS NA TEVÊ, EM CERTAS ALTURAS É DE FUGIR. A RTP1 É UMA EXCEÇÃO...

 



Assistir às  manhãs de tevê em certas alturas era como ir à missa obrigatoriamente e ouvir  o ministro de Deus a falar na língua do Império Romano. Quem está preso em casa com ou sem pulseira eletrónica se se quiser entreter tem várias opções pela frente. Uma delas é ver televisão.  Ou levamos pelas fuças com a diarreia  de tiroteios americanos ou com as  estopadas recriadas a papel químico de programas de bisbilhotice e assassinatos. Quem vê uma vê a outra. Há um programa na SIC N que ouço com interesse: "Opinião Pública "e isto quando a jornalista Atalaya permite ouvir o público em vez dos sábios que ela convida para botarem figura. Hoje tive o azar de ligar a televisão mais cedo para ouvir o noticiário e dei de caras com o acostumado pedido dos casais apresentadores que enfeitam o programa e que  nos convidam a telefonar. Porra, e telefonem, e telefonem, e telefonem que dá  saúde e sua vida vai ser um céu aberto de alegria. Mal liguei para a tvi, uma dupla gemendo e pedindo para se telefonar encabecava o programa,  carreguei logo no botão  (acho que se diz zapping) e logo outra dupla pedinchando na mesma cadência  (SIC) surgiu com cara de sem-abrigo após receber um abraço do Presidente de todos nós. Outra vez!, lá mudei de canal outra vez e fui parar à  RTP1. Oh pá!, dei de caras com um Fred Astaire e uma Ginger Rogers tão toscos e aos pulos que me fizeram rir até às lágrimas.  O apresentador com saltos do tipo dos que certos mamíferos dão de galho em galho ria alarvemente. Ora bem, já ganhei o dia.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

MÁRIO SOARES: DOIS SOPAPOS NA MARINHA GRANDE ELEGERAM-NO PRESIDENTE.



Vejo perplexo as imagens televisivas de um candidato presidencial a ser apedrejado numa ação de campanha. Os manifestantes não aprenderam nada com o debate Tino de Rãs versus André Ventura em que aquele oferece  ao seu opositor, a meio do frente-a-frente, quatro pedras (da calçada?) num gesto simbólico.  Ventura agradece e recolhe a pedraria. Fico ciente de que  a atitude do candidatoTino (Vitorino Silva) em nada contribuiu para que André subisse o seu score eleitoral. Já  com a violência de hoje, vou pensar (como muitos) que sempre que haja vitimização os vitimários saem sempre a perder e muito mal frente à opinião pública. Neste caso, tratar-se-á certamente do eleitorado. É fácil e lógico pensar-se assim. Até hoje as manifestações contra adversários políticos têm sido realizadas dentro dos limites civilizados. De repente, deparámos com atitudes impróprias de um Estado de Direito. Trata-se de ato criminoso, o que obriga à intervenção das forças da ordem. Procure-se a causa. A meu ver deparo-me à partida com duas. Retirar subsídios estatais a quem não trabalha. Segundo,  a grande publicidade com que os meios de comunicação social iniciaram esta campanha, dando a entender com parcialidade e empolamento que Ventura era uma espécie de Diabo ao contrário da santa extrema-esquerda que como todos sabemos têm como ideólogos grandes genocidas.  Esta extrema-esquerda que se apresenta às eleições composta pelo Bloco e PCP e mais a candidata ex-MRPP tem sido paparicada pela comunicação social de uma forma escandalosa. Esta atitude acicata os ânimos da população e depois é o que se vê.  A União Europeia que nos pôs de cócoras é uma grande democracia burguesa  orientada por uma economia de mercado. Nem o Chega persecutório nem a nossa esquerda golpista têm enquadramento  no atual cenário europeu. A maioria do eleitorado português é centrista. Não tem no seu ADN  vocação nem tendências extremadas. Este centralismo nacional dá de comer a milhões de portugueses e não creio que nenhuma das extremidades atrás referidas venham melhorar as coisas. Trata-se de uma atitude reacionária e burguesa? Com certeza! Estar na União Europeia apregoando estalinismos encapotados e maoismos cheirando a social-democracias não nos levará a grandes melhorias. Vem aí dinheiros fresquinhos qual pimenta da Índia,  há que abrir o bico como os borrachos. E boca calada por causa das coisas...


segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

RESPOSTA AO COMENTÁRIO DO FILÓSOFO LUÍS BASTOS, PROFESSOR NO LICEU ANTERO DE QUENTAL JÁ A SEGUIR.

 

Diário da Condessa Zewings encontrado por acaso no quarto do mordomo e que este posteriormente vendeu ao Barão das C.......  O Barão trocou-o por uma reportagem com uma jornalista de revista cor-de-rosa com o propósito de esta o promover socialmente.

"1 de Outubro  1975

Hoje fui jantar a casa da Marquesa, a Mavitó, como gosta que eu a trate. Depois de uma refeição tipicamente micaelense composta de morcela com ananás, queijo de cabra fresco  confecionado nas suas cozinhas acompanhados por um excelente Moêt & Chandon Dom Pérignon de 1961, galinha rosada com batatas alguns mariscos e mais uns petiscos que mal toquei saímos da grande sala de jantar belissimamente decorada e a gosto. Cores em pastel predominantes. Dei conta de três grandes espelhos com molduras douradas. O teto recheado com molduras de gesso ao estilo das antigas casas senhoriais francesas.  Pinturas, julgo ter visto um Toulouse-Lautrec bem lá no fundo da sala. Deixei passar o espanto não me fossem julgar uma tansa qualquer. Serve numa aflição pois há sempre mercado para estes monstros sagrados. Nos tempos de hoje nunca se sabe o que é nosso e o que é da plebe que este Estado protege no roubo da propriedade sagrada. Parece que estamos vivendo sob a orientação de um tal Proudhon que ensinou esta cambada a apropriar-se do alheio. Por onde anda a palavra de Cristo? "Ama o teu próximo como a ti mesmo." E o Papa sempre muito calado com medo que lhe vão às pratas. Enfim, depois fomos para a biblioteca. A Mavitó chamou a esta divisão assim, mas não tinha muitos livros. Manias. Aqui tomámos um belo café, mistura do de São Tomé com o de Angola. Naturalmente restos do antigo império. Apesar de ter comido pouco o jantar pesou-me no estômago. Coisas regionais: coisas da FLA a que ela aderiu. Segundo me disseram, pois da boca dela pouco tinha adiantado até ali. Depois do café, em vez de um bom Cognac, lá tive de bebericar uma horrível aguardente da terra. Coisas da Mavitó assumindo um açorianismo inusitado! Acabada de beber esta zurrapa, um sujeitinho com um linguajar esquisito começou a dedilhar a musiquinha regional, a Sapateia, numa viola da terra. Quando entrei em casa da Mavitó, ela apresentou-mo mas achei-o insignificante, e não lhe dei importância. Só muito depois é que soube que ele e ela tinham um caso aéreo, do tipo Romeu e Julieta com mofo. Estou a ser mazinha, é que depois de o ouvir declamar poesia em francês, troquei de ideias. Baudelaire foi o autor privilegiado a quem depois retratou numa ótima preleção.   Uma coisa veio interromper esta sessão de poesia musicada, o padre da paróquia que vinha conversar com a senhora Marquesa. Depois dos cumprimentos em Cristo da praxe, o Padre começou logo a seguir de ter emborcado dois cálices grandes de aguardente a expor ao que vinha. O comunismo tinha tomado conta de Portugal. Era preciso travá-lo quanto antes. O guitarrista e antigo televisivo estremeceu. Naturalmente lembrou-se dos jeitos que deu ao Estado Novo. Depois do senhor Padre ter descrito o que os malvados comunistas estavam a fazer no Continente de repente deu-lhe para falar na FLA. Que sim, que era uma organização que surgiu como milagre para defender os princípios da civilização cristã e que atuava secretamente como os antigos e perseguidos cristãos. Disse até que havia flás escondidos em catacumbas onde se preparavam para atuar em nome de Deus. A Mavitó entusiasmou-se a tal ponto que se prestou a transformar o  seu solar numa catacumba. Eu comecei a ficar preocupada. No meu casarão, não consinto que se escave. Mas estou com eles na defesa da Civilização Ocidental. O guitarrista começou a declamar os versos da sua obra intitulada Sapateia Açoriana. Versos de expulsão dos agora invasores de ideias. Mal acabou de a cantar ouviram-se  todos em uníssono e em grito: ei-lo o novo Presidente da República dos Açores Unidos. O ex-televisivo agradeceu mas depois tornou-se muito corado. As mãos tremiam. Até chorou quando a Mavitó lhe lembrou dos presos do 6 de Junho. Meu bem, disse ela para o seu Romeu-poeta mas não guerreiro, estarei sempre a teu lado, mas será conveniente a partir de agora que te escondas. Onde?, perguntou o atónico nomeado temporão Presidente. Para bem longe da paróquia, disse o pároco. Vai para a tua ilha, disse eu num repente de que me arrependi. O guitarrista-académico gemendo disse: quero ser enterrado em Coimbra que eu já vi tudo. Foi quando a Mavitó lhe fez lembrar o frio que lá fazia. "

Continua. 

  

sábado, 16 de janeiro de 2021

CONDESSA, CONVERSAS: CONCLUSÃO.

 


PRESSPORTUGAL:

Senhora Condessa, que me diz de Salazar e do Estado Novo?

CONDESSA:

O que vou dizer não vai ser entendido senão daqui a umas boas dezenas de anos, ou mesmo centenas. Preste bem atenção porque só vou contar factos. Em termos estritamente políticos, Salazar foi um dos grandes políticos portugueses, se não foi o maior em meu entender anda por lá perto. Chefiava um governo autocrático, com certeza. Por exemplo, comparando-o com Dom Afonso IV, Dom João II, Dom João IV, Marquês de Pombal e vou parar por aqui, acho que ele governou sem necessidade de matar com as suas próprias mãos portugueses adversários tal como o fizeram essas grandes figuras históricas. As suas mãos ainda cheiram ao sangue das vítimas: Inês de Castro, Duque de Viseu, Miguel de Vasconcelos, os Távoras. 

PRESSPORTUGAL:

Perdão Condessa, e a PIDE que até matou um escultor por ser opositor ao regime? Além de outros assassinatos? Não contam?

CONDESSA:

Opositor comunista! Se os comunistas  apanhassem o Salazar não o transformariam em carne picada para os porcos? Claro que sim! O que a PIDE fez não se desculpa. Como também não se desculpa o que a polícia dos estrangeiros...

PRESSPORTUGAL:
SEF!

CONDESSA:

Isso! Repare que essa polícia matou sem motivos políticos. Um  verdadeiro horror. Continuando: repare como era Salazar : Naturalmente quem conhece factos passados, hoje em dia, sabe que ele nomeou opositores ao Estado Novo para o seu próprio governo. Coisa que estes governos autodenominados de democráticos não fazem. Por exemplo, o Prof. Adriano Moreira foi preso por ter sido defensor de uma família que acusara um ministro poderoso do regime de ter sido cúmplice do assassinato do seu familiar. A acusação implicou de imediato crime contra a segurança do Estado. Adriano Moreira e a mulher da pessoa que tinha sido assassinada foram condenados e presos tendo ficado hospedados na famosa cadeia do Aljube. Adriano Moreira era opositor político de Salazar, para que conste. Por coincidência, também lá na cadeia se encontrava o dr. Mário Soares. Uma festa! Repare que depois deste episódio, Salazar convidou o Prof. Adriano Moreira para secretário de Estado e mais tarde para Ministro do Ultramar. Salazar transformou Portugal numa potência em que a unidade do Estado era um objetivo de muito peso.

PRESSPORTUGAL:

Os partidos políticos estavam proibidos... e depois houve a Guerra Colonial, onde a juventude morreu por nada.

CONDESSA.

Partidos políticos, uma coisa medonha! Passam a vida a falar mal uns dos outros. Ainda esta semana o Primeiro-Ministro acusou políticos portugueses de falarem mal de Portugal. Onde é que isto vai parar? Quanto à morte de jovens em África, eu naquela altura,  porque sou católica apostólica romana, acreditei que era o dever dos portugueses marcharem para a guerra. Isso deveu-se em grande parte porque o Cardeal Cerejeira abençoava os nossos soldados antes de partirem, e eu achei que ele, que representa Deus na Terra mas na parte de Portugal pois é delegado do Papa, estava em sintonia com Ele, Deus Nosso Senhor.

PRESSPORTUGAL:

Não acha que foi criminoso essa bênção da parte de Cerejeira pois foi cúmplice de Salazar e dos ultras (que enchiam o papo à custa da guerra) na morte de 10.000 (dez mil) rapazes. 

CONDESSA:

Criminoso?, não acho. Talvez o Cardeal  tivesse percebido mal o que Deus lhe disse para fazer. O Cardeal já tinha a sua idade e ouvir bem não era o seu forte. Que Deus o tenha junto a si. Ele estava sempre bem disposto. Devia ter sido Papa. 

PRESSPORTUGAL:

Para terminar, o que acha a senhora Condessa do Milagre de Fátima?

CONDESSA:

Em primeiro lugar, uma grande honra termos sido distinguidos com a visita da Mãe de Deus ao nosso País. Depois, Ela ter falado diretamente a três pastorinhos que para além de pobrezinhos eram analfabetos. Souberam transmitir palavra por palavra o que a Senhora de Branco lhes dissera. Eram muito inteligentes embora um pouco toscos. Isso para mim é outro milagre. Outra parte do milagre foi o facto de eles terem referido a Rússia, terra do pecado e da destruição dos santinhos da nossa  religião verdadeira. Sempre que posso dou uma saltada a Fátima para lá rezar e pagar promessas. Em geral é em dinheiro vivo que o faço. As velas são muito pesadas. Ah, evito ir nos dias dos peregrinos! É muita confusão e pouca higiene.  O passeio até lá também me dá muito prazer. Peço sempre ao Joaquim (motorista) que vá devagar para aproveitar a paisagem.

PRESSPORTUGAL:
Desculpe interromper. E quanto ao sol ter dado umas curvas no "13 de Maio" ?

CONDESSA:

Meu caro senhor, milhares de testemunhas idóneas observaram esse fenómeno. Peregrinos e fiéis que assistiram ao poder de Deus. Um poder divino que até mexe com os astros e os planetas. Gostaria de perguntar a Galileu: e agora, já acreditas? Acha que os Papas se iam incomodar a vir a Fátima se não fosse um grande milagre verdadeiro que até transporta muito ouro para o Vaticano e que serve para manter a Igreja de Cristo luminosa que nem mil sois.

Fim



sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

DONA MARGARIDA VIOLANTE DE SOUZA E ZEWINGS RECEBEU-NOS NA VETUSTA SALA DOS LIVROS



 PRESSPORTUGAL:

Como a devo tratar?

DONA MARGARIDA:

Trate-me de Condessa!

PRESSPORTUGAL:

Obrigado por nos conceder esta troca de impressões, senhora Condessa. Vou lançar a primeira questão. Depois da Revolução dos Cravos a senhora abandonou Portugal. Não se sentia segura?

CONDESSA:

Primeiro, aquilo não foi uma revolução de cravos. O que eu assisti foi a uma cambada de piolhosos, guedelhudos e barbudos que me entrou na propriedade de família e tudo alambazou ou destruiu. Até as minhas vaquinhas, Holstein-Frísia, que eram a menina dos olhos do Conde, Meu Pai, se foram devoradas por aquela chusma ignara. Depois, com os berros daqueles seres animalizados de morte ao fascismo e gritos de terra a quem a trabalha, eu não abandonei o país, eu fugi com a roupa que tinha no corpo e o que me valeu foram os diamantes e joias que levei comigo nas algibeiras do meu casaco de lã de foca que usava quando ia esquiar. A insegurança era o clima daqueles anos de setenta e quatro e setenta e cinco. 

PRESSPORTUGAL:

E quanto ao senhor Conde, também fugiu?

CONDESSA:

Nos primeiros tempos do comunismo democrático não conseguiu fugir, mas mal soube da prisão de trezentos amigos e colaboradores seus escondeu-se durante muito tempo numa quinta que tínhamos no norte do país. Depois, aproveitando uma aberta, deu o salto para Espanha tendo depois aparecido no Brasil, onde morreu devido a um ataque cardíaco. 

PRESSPORTUGAL:

Quando a senhora Condessa se apercebeu que estava a ser invadida por que razão não chamou a Guarda? 

CONDESSA:

Então o senhor  não sabe que o saque a que fui sujeita por aqueles energúmenos tinha como uma espécie de guarda-costas uns seres que estavam fardados de militares do tipo daquela ralé que se escusou a cumprir o dever sagrado  de servir a pátria.

PRESSPORTUGAL:

Quando as coisas acalmaram, a senhora Condessa não foi ressarcida pelo Estado?

CONDESSA:

Muito pouco, nada que se comparasse com o verdadeiro e real valor do que nos foi surripiado.

PRESSPORTUGAL:

A senhora não acha que se tivesse havido uma maior justiça social da qual o Antigo Regime era devedor que não teria havido a revolução que acabou por trazer melhoria de vida às populações esquecidas e bastante carentes?

CONDESSA:

Sabe, os pobres deviam ter menos filhos. Uma prole imensa aumenta-lhes a pobreza. Que culpa temos nós que eles se comportem como os coelhos e depois não tenham cenouras para os manter vivos? 

PRESSPORTUGAL:

Senhora Condessa, se me permite dizer, é que há uma política para que eles se reproduzam a fim de se poder manter o índice demográfico. Os grandes senhores sabem que quantos mais filhos os pobres conseguirem ter, melhor para eles, porque um  excesso de oferta de mão-de-obra  fá-los pagar muito menos. Pois como se sabe quando há escassez de mão-de-obra os patrões queixam-se por ter de pagar mais. Ficam furibundos quando têm de contribuir para uma melhor justiça social.

CONDESSA:

Alto aí! Não meta nisso a política. Nunca eu nem os meus incentivamos a plebe para se reproduzir como as ratazanas. A Igreja é que os têm industriado de tal modo que é pecado quando a copla não confere com os cânones bíblicos. Isso é gente desvairada e depois somos nós quem tem de pagar  esses dislates amorosos incontidos.

PRESSPORTUGAL:

Se não fosse esse crescimento populacional a senhora Condessa não teria tantos empregados para todos o serviço. As chamadas criadas de dentro e de fora, jardineiros, rapaz de voltas, motorista, palafreneiro, etc.

CONDESSA:

Sim, são necessários! Mas e o que não custa educá-los! Só Deus sabe. Minha Avó paterna usava um chicote para as ter aperreadas e domesticadas. Velhos tempos que já não voltam. Agora, quando quero despedir alguém estou sujeita a pagar indemnizações e multas. Ao que isto chegou! Imagine que quando chega a hora de saírem se não saem a tempo eu tenho de lhes pagar as horas extraordinárias. Repito: ao que isto chegou! Ao que isto chegou! 

PRESSPORTUGAL:

Passados estes anos todos, considera-se adaptada ao regime democrático vigente?

CONDESSA:

No outro tempo eu dedicava parte do meu tempo e em conjunto com amigas minhas a praticar o bem. Íamos a casa dos pobrezinhos e fornecíamos-lhes alguns bens alimentares, palavras de conforto e de esperança. Éramos pessoas arrojadas pois ingenuamente quando com elas contatávamos corríamos o risco de pegar alguma doença de que os pobres são useiros e vezeiros. Hoje em dia, já me deixei disso pois o Estado dá-lhes cama, mesa e subsídio sem lhes exigir nada de troca. Dizem para aí que metade dos portugueses que trabalha é que sustenta a outra metade, que não faz nada e que se regala com o dinheiro dos nossos impostos. Eu acho isso um verdadeiro horror.

PRESSPORTUGAL:

A senhora Condessa alguma vez trabalhou ou teve alguma ocupação em que fosse paga?

CONDESSA:

Ainda mais? Tenho de estar sempre em cima desta gente que me serve para que tudo corra impecavelmente. Não suporto desmazelos nem faltas de educação. Imagine que na última sexta-feira eu dei um jantar a um diplomata pessoa interessantíssima, que me tinha ajudado na fuga que já referi,  e não é que o prato principal estava atrasado porque as idiotas estiveram de namoro na cozinha. Já viu o que são preocupações! O que salvou a situação foram os aperitivos e uma ótima conversa que versou sobre  genealogia. Foi muito interessante chegarmos à conclusão que éramos ainda parentes. Olhe, bebemos um mítico branco Buçaco 2013. Bem, na verdade, foram duas garrafas. É que não se encontram primos destes todos os dias. Não acha interessante?

PRESSPORTUGAL:

Muito mesmo! A senhora Condessa por acaso não tem aí uma 2013 à mão de semear?

Esta conversa continua amanhã.



sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

O ELEITORÓFILO

 


sábado, 2 de janeiro de 2021

DOIS DEBATES POLÍTICOS QUE SAIRAM AGORA MESMO DO FORNO. ANÁLISE... a seguir

 


Primeiro debate na RTP

Marisa Matias deputada em exercício e candidata: - Boa noite! (Atira a cabeça para trás das costas e para a frente para mostrar a bonita cabeleira).

Canditato Presidente a Presidente : - Como candidato acumulando o en(cargo) de já ser Presidente não posso responder à  sua saudação.  O Presidente pode vir a ser mal interpretado. Contudo devo dizer que não me importava de votar na Marisa se fosse caso disso.

Marisa Matias : - Desculpe, eu já em si não votava. Não leve a mal.

Moderador para Marisa : -  Posso saber das razões da sua tomada de posição? 

Marisa Matias : - Sou vegetariana!


Segundo debate na TVI24

André Ventura candidato presidenciavel e deputado do partido único. Melhor dizendo, único deputado de um partido único no Parlamento : - o Lenine mandou matar 20 milhões de russos. Não  negue João Ferreira!

João  Ferreira deputado europeu encarregue  pelo PCP de fazer papel de embrulho : - Falso! Para ser rigoroso perante os espetadores diga o nome e a morada das vítimas.

André Ventura: - Os nomes e moradas desses desgraçados estão guardados juntamente com os ficheiros da PIDE e que foram levados para Moscovo pelos bolcheviques portugueses logo após o 25 de Abril. 

Plotino Bento-Vila escreve sem estar sujeito a qualquer acordo ortográfico ou político.