segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Dizem que há um general na prisão e outras coisas do Portugal Louco

As notícias sobre a prisão de um general das Forças Armadas, as jantaradas no Panteão, as reportagens sobre espancamentos  inclusive a de agentes policiais e as de elementos da Guarda Nacional Republicana, a invasão da bactéria Legionella, a violência  à porta de estabelecimentos de diversão nocturna são - como se costuma dizer - o que está a dar. 
a)
A situação do general é algo assombroso. Não há notícia - que eu saiba - que até hoje se  tivesse aplicado a medida de prisão preventiva a um oficial general das Forças Armadas pela simples  acusação  de corrupção. E digo simples porque se trata de coisas de caserna relativas a "comes e bebes". As Forças Armadas estão a ser constantemente  feridas de morte após o 25 de Abril e isso nota-se pela descaracterização a que estão sujeitas através da ação dos que têm dirigido a política nacional. Temos militares em todos os palcos de guerra deste planeta enquanto cá dentro "não servem para nada". Acabada a Guerra Colonial ei-las a fazer cobertura a provocações levadas a cabo pelas América e Inglaterra a povos cujo crime é possuir petróleo. Não teria havido no Código Penal uma saída, isto é, uma interpretação como a de acusação aguardando julgamento em liberdade? Não é assim que a Justiça Democrática costuma interpretar a Constituição em casos que não oferecem perigosidade e perturbação social? O último "estripador" de polícias que perturba pacíficos cidadãos depois de ter espancado pela quinta vez agentes policiais foi levado à Justiça Portuguesa tendo ficado a aguardar julgamento em liberdade. Imaginemos que a Justiça Portuguesa aplicava a prisão preventiva a um bispo da nossa Igreja Católica por ter utilizado canais ilegais para transportar para Roma dinheiro à revelia da Autoridade Tributária? Não me parece que houvesse um Juiz de Instrução que não lesse o código senão pela ranhura do "aguarda julgamento em liberdade". As beatas e Nossa Senhora de Fátima, grande angariadora de fundos, de certo não gostariam, o que poderia ser interpretado como perturbação social...

b)
As jantaradas no Panteão são uma norma. Além de estarem autorizadas as festas naquele recinto por despacho de Ministério  ou Secretaria de Estado de Cultura são uma maneira de realizar algum (capital). No Panteão encontram-se os ossos de portugueses que se distinguiram em diversas atividades como por exemplo, desporto, música, poesia, descobertas marítimas, política, etc. Houve quem só agora se apercebesse do despautério que era comes e bebes acompanhados pelas charangas convidadas para o efeito ao lado dos que depois de desaparecer "se foram da lei da morte libertando" . Vejamos o seguinte: quantas pessoas tem em suas casas as cinzas dos seus antepassados? Muitas! No entanto, não deixam de comer, beber, fornicar, fazer a barba, etc. É tudo uma questão de estômago e de sensibilidade. Qual era o problema de estarmos num banquete e termos a uns metros de distância os ossos de Vasco da Gama? Ossos antigos... No entanto, no Panteão, estão pessoas que ainda há pouco tempo ouvimos e aplaudimos. Aqui é que a coisa pode ferir suscetibilidades. Há que respeitar! Por isso, depois deste levante todo, há que salvaguardar certos espaços para negócios. Não há é pachorra para ficarmos mais um mês ou dois a ouvir gemer constantemente pelo leite derramado. Safa!

c)
Os espancamentos na via pública vão obrigar a que meia dúzia de políticos intervenham a quente, o que dará origem a alterações da lei. Não dá para prender - como estão a pedir alguns inconscientes - os que se "defendam" fisicamente de agentes de autoridade. E isto porque poderá atribuir às Forças Policiais um poder quase absoluto, pois bastaria uma simples acusação para que fossem para a cadeia a aguardar julgamento aqueles que os polícias indicassem. Num Estado de Direito as polícias devem estar preparadas para a prevenção e não para a repressão. Para isso é  necessário mudar os treinos a que estão sujeitos os agentes. Desarmar um agressor e manietá-lo é obrigação de um agente bem preparado. Ver polícias a jogar ao boxe na via pública com energúmenos, bem, só em Portugal.

d)

Invasão de bactérias: Não passa pela cabeça de ninguém que enquanto se está a combater este flagelo epidémico que mata os mais fragilizados esteja uma caterva de idiotas, com tempo de antena, a fazer acusações sem credibilidade que só servem para criar um clima de medo generalizado. Até o ministro da tutela dos hospitais de tão apertado pelas más línguas veio pedir desculpa. Desculpa de quê?  Há fogo! Demita-se a ministra. Há Legionella em Vila Franca de Xira! Demita-se o ministro do Ambiente (no caso Jorge Moreira da Silva-2014). Há Legionella no Hospital de São Francisco! Demita-se o ministro da Saúde. Quer dizer, os ministros estão sujeitos a serem demitidos consoante se as bactérias preferem este ou aquele pedaço de terra. Mas que pedaço! 

e)
Há zonas de Lisboa em certas horas que não convém atravessar ou pensar ficar lá um tempinho. Há gente violenta pronta a espancar por dá cá aquela palha. Não há morro em Lisboa como os há no Rio de Janeiro onde quem manda é marginal, mas há planície onde se mata impunemente. O jovem açoriano que desapareceu à porta de um estabelecimento de diversão nocturna, há um ano, leva-nos a pensar em vingadores da noite. O Estado não está ainda capaz de dar resposta a uma  violência generalizada e constante. As várias instituições do Estado estão numa do cada um por si. Peço desculpa ou demito-me! É o que está a dar...


domingo, 5 de novembro de 2017

O que aconteceria se os jornalistas resolvessem fazer greve indeterminada?

Sem hipótese de usar os Meios de Comunicação Social  que papel estaria reservado às instituições? Afogar-se-iam? Criariam meios próprios...

                                            XXX

Não é fácil imaginar o que seria. A informação circularia, quando muito, através das redes sociais. As investigações judiciais/policiais e as sentenças dos tribunais, por exemplo, estariam abafadas até que os novos "rede-jornalistas" conseguissem publicar os esclarecimentos das "autoridades". Este tipo de jornalismo atafulharia e entupiria os novos canais de informação, porque haveria mais destes "videojornalistas" por metro quadrado que ovas de esturjão do Mar Negro. O desinteresse instalar-se-ia. Sem videos da violência quotidiana (que é o que mais vende) a informação cairia no desinteresse geral. Sem um jornalismo "condicionado" pelas redações afetas a este ou aquele grupo económico e político desapareceriam os comentadores. Sem relatos de futebol que empolam os mitos humanos lá se iam os milhões que circulam pelos futebóis. As atuais estrelas do desporto valeriam meia dose de pó de anjo quando muito. Os políticos teriam de descer permanentemente à rua para falarem cara a cara com aqueles a quem mentem nos actos eleitorais para se manter nos seus "empregos". Caso contrário cairiam no anonimato. Sem intermediários qualificados ideologicamente como são os jornalistas de hoje, a moda retornaria para as mãos dos alfaiates e costureiras desconhecidas. As modelos rebolantes que ficam famosas a transportar trapos e cedas ficariam tão isoladas do social que para sobreviver teriam de fazer horas extras fora das passadeiras. Os párocos do púlpito e a mando dos seus bispos restaurariam o poder de programar mentes servíveis do alto. O acto sexual regrediria na prática aos primórdios e as mulheres perderiam o ar atual de satisfação que conquistaram à custa do remeter as leis da Bíblia para o calhau dos bikinis. A Felicia Cabrita serviria hambúrgeres nos intervalos da sua atividade de caçadora de cabeças poderosas. Os paparazzi morreriam de fome e a apanha de um rabo de fora de fêmea-figura-pública não valeria mais do que uma vela de oráculo da Cova de Iria. O "sexta às 9" e a nossa Sandra Felgueiras nunca mais mexiam na caixa de Pandora. Sem jornalistas para interpretar a realidade, seríamos incapazes de pensar. Não haveria factos e sem factos o cérebro vegeta. Sem jornalismo a DECO passaria a bater de porta em porta à procura de queixas domésticas. Sem jornalistas as polícias nem um camundongo apanhariam de dia. Sem jornalistas que fazem parte do trabalho policial os agentes teriam de vir para a rua (o que não era mau) e não estariam  refastelados à espera de queixas e de telefonemas aflitivos. Sem jornalistas o INEM não passaria de um carro funerário. Sem jornalistas a floresta nunca arderia mais do que 6 hectares. Sem jornalistas ninguém seria preso por corrupção nem o BES e outros bancos implodiriam. Sem jornalistas nunca teríamos assistido a prisões em direto de políticos ordenadas por magistrados mediáticos nem teríamos acompanhado também em direto à prisão de um deputado enquanto "trabalhava" na Assembleia da República. Sem  jornalistas (Gustavo Sampaio, verbi gratia) nunca ficaríamos a saber que o Parlamento Português acoita um grupo de corruptos que fez perder milhões de euros ao Estado em contratos criminosos. Sem jornalistas não sairíamos da Idade da Pedra. Sem jornalistas não teriam desaparecido armas dos quartéis. Sem jornalistas alguns inocentes apodreceriam nas cadeias. Sem jornalistas nunca saberíamos onde se encontraria o nosso querido e beijocas Presidente. Sem jornalistas nunca saberíamos que quem manda nos preços da energia são uns capangas que até acagaçam os governos. Sem os jornalistas nunca saberíamos quem esconde dinheiro nas offshores e foge aos impostos. Sem jornalistas nunca nos passaria pela cabeça que há uma justiça para pobres e outra para ricos. Sem jornalistas a sociedade é uma caca. O videojornalismo, hoje, alimenta em grande parte o jornalismo que se vende pelas estações televisivas porém não se trata de um jornalismo propriamente dito que investigue. É fruto do acaso. Sem jornalismo tudo ficaria isolado. Os jornalistas ainda não perceberam o que representam nem o poder que têm na sociedade moderna. Quando um dia se separarem das instituições - que ainda por cima não os respeitam - uma nova filosofia de vida formará novas mentalidades. É o futuro!