paulo rehouve: como classifica o mandado de detenção emanado pelo juiz de instrução carlos alexandre a duarte lima?
varett: em primeiro lugar, que os tribunais como órgão de soberania são independentes do poder político, o que é de realçar; em segundo lugar, foi um acto suicída na medida em que ele iria despotelar um tsunami. aquele acto não passa de um ar que lhe deu, para não dizer outra coisa.
pr: pode concretizar?
v: o assalto ao bpn, segundo as informações oficiais, montam a 6.ooo.ooo.ooo de euros. eu espero um pouco para que você conte os zeros. desse montante a dívida de duarte lima pela qual ele se encontra em prisão preventiva representa qualquer coisa como 0,5 por cento do total em falta. se cada golpista fosse preso por quantia igual ao de lima tínhamos neste momento em cana - digo em prisão - duzentos dignitários. um momento que vou fazer contas de cabeça para não ser como o totinho do guterres. depois de uns segundos... sim é isso. aliás já existe um desses em fuga que até era conselheiro de estado e que só à sua conta, julgo saber, via ocs, fisgou cerca de 54.000.000. o dinheiro que está na banca fala e muito. tanto é assim que se fica a saber o seu rasto logo que os magistrados assim o desejem.
pr: acha que há assim tantos?
v: claro!
pr: mas até agora só sabemos de meia dúzia. e os outros?
v: meu caro, neste momento, os órgãos de polícia criminal já sabem de tudo. estão é a administrar a coisa para não dar uma imagem no estrangeiro de que somos uma república da américa do sul de segundo extrato em bananas.
pr: mas isso significa que afinal os tribunais não são completamente livres como disse no começo da nossa conversa.
v: não há ninguém completamente livre. além disso os tribunais têm a sua própria política e esta muitas vezes coloca o interesse do estado em primeiro plano. a prisão de duarte lima não passa de certo modo de uma encenação. a ver vamos.
pr: afinal não há justiça!
v: repare só nisto. se a questão do bpn for levada até ao fim pelos tribunais, teríamos um mega julgamento sete vezes mais moroso do que foi o da casa pia.
pr: acredita nisso? e aonde nos levaria tal julgamento?
v: para além dos que fossem apanhados nas malhas da lei quanto ao desaparecimento do dinheiro , havia que enviar pedidos de comparência a muitos outros que não sendo propriamente suspeitos estariam na mira das autoridades como testemunhas. e aqui é que a coisa iria ficar feia. sabemos que cavaco silva ganhou milhares de euros na compra e venda de acções do bpn. além disso este negócio teve como intermediário o sr. dr. oliveira e costa, hoje preso preventivamente , e que na altura estava à frente da grande fraude. depois, todos os que ganharam dinheiro com as mesmas acções. a filha de cavaco silva também ganhou algum com acções. também iria ser chamada como testemunha. todos os que pediram dinheiro emprestado ao banco teriam de ser convocados para prestarem depoimentos. bom, parece-me que metade dos habitantes de lisboa estariam entre os convocados para testemunharem. não vai dar em nada. isto aqui é portugal terra da severa, do malhoa e da santa da ladeira que fez mais milagres do que a irmã lúcia, a das visões anti união soviética.
pr: mudemos de assunto. que acha da afirmação da presidente da assembleia da república quando disse na entrevista ao jornal público em resposta a esta pergunta: defende uns estados unidos da europa? sim, sim. não tenho medo de o dizer.
v: penso que a senhora ex-juiz do tribunal constitucional e actual sucessora de jaime gama parecia estar um todo nada com os copos. como ela é presidente da assembleia dos políticos portugueses e para não me foder, devo acrescentar que no caso de estar bebida estaria dentro dos limites que a lei permite. ela segue a lei à risca, tanto é assim que aos 39 anos já disponha de uma reformazita do estado . a senhora presidente desconhece - por ignorância histórica e antropológica - quem são os europeus. os europeus com quem nós nos associámos economicamente são uns grandes filhos de puta. tratam-nos (aos meridionais) como pretos dizendo-se não serem racistas. destroem a nossa economia para nos transformarem em seus clientes. recebem-nos como trabalhadores e só. reduzem-nos - quando para a terra deles emigramos - a espaços determinados. por exemplo, em frança na década de sessenta eram nos bidonvilles (uma espécie de pátio de porco) que nos metiam. o que a senhora presidente disse, dizem as provicianas trasmudadas em suburbanas que vão todas as semanas à cabeleireira. nós, porque fomos educados a servir, quando recebemos os loiros cagadela de pinto, tratamos a eles como senhores. está-nos no sangue. a alguns, certamente. já me custa, como açoriano que sou, a olhar a bandeira portuguesa pelos que alguns fizeram à pátria onde nasci e aprendi a olhar para valores nacionais como pontos altos do viver em comum. agora, estar disposto a cantar novo hino, isso nunca! não cantarei. ah, como gostaria, de a ouvir cantar o hino dos estados unidos da europa no cadeirão onde senta o seu minúsculo traseiro e de onde dirige os trabalhos dos representantes do povo europeu. perdão, perdão, português. está, paulo? oh diabo, pegou no sono. quem o manda voltar a entrevistar-me.
manuelmbento
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