quinta-feira, 1 de novembro de 2012

a igreja, o "futebol" e a trupe que se acoplou lucrativamente no estado

no portugal democrático o povo viu construir à sua volta a verdadeira (quanto possível) descentralização. não há aldeia, monte ou canada em que não se vislumbre uma ermida ou uma igreja. à volta dela pode-se encontrar um campo de futebol e logo ali ao lado uma sede de clube.  e o estado não dá sinais de si? em 38 anos, o estado para não perder "o controlo das massas" multiplicou-se como caganitas de pombas de lisboa que as autoridades e algumas boas almas estão a levar à extinção. como? criou juntas de freguesias (mais do que as havia), assembleias de freguesias, e, ah, tesoureiros de freguesia! este modelo de organizar o interior e o longínquo do país daria bons resultados não fosse o povo português de um atraso tremendo (atraso em relação à europa culta de que ilusóriamente faz parte). não estou a culpar o povo nem as "autoridades" de tal constatação. mas que é um facto o que vou dizer lá isso é. experimente retirar o pároco de uma freguesia e veja-se o movimento contestatário que nasce como as urtigas. o povo até ameaça limpar o cebo ao bispo da diocese respectiva se não lhe devolverem o seu querido cura para as acções dramáticas  do teatro dominical com sede no altares. no lúdico quando não há equipa de futebol aquele instala-se em bandas de música. brigam os músicos por clubismo. vai lá um homem explicar o porquê. quando o futebol se enraíza a briga dos músicos e associados decai de intensidade. o futebol arrebata a raiva, invejas e perturbações introspectivas. há que controlá-lo. foi fácil: os partidos políticos investiram no futebol e lá colocaram os seus agentes secretos umas vezes e de cara ao léu noutras. as juntas de freguesia também foram tomadas pelos agentes partidários, pois interesses imensos por lá transitam. o povo que é sábio para adivinhar chuva, mas que é burro quanto ao resto não petiscou nada e foi manipulado umas vezes pelos caciques outros pelos sacerdotes que lhe cuidam da alma desde que é parido até à extrema unção. as juntas de freguesia para além de disporem de dinheiros para "obras" locais acabaram por dar emprego e vencimentos a certos eleitos. entregou-se ao povo a possibilidade de ele poder reter para si a capacidade de se autogerir. como? através do voto livre. incapaz de pensar por si, logo apareceram os mentores que lhe impigiram orientações e directrizes comportamentais. estes três organismos que devian estar à sua disposição acabaram por o armadilhar e aprisioná-lo. é domesticado no racional pela igreja ou igrejas. na reacção comportamental física, o "desporto" serve-lhe de açaime. na barriga tem as migalhas que lhe são distribuídas parcimoniosamente pelos sete sábios que se instalaram na cadeira do poder. quer dizer que aquilo que o poderia tornar senhor do seu destino é afinal o garrote com que o torna numa comborça oferecida. aqueles que se dedicam ao estudo destas teias reconhecem que se torna impossível descentralizar dado que sem uma cultura cívica interiorizada o povo será sempre uma manada conduzida por cowboys ou coroneis. hoje, discute-se a revisão constitucional. como será possível discuti-las nas bases se estas são o que acabei de retratar? sejamos verdadeiros! clero, nobreza e povo nunca deixaram de existir como classes. só que hoje, se designam de modo diferente. dirão alguns que certamente estarão contra: isso é reaccionário; pois até o povo se desloca em viatura própria. pois, pois... não há pachorra para mais!
manuelmelobento

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