segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

varett comenta questões colocadas pelo jornalista paulo rehouve


paulo rehouve:
parece - ao professor marcelo também - que os portugueses dariam ao senhor dr. passos coelho a maioria no parlamento se este fosse a votos novamente.
varett:
estes votos são de inspiração psicológica. as medidas draconianas que passos coelho implementa/impinge ao povo e que o empobrecerá ainda mais representam no fundo um dilema terrível: as massas só se sentem seguras quando por cima delas se encontra uma mão de ferro e por baixo actuam como os pobres que desconfiam quando a esmola é grande. habituados a serem pobres, os portugueses só tinham sonhos de casinha onde poderiam albergar a prole imensa. com a ocidentalização da revolução de abril não só a casinha foi conseguida como o carro e o emprego na área pública e/ou afins. agora, como era um povo desconfiado, as conquistas sociais pareceram-lhe falsas. enquanto nos países onde se deram revoluções do género os povos passaram a encarar o trabalho como o elo fundamental para desafiar o futuro, no nosso caso foi precisamente o contrário. as lutas reivindicativas e os sindicatos em vez de apontarem para mais produção logo melhores vencimentos, dirigiram os apetites para prémio sem esforço. as centrais sindicais nunca tiveram a menor ideia do que é o estado. os sindicatos desfazados da produção aniquilaram a criação de riqueza. os sindicatos são necessários quando colaboram com o progresso. ora, quando só pensam em regalias e não as equilibram com deveres, a sociedade entra em implosão.
paulo rehouve:
corre-se o risco de irmos ao encontro de uma sociedade autocrática onde os trabalhadores não terão quaisquer direitos.
varett:
precisamente! mas a culpa é do grande "ministério dos trabalhadores" que não teve ninguém à altura para os dirigir. os trabalhadores não podem estar desligados do entendimento da riqueza e de como ela é criada. tem de haver uma consciência de produção. isto de se dizer direitos e deveres sem uma discussão de entendimento com os empresários e até mesmo com o próprio estado não leva à cidadania. o trabalhador e o seu esforço têm de ser compreendidos pelo próprio enquadrados na percepção do lucro. numa empresa semi-falida o diálogo entre produção e trabalho nunca poderá ser o mesmo de uma empresa com grandes lucros. no mundo capitalista isso não pode existir.
paulo rehouve:
não daria origem a um leque de injustiças o facto de haver trabalhadores de primeira e outros de segunda categorias?
varett:
isso é inevitável. temos de falar verdade, actuar de verdade para obtermos como actuação uma sociedade verdadeira ou próximo dela. no mundo capitalista como aquele que está a minar actualmente a sociedade portuguesa, empresas deficitárias só as que ofereçam utilidade pública poderão subsistir. é a regra. não há que fugir. para dinimuir as diferenças e diluir as injustiças na produção há que contar com mediadores. e estes só poderão ser patrões e "sindicatos de produção".
paulo rehouve:
"sindicatos de produção"! carece de explicação.
varett:
fica para a próxima, tá?

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