paulo varett:
que lhe parece a comparação entre a dívida grega e a portuguesa?
varett:
se fosse um político português a colocar-me esta questão, certamente que lhe diria o seguinte: tenha dó. informe-se e reflita. a dívida da grécia não é a dívida da grécia. a dívida da grécia tanto quanto a nossa não são dívidas unilaterais. elas pertencem à união europeia. você imagina a dívida da califórnia não incluída na dívida dos estados unidos? os países pertencentes à ue perderam parte da sua soberania por um poder mais alto. este implica uma união política. repare-se que a ue tem um parlamento e uma comissão executiva. que as polícias (com execepão do reino unido) obedecem a um comando central (informe-se sobre a europol) o tribunal europeu é outra faceta de descentralização. já se encontra regulamentada legislação ambiente. para não falar na ausência de fronteiras que permitem o livre trânsito de mercadorias e de pessoas. na educação foram conseguidos progressos de uniformização de diplomas. existe uma política externa comum. claro que os países integrantes devem ser responsabilizados pelas suas dívidas. e se houve desmandos foi porque a ue não possuía meios de controlo imediato. veja-se que depois da descoberta da dívida da grécia todos os países puseram as barbas de molho. afinal, na eu, há países com dívidas enormes e maiores do que a da grécia. olhemos os casos da frança e da itália, para não irmos mais além. porque só agora se perseguem os gregos? porque não se investigou todos os países? havemos, mais dia menos dia de ficar a saber muito mais sobre as dívidas e as falcatruas de cada país. havemos de descobrir que certas economias foram pura e simplesmente destruídas porque não foram respeitados os princípios de equilíbrio de produção. os países menos "dotados" cumpriam à risca o regime de cotas o que lhes trouxe bastantes problemas de emprego e exportação. enquanto as suas economias atrofiavam as dos seus parceiros abonados florescia.
paulo rehouve:
qual a razão de não terem desconfiado e contestado?
varett:
porque lhes entrava muito dinheiro para os seus cofres públicos e a classe política não tinha qualificações de ordem prática para prever o que iria acontecer:
paulo rehouve:
e se a ue (união europeia: linda designação), melhor a alemanha insistir em continuar na política da ue a dois andamentos?
varett:
antes de lhe responder a esta questão, vou acabar o que estava a referir sobre métodos de produção dos países de economia restrita como o nosso, por exemplo. nós não possuímos mecanismos de intervenção que controlem os grandes. nem isso era possível. o contrário é o que acontece. ficamos sempre sujeitos. é a regra. e dentro do nosso espaço só poderemos ter voz aliando-nos a outros para fazermos grupo forte. mas mesmo esses não têm muito interesse em defender-nos porque isso os enfraqueceria. se alemanha persistir em querer amesquinhar o espírito da comunidade, acaba por ser ela a expulsa. a frança, a espanha e a inglaterra acabarão por isolá-la.
paulo rehouve:
isso corresponde a voltar à estaca zero.
varett
vai levar tempo, mas penso que sim.
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