segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

a nova terceira via económica: sindicatos de produção

a seguir: sindicatos de
produção

paulo rehouve:

antes de avançarmos noutras matérias, seria conveniente explicitar o que entende por sindicatos de produção.

varett:

não vai ser fácil ser-se sucinto nesta questão. vou tentar. começo por afirmar que o planeta onde vivemos não pertence a este ou àquele país por mais forte que seja. pelo menos moralmente. de repente surge na mente humana a preocupação pelo ambiente e subsequente condenação dos que o querem destruir para procurar riquezas. é facto que o território pertence aos que são mais fortes, porém, os mais fortes estão sujeitos a todo o tipo de necessidades. um simples vírus pode fazer com que um país dominador passe de um momento a outro a cliente hospitalar. uma guerra contra terceiros ou mesmo uma guerra civil pode surgir debaixo do pés. o capitalismo e o socialismo assentam arraiais hoje, para amanhã se suicidarem em seguida. é-se rico hoje, mas no amanhã talvez não se seja. tenho um emprego no estado. que bom! até morrer, se nada me acontecer de mal, tenho a vida garantida. oh diabo, já estão a apertar-me os calos e, segundo me dizem, a coisa vai acabar, melhor a segurança já era. sou dono de uma empresa florescente. sou rico. faço férias. oh que bom! não queres ver que os malandros dos estrangeiros estão a arruinar-me, pois estão a fabricar o mesmo que produzo melhor e mais barato. a minha empresa que estava tão bem passou a arranjar-me cabelos brancos. e ainda por cima os operários - a quem já não posso pagar os vencimentos - estão a apertar-me as miudezas. queres ver que o heraclito tinha razão quando disse: hoje meu, amanhã teu. não disse nada disso. foi parecido. pudera, o homem era filósofo. pois, pois! os pais batiam nos filhos. tempos houve até que tinham o poder de morte e de vida sobre toda a família. e hoje? basta uma chamada de um filho para a polícia a acusar os pais de "maus tratos educativos" para estes baterem com os costados na barra do tribunal. meninos, se me estão a ler até aqui, ainda vai levar mais algum tempo para introduzir os sindicatos de produção. em tudo é preciso uma ideologia. é o que eu pretendo oferecer. bom, agora vou jantar. já volto. se calhar. é que, com a minha idade, tudo pode acontecer. é que, de repente, se o ar não me entrar nos pulmões, já não posso fazer sexo ao saltos. se não pulo quer dizer que estarei mortíssimo. e logo hoje que é dia dos namorados?

paulo rehouve:

não acha que está a esticar demais a corda?

varett:

bem, vamos ao que interessa. a riqueza criada pelo homem é uma coisa e a riqueza que surge na natureza é outra. no entanto, elas têm de comum o facto de pertencerem a muito poucos. esses poucos para além da posse desses bens ainda conseguem que representantes do povo, mais tarde seus lacaios, legislem a seu favor, no sentido de tornar legal a apropriação de uma propriedade que é de todos por direito planetário. bolas, todos nós nascemos aqui na terra e dela somos filhos! a riqueza criada pelo homem não pode ser facilmente comparada a esta, no entanto, este tipo de riqueza desenvolve-se com a participação de muitos que a ela não têm direitos. sem os que dão início a este tipo de bem a riqueza não surgiria. em qualquer dos sistemas económicos (planificador ou de mercado) os empresários/empreendedores são uma peça basilar. para introduzir o novo conceito de "sindicatos de produção" torna-se necessário caracterizar o que é um sindicato. pode, em certos períodos históricos, dizer-se que se trata de uma instituição que defende os interesses dos trabalhadores em regimes capitalistas. como o faz? assenta no direito à greve uma vez não satisfeitas certas reivindicações. no caso português e a partir do 25 de abril de 1974 já houve centenas de acções grevistas. a acompanhá-las muita manifestação. cada sector de actividade puxava para si o direito de exigir o que pensava ser um direito seu. até a polícia portuguesa já se manifestou... estávamos na era cavaquista... as centrais sindicais - mais poderosas - rechearam-se de "trabalhadores de excelência", isto é, com empregos duradoiros, porque na maioria estavam adstritos à função pública (trezentos e trinta e quatro mil inscritos nas duas centrais sindicais) ou a ela combinados. não esquecer os reformados que são uma maioria assustadora e que é manipulada facilmente para a festa das manifestações. disse atrás que os sindicatos e os seus dirigentes não têm ideia de como funciona o estado. olham para ele como um grande empresário a abater. não se apercebem de que a derrocada do estado quem mais sofre é o povo, pois é a única maneira de este (povo) estar organizado de um modo mais global. pelo contrário, os sindicatos poderão dissolver-se ou crescer conforme o tipo de regime. no estado novo não faltavam sindicatos. e era através dele que aquele reprimia os trabalhadores. passemos aos sindicatos de produção: tudo se modifica, e por que não o modelo sindical? por que razão não se ouve falar de actividade sindical, por exemplo, na economia paralela? por que razão as actuais centrais sindicais só formam operários politizados e especializados em combater a riqueza criada em vez de os preparar para acompanharem a produção da mesma desde que ela começa a ser criada? por que não têm as centrais sindicais técnicos que se entrometam no tecido produtivo e que acompanhe o circuito do produto até à venda deste? e isto para que não haja surpresas de falência que apanha os trabalhadores e as finanças de surpresa. o empresário privado tem o direito de usufruir da riqueza que cria. tudo bem! só que essa riqueza tem de ser acompanhada por uma cultura sindical e por membros dos sindicatos que informem o público em geral de desvios que impliquem ilegalidades e fuga aos ditames da lei. se a lei é rigorosa para com os trabalhadores também deverá sê-la para com os criadores de riqueza. neste último caso o desequilíbrio é notório, pois enquanto o trabalhador é penalizado de imediato (fica desempregado no caso de falência ou deixa de receber salário) a entidade patronal vê o seu processo arrastar-se indefinidamente nos tribunais. os sindicatos de produção nem sequer terão de controlar a produção de riqueza. cabe-lhes estar de olho vivo em nome do interesse de todos. até porque poderão impedir que o descalabro das empresas tenham lugar já numa altura em que não haja retorno. para isso os operários terão de ter consciência do que fazem. para onde vai o produto do seu trabalho. terão de ter consciência de que sem eles não há estado nem sociedade. que não há escolas nem hospitais. já se pensou no que sucederia se os canalizadores percebessem que sem eles o descalabro social era muito maior do que dez "craches" na bolsa? e os pedreiros e os electricistas? que caos não seria se estes operários (e outros) percebessem do poder que detêm em suas mãos e paralizassem? eles não conhecem, de facto, o seu valor. cabe aos sindicatos formá-los tecnicamente no sentido de os formar-diplomar como quem forma um contabilista,um fiscal, um médico, um massagista, etc. os padres não se transformaram em padres-operários para melhor difundir a palavra do senhor deles? reformulem-se os sindicatos e tornem-nos numa escola de formação. a produção nos dias de hoje só é controlada pelo estado que por sua vez está controlado pelos grandes grupos que dominam o processo produtivo. isto tem de acabar. o estado falhou no controlo da produção. está à vista o resultado da sua ineficácia. não quero que os trabalhadores se apropiem das riquezas. isso já se experimentou. o resulatdo foi péssimo. o que se deseja é mudar o sistema e colocar no seu devido lugar os novos sindicatos. em vez de se perder tanta energia com manifestações e passeatas para justificar a existência de algumas chefias. qualquer pessoa sabe que o poder dos sindicatos portugueses já era; que as centrais sindicais actuais estão recheados de idosos e de burgueses empobrecidos mas com base de sobrevivência e que gostam de dar passeios pacíficos acompanhados por dolico-doces palavrões da ordem. onde paira a juventude violenta e reivindicativa que mete medo a todos e até à polícia? está, por enquanto, entretida e desempregada a provocar treinadores perdedores e jogadores noctívagos. eh pá, agora se percebe a razão porque o poder político investe na juventude desportiva e nos clubes. ora, então não é que enquanto eles queimam assentos dos estádios não estão a deitar fogo no parlamento...






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