quarta-feira, 25 de julho de 2012

a cabra da pomba deu-me sopa. grande vaca!


"si a tu ventana llega una paloma
trátala com cariño que es mi persona"

bem tratei de a convidar para entrar. mas ela nada! dava-me tanto jeito. tinha vindo da praia e fui directo ao duche. ai tão bom! nu, bem lavado e a enxugar-me ao de leve para ficar húmido. que mais queria ela? faço-lhe sinal, e ela nada! piu piu! e ela nada! estava a fazer-se cara o raio da persona. a canção espanhola a entrar-me pelas entranhas e eu a entesar-me. não com a pomba que dela cheirava-me a tampa, mas com as da praia. bem servidas de rabo e pernas a bailar-me por detrás e pela frente sempre descuidadas com o arrastar da areia. tinha levado como companhia um tal ribot, meu parceiro  do banho,  (o metafísico afonso tinha-se baldado) um chato que escreve em francês (pudera, é-o) e eu a tentar traduzir na minha imensa "insabedoria". tentativas a baixo que de repente umas coxas róseas tapam-me o sol. lembro-me do filósofo: desvia-te que me tiras o sol! de repente vejo-me com ela numa ilha deserta. ela a gritar por socorro. estava a afogar-se! como? se a água lhe dava pelos joelhos? agora não posso, estou com o ribot! e ela: mariconço! ouve ó sua parva, acabei agora mesmo de comer. querias? espera mais pela noitinha. e é se quiseres. ah, como gosto de ilhas desertas e misteriosas. o bicho que venha e é para quando o senhor tiver desejos. ah, querido estado novo! que saudades tenho da ditadura (ouçam seus palermas, eu estou a dormitar, tá?). sai da água que te resfrias. esta pomba põe-me doido! não entra nem voa. é uma empata! já sei! onde está a minha carteira? oh, estás aqui. bem, encurtando. saí... pagando está claro! quando regressei toca para o duche e foi mais um dia a encurtar-me a horizontalidade permanente que me espera. ai que bom que vai ser! e as setenta virgens? será que vale a pena converter-me? o catolicismo não me levará! essa de estar a eternidade a olhar para o criador tem alguma piada? eh pá, venham as virgens que um homem não é só feito de espírito!
manuelmelobento


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