quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

velhos e velhas, o estado e o mota que dá esmolas e que é ministro


experimente o leitor visitar alguns hospitais públicos em dias normais. o que vê? provavelmente doentes acamados nos corredores. uma cena horrorosa tirada do cu com um pauzinho para não dizer outra coisa. nunca em minha vida (sou apenas septuagenário e qualquer coisa mais) ouvi ministro ou secretário de estado a lamentar e a mandar fechar o hospital pelo que de escabroso acontece naqueles edifícios a que a maioria denomina de hospital. nunca ouvi responsável político pedir a intervenção do ministério público para pôr fim a uma das maiores vergonhas quais pestilências nos acompanham quando caímos na esfera do serviço nacional de saúde. há excepções? claro, ora porra! ainda o outro dia entrei de urgência no hospital de santa maria com uma cólica renal. roubaram-me logo à entrada 20 euros. depois enviaram-me para uma triagem. quem a fez? desconfiei que fosse médico. acertei, pois tratava-se de um labrego mal cheiroso que me colocou no braço um adesivo informativo à la pre-crematório e me indicou uma sala cheia de penosos e apáticos portugueses. como ninguém me chamou fugi daquela porra a sete pés e fui à minha vida. quanto aos 20 euros: filhos de uma puta, ficaram com eles, não devolvem. o que me salvou foram 4 litros de água que emborquei o que fez com que não fosse pregar um calote nos hospitais particulares que andam por aí como aranhas carnívoras. a porra da dor amainou e depois passou. foda-se, nunca mais! morrer por morrer prefiro morrer em casa. ouça seu ministro mota, eu desconto para a adse desde o tempo que salazar fodia a francesa que lhe veio tirar o desenho às partes. mamaram-me e mamam-me todos os meses descontos para esta organização e quando preciso dela, é o foda-se. bem, vamos ao que interessa. quando ouvi a intervenção do mota que é ministro da segurança social numa estação televisiva deu-me cá uma comichão que se eu pudesse atirava-lhe às fuças caca de pombo que frequenta a estátua de dom pedro IV. aquele pau de virar tripas estava todo empertigado porque num lar de velharias lá para os lados de azeitão uns queridos velhinhos passavam fome e eram maltratados. mandou logo actuar criminalmente contra os criminosos que com o seu comportamento faziam perigar a vida dos fósseis nacionais em fim de vida. ó seu cara de centrista epidémico, se você utilizar o mesmo método para todas as casas de fim de vida  que acolhem amostras humanas ficaria com  centenas de milhares de encardidos pelo tempo ao colo. onde os iria colocar? em são bento? no palácio de belém? no centro cultural de belém? o que você seu ministro a tempo certo devia fazer era apoiar os que metem velhos em cubículos sem condições para os explorar. explicando: o estado - porque foi assaltado pela corja que tomou conta dos seus negócios - não tem hipótese de cuidar dos seus idosos, logo devia apoiar quem procura proveito pela sua falta. como? formando os auxiliares que por ignorância tratam dos queridos velhinhos. ajudando monetariamente os proprietários na adaptação dos seus edifícios às condições que ele (estado) exige. para o turismo rural aquilo é que foi fartar! para coisas humanas e reais. está quieto que vou ali e já venho. se isto é governar, era embarcá-lo para belfast em dia de union jack. daqui a uns vinte anos havemos de ver o país transformado numa espécie de campo de concentração gerontológico. velhos e velhas a arrastarem-se penosamente para o forno de pão. isto de verão, pois de inverno ficarão caídos pelas ruas em putrefacção. não será assim, pois estou a exagerar. quanto aos velhos e velhas (grupo que   pertenço) e à sua desgraçada meta final, seria bom que fôssemos verdadeiros. por experiência própria assisti a uma cena à giovanni papini. era assim: uma senhora com 82 anos queixava-se gritando que a empregada que tomava conta dela  estava a apertar-lhe o pescoço. a mulher acusada pela velha ficava  com cara de fossa séptica depois de inspeccionada pela asae e, sem se poder defender, chorava. a filha da velha não acreditou porque suspeitou da atitude da mãe uma vez que esta não apresentava sinais de violência. eu assisti aos gritos da senhora que por acaso era minha tia-avó. a princípio fiquei na dúvida. porém, certo dia em que a fui visitar, a velha senhora começou a gritar quando me viu. dizia assim: demónio! tu és um demónio que me queres matar! felizmente a velha estava acompanhada pela filha que assistiu a tudo. quer dizer, se o mota das esmolas fosse autoridade na altura dos acontecimentos, lá estaria eu a contas com a justiça por ser um demónio que queria matar a minha tia-avó de quem eu não era herdeiro nem para qualquer coisa para aí chamado. os velhos são como as crianças; mentem quando querem e lhes dá jeito. no caso de azeitão, pareceu-me que as velhas que diziam passar fome estavam bem lavadas e anafadas. o fim de vida é chato, mas é preciso cuidado com a aproximação e apreciação destes fenómenos. eu, por exemplo, julguei que esta noite  estava instalado num lar e estava a ser abusado por uma empregada muito gorda que deitada por cima de mim me obrigava a fazer sexo oral. acordei aos gritos e a chamar pelo ministro. ó mota! ó mota! a minha vizinha ouviu os meus lancinantes berros e bateu-me à porta. vizinho! vizinho! o senhor está bem? estou querida vizinha. como a vizinha vive sozinha se quiser passar a noite ao pé de mim tem lugar aqui na minha cama. ora, o vizinho é um safado. velho nojento! vizinha eu estava lhe experimentando. a vizinha não vê a gabriela? eu quero-lhe usar e não sou coronel. faça-me essa esmola, querida vizinha! só se for hoje mas que não sirva de exemplo... eu quero um lar destes! querias!
manuelmelobento
septuagenário (contrariado)

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