segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

temos tudo para sermos europeus de segunda

não sei qual é o problema, mas o certo é que me custa pensar-me europeu. explico: quando por exemplo um norte-americano é questionado acerca da sua nacionalidade quer seja ariano, preto, amarelo, pink rose, etc e tal incluindo os chinocas, a resposta é "eu sou americano". puxa do passaporte orgulhoso ou medroso dependendo do paralelo onde se encontrar ou ainda se tal questão lhe for colocada  num voo tomado por piratas do ar com laivos religiosos. estou em paris e logo sinto-me como o gene kelly. vejo-me como um peixe fora da água mesmo que me dê para dançar. se der mais uns kilómetros ao acelerador fico encantado  com a gordura formosa das alemãs. ei, tu aí, queres dar uma volta ao bilhar grande? atchung! e lá vem merda. a gaja chama a polizei e pronto. para me safar da choldra lá terei de dizer na língua da sogra da princesa diana que estava a perguntar onde ficava a ermida mais próxima para orar a odin. aprendi com o 25 de abril que só havia uma raça humana, só que a moda não pegou e continua-se a dizer raça  negra, raça ariana, amarela e mais o que as polícias imprimem nos files secretos (certas organizações dizem latinos). não subo mais a norte porque faz um frio todo filho da puta,  apesar de as  mulheres serem muito brancas de inverno e cor de canela quando se espraiam na nossa edílica costa no verão não dá. a comida, o café, o convívio, a conversa, o sexo é tudo uma grande encomenda! na volta, quando me aproximo daquilo que salazar e os fascistas chamavam fronteira começo  a dar vivas com palminhas como as criancinhas da katrina. sim! sim! li os grandes escritores europeus que se ergueram sobre o pó dos quase inalcansáveis clássicos russos (como diria antero a eça) e fiquei mais sabido. li a transformação da filosofia clássica redigida pelos plagiadores encartados e acabei filosofando aos soluços. olhei à volta e só vi artistas, académicos, intelectuais, cientistas do tamanho da estátua de david a falarem em línguas cujos fonadores destruiram o império romano de quem descendo e me orgulho ao ponto de ter aprendido o latim que esqueci porque os meus neurónios beberam para esquecer já não me lembro de quê. os deuses que foram submetidos à aprovação dos ocidentais ( coisa que também tenho dificuldade em denominar-me) como o deus dos judeus a quem chamavam javé e sua mulher endeusada com o nome de maria tiveram honras monumentais. mais maria que javé e seu filho o nazareno, pois todas as catedrais não foram construídas senão para  honrar a mulher. por acaso dela nada se sabe. acho que era analfabeta e nunca pronunciou quando era viva uma única frase discreta para além das que diziam respeito aos cozinhados. estou desconfiado que os ocidentais (lá estou  eu a falsear) por uma questão de anti-semitismo preferiram endeusar maria em desconforto de javé e seu filho a quem também deram o nome de unigénito (que não sei o que é). parece que o que temos em comum com todos os povos da europa defendida pelo quase branco barroso é o euro que nos arrastou para este estádio. um estádio que se caracteriza por nos darem coisas para depois as tirarem. ficámos mais pobres? claro! e se nos propusermos pagar a falsa dívida que nos enfiaram pelos cornos abaixo, passaremos de pobres a miseráveis, mais ou menos como o hugo que também era vitor descrevia a sociedade do seu tempo. haverá mais alguma coisa que nos unifique e nos identifique para além do euro? talvez o natal? nem isso. não estou a ver os do norte a cear na base das sopas de caridade que proliferaram  por todas as cidades  do país este ano e que deram a entender onde estamos metidos e mantidos à força de uma política que falha no plano interno. julgo que esta política é desumana para muitos de nós e talvez por isso mesmo me custe afirmar-me europeu. talvez esteja a precisar de me converter. mas como, se não tenho fé nem nos deuses nem nos homens do comércio actual? será crime contra a constituição portuguesa não ter sentimento europeu? ninguém consultou o povo português para o efeito. foi nas costas dele que o tramaram? não, foi pela frente, dado que é um povo semi-analfabeto e pagão. assina com o dedo.
manuelmelobento

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