quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

quebrada a união entre a religião e o estado, a nação desorganiza-se

o exemplo mais próximo de nós encontra-se na destruição (não total)  da união entre estado e igreja que teve lugar na década de setenta, aquando do golpe militar de 25 de abril de 1974. sem o aval da igreja não havia poder político que se mantivesse. o mesmo é dizer-se que nenhum homem poderia ascender a cargo de importância política, no tempo do estado novo, se não cumprisse integralmente com as normas católicas (uma delas era a de tornar o acasalamento insolúvel, mesmo quando os parceiros não praticassem sexo entre eles, bem entendido). a igreja de roma tem assento no poder político português desde muito antes da  fundação da nacionalidade. mesmo apesar de dom afonso henriques ter ofendido o cardeal legado do papa com a nomeação de dom soleima. o documental faz constar sempre acordo com o papa e a igreja de roma para tomadas de posição político-religiosas. em portugal do antigamente e de hoje não há bispo nomeado de roma sem o consentimento do estado português. compreende-se, pois a igreja tem substituído o estado nas falhas deste que se distendem por obras que vão desde a caridade até ao ensino, passando pelo apoio psicológico e lúdico de populações esquecidas dos interesses da política e dos políticos. antes de o estado ter inventado as freguesias e os conselhos municipais, já a igreja tinha polvilhado o país com ermidas, igrejas e conventos. junto às catedrais, a igreja criou um modelo de formatação de cérebros. os académicos e tudo que por aí se passeava de intelectual não deixava nunca de ser o resultado de intensas imposições cerebrais de que resultou a criação de uma religião "indiscutível". para as gentes havia que transmitir-se uma espécie de paganismo encapotado que as tornasse obedientes sem necessidade de as tornar entendidas. tarefa inglória! para as elites: trindades unas, consubstanciação, "matéria" imaterial e ressurreição. esta última tornada doutrina base tanto para uns como para os outros. as universidades - todas elas religiosas - orientavam um dogmatismo impróprio para discussão por via das condenações à morte. colocar em causa a divindade (no caso específico de jesus) era colocar o poder político e religioso em perigo. daí que as condenações à morte pela igreja recebiam o aval do poder real  que contribuía com os gastos das "festividades" como sejam as fogueiras e decapitações. e emparelhava com todo o prazer. melhor dizendo, era impensável duvidar da existência de um deus incrustado de classíssismo greco-latino-judaico e temperado por um cristianismo conquistador. convém, dizer que o cristianismo  se torna conquistador porque afecta a maioria dos que sofrem e são injustiçados quer pela acção da religião (mais tarde igreja católica) quer  pela do estado. são a maioria e esta optimiza tudo à volta, o que força os poderosos a ligar-se-lhe para a dominar. no ocidente, a igreja comporta-se como o discurso oficial das mentes. e tudo o que mexe é por ela abafado. veja-se o que aconteceu com a invenção do natal. a igreja não contribuiu em nada para a data e festividades inerentes que arrastam multudões. mas tão depressa se apercebe do que representa em termos económicos e pagãos, ei-la a abocanhá-las para as dominar (na cova da iria, outro exemplo). o estado através dos seus representantes (umas vezes algozes outras papagaios) para não perder o esplendor que a igreja capitaliza acaba por entrar na festa botando discurso... ele é o de belém (próximo do ccb), ele é o balconista de são bento ex-massamá e outros da mesma representação a imitarem o bispo de lisboa, o senhor dom josef policarpo I: "boas festas, amor ao próximo e esperança no amanhã". só com uma diferença. o bispo de lisboa quer que todos fodam e tenham muitos filhos enquanto que os outros preparam o estado para os foder. apesar de mário soares ter-se esforçado para acabar com o acordo salazar-cerejeira/estado-igreja a coisa continua na mesma com algumas nuances para disfarçar o volume enorme  de interesses tanto de um como do outro. foi muito interessante ver-se os chefes políticos dirigirem-se à nação (que votou neles) com o símbolo nacional a enfeitá-los por detrás. já dom policarpo I apresentava-se ladeado de uma pequena estatueta do jesus em bébé, que só no século IV se tornou deus trino. eu confesso, que mais dia menos dia terei de alinhar com este grande império do entendimento. não estar por dentro é estar fora de modas. rematando: espero que a igreja tome conta deste país, nem que seja para lhe dar unidade. é que sem ela vamos todos pelo cano do esgoto. vou peregrinar até fátima na esperança de um milagre. milagre para portugal? não, para mim! avé, avé, avé maria... olha uma vaquinha! ah, enganei-me, é mais uma vaca (silvestre) de idanha-a-nova.
(texto com menos gralhas  depois de revisto)
manuelmelobento

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