segunda-feira, 12 de março de 2012

prof. medina e jornalista judite estão aqui estão em salto quântico numa rua de andrómeda


o que disse o professor?
- "portugal é um bairro das cantigas"
o professor medina carreira tem vindo a subir de cotação de todas as vezes que surge no programa de judite sousa. no princípio das suas intervenções cometi o erro de o achar fora do sítio. errei. o professor é um cientista em coisas de estudo económico. produz um discurso em termos matemáticos. claro, que às vezes torna-se caústico. o homem tem razão. ponto final. para mim portugal não passa de um engarrafamento de trânsito tendo como orientador um polícia de trânsito formado nas escolas do estado novo. gostaria de pegar nas palavras do professor e começar a abstrair à minha maneira. à parte do ganguismo - para não dizer gangsterismo - de que foram acusados alguns políticos que dirigiram o estado por outros que também lá estão bem assentes no poder (de mexer nos dinheiros públicos). à parte este pequeno pormenor, devo dizer que também tive acesso a números. estes dizem respeito ao organismo que vai dar o berro. melhor dizendo, que está na bancarrota. daqui a 3 meses o fundo de pensões vai reduzir para quase metade as contribuições a que está comprometido. falar claro: se recebes 1.000 euros vais ver que só te pagarão um pouco mais de 500 euros. e porquê? está escrito na contabilidade do organismo que superintende as caixas que já não há dinheiro e que o estado esgotou a sua capacidade para negociar mais empréstimos para este sector. ordens claras da troika. aliás, já foram divulgadas as normas que o mesmo organismo regulador financeiro tinha para este governo aplicar. esta medida só será travada se o governo de passos renegociar a dívida. nessa altura e só nessa altura cavaco silva irá salvar a máscara interferindo no sentido de obrigar o executivo a inverter a marcha suicida que nos levará a uma possível guerra civil. a reforma que passos está a querer realizar não é mais do que aquilo que caracterizou o começo do estado novo. só que salazar podia fazê-lo porque os compromissos do estado na área da segurança social eram nulos. só os funcionários públicos aspiravam à reforma e como se sabe eles só recebiam uns trocos. havia reformas no sector privado, mas só abarcava um número mínimo de privilegiados. a segurança social no tempo do bondoso ditador estava a cargo das misericórdias e na quantidade de filhos que os pobres "faziam" para assegurar um fim de vida digno. a fome era um hábito. hoje, a fome pode dar asneira já que os portugueses se convenceram que podiam fazer várias refeições ao dia. até as escolas foram transformadas em pastelarias e em restaurantes. ah, os portugueses até engordaram e é vê-los obesos e felizes a consumirem vorazmente nas grandes superfícies. os tempos são outros. salazar paralizou o país económico para estabelizar a vida. quer dizer. ele achou que a primeira república tinha gasto muito dinheiro com a educação (havia escolas superiores do magistério primário que salazar reduziu a um ensino medíocre que pouco contribuía para o crescimento mental dos portugueses. um ministro salazarento até afirmou que bastava a terceira classe para o povo macho...). o povo era pobre e pobre continuou. agora a coisa fia mais fino. passos quer fazer o mesmo e julga que pode fazê-lo escudando-se na troika. de facto, pode fazê-lo se tiver forças policiais a ajudá-lo na repressão. também, convém dizê-lo, sozinho não andará nas ruas porque já houve sinais que indicam ser perigoso. salazar manteve a miséria à custa da psp, da legião, da judiciária, da pide, da guarda nacional republicana, da guarda fiscal, de alguma facção militar e dos bufos que eram aos milhões. um costume muito dado a seres inferiores. refiro-me a bufos de ordem política, se me faço entender. ora, na altura, o grande sábio da economia organizou as finanças públicas em nove meses. salazar era de facto um homem muito grande. a seu lado o cardeal cerejeira - que navegava nesse mesmo mar, o da repressão aos trabalhadores e apoio à guerra - tinha a mesma credencial. o escudo (que era a nossa moeda) tornou-se uma das moedas mais fortes do mundo. isto é verdade. não estou a gozar. vejam só as medidas do governo de salazar e procurem relacionar com o de passos: o estado novo permitia que os portugueses do continente (os ilhéus foram transformados em escravos tecnicamente expressos que nem isso poderiam aspirar) fossem de salto para frança, alemanha e luxemburgo. o governo salazarista era tão sacana que sabia que eles iam fugidos e fechava os olhos, mas nem mesmo assim procurou defender os seus interesses criando serviços de apoio porque iria gastar dinheiro em mais repartições. salazar só via o lucro em divisas que entravam diariamente pela fronteira. esses milhões eram enviados pelos portugueses para os seus familiares. o banco de portugal transformava de imediato os francos e os marcos em escudos. salazar - grande incentivador da agricultura nacional - comprava o trigo à américa por dois escudos e cinquenta centavos o kilo para vender ao povo a quatro escudos e cinquenta. os pobres agricultores faliam porque não podiam apresentar preços tão competitivos. salazar comprou a companhia dos telefones aos portugueses e no dia seguinte aumentou o preço de vinte centavos por cada chamada. ofereceu monopólio aos grandes capitalistas (fugiram do país logo após o 25 de abril. alguns foram caçados e aprisionados) que dominavam o preço dos mercados. salazar transformou o estado num pátio das cantigas, isto é, numa grande merda, pois o estado salazarista só queria mamar. era tudo dentro. para fora nada. se uma pessoa entrasse à noite num hospital de distrito com braços e pernas partidos tinha de esperar uma boas horas porque só havia um enfermeiro de serviço e este limitava-se a tomar conta da ocorrência. em ponta delgada no ano de 1961 fui testemunha do facto. em lisboa, talvez não fosse assim. posso dar bons dias a vossa excelência? podia, mas só se fosse em papel selado que custava 5 escudos (moeda de prata). ah, tem de reconhecer a assinatura. quanto? mais uns escudos (não me lembro de quanto). nos açores, mandar uma saca de batata de uma ilha para a outra pagava-se direitos aduaneiros. foda-se! aquilo era só a arrecadar. éramos obrigados a pertencer à mocidade portuguesa a bem ou a mal. isto é, tínhamos de pagar 30 escudos para aquela instituição humanista, sempre que nos matriculávamos. bonito, não? o sacana do estado novo sugou os açorianos até ao tutano. fodeu-nos as nossas indústrias não permitindo que vendêssemos para fora das ilhas para não prejudicar os tubarões do regime. a exportação álcool e do açucar foram dos exemplos dessa política. o passos coelho está a fazer o mesmo em portugal. vende aos estrangeiros o que devia ser do povo. diz ele que é para tornar o estado muito levinho. estamos aqui, estamos caídos nas mãos dos patrões. e estes são muito cristãos, como é sabido. havia grandes companhias de navegação nacionais. era de se lhes tirar o chapéu, só que cresceram através de uma política de protecção. todos os grandes impérios assim se formaram. eram impérios particulares sustentados à custa da miséria popular. repare-se que passos tem actuado da mesma maneira. em vez de fomentar mais e melhor trabalho melhores vencimentos o dr passos opta por descapitalizar os que criam riqueza em nome dos altos interesses do novo capitalismo financeiro. certo dia, os americanos que tomaram conta da ilha terceira (base americana só de nome portuguesa) resolveram pagar aos trabalhadores ilhéus o ordenado mínimo que aplicavam no seu país. o que eles foram fazer. salazar proibiu. e porquê? para não criar desesquilíbrios entre os pobres trabalhadores e aqueles que se tornariam os novos-ricos. nada de que permitisse espírito reivindicativo. esperto, não? passos quer que ganhemos menos dentro espoliando-nos mas envia-nos mensagens para que emigremos. retiro o nome feio que estava a pensar. passos está como o velho bode das sacristias que nos governou quase 50 anos. uf, foi demais.
mmbento

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