quinta-feira, 8 de março de 2012

o que camões disse e o que o estado novo


nos proibiu de ler e os desta parademocracia acaba por realizar:
"vê que aquelles, que devem à pobreza
amor divino, e ao povo caridade,
amam sómente mandos, e riqueza,
simulando justiça, e integridade.
da feia tyrannia, e de aspereza,
fazem direito, e vã severidade:
leis em favor do rei se estabelecem,
as em favor do povo só perecem."
(estrofe xxv111 - canto 1x)
refª. porto, livraria chandron em data desconhecida devido ao muito uso em baçaim...)
quando um dia na minha juventude (já vai longe, ora porra) entrei na biblioteca do liceu nacional de ponta delgada e pedi para ler "o crime do padre amaro", a pitonisa, perdão a puta da bibliotecária foi logo dizendo: vou fazer queixa ao senhor reitor que na altura era um inglês nascido em são miguel. uma espécie de tatcher na culinária que me expulsou por dois dias sem eu saber o verdadeiro porquê... acho que foi porque tinha escrito na parede do campo de jogos que o reitor era um babou. fiz essa obra à andré gide. ah, estava acompanhado por um colega que teve de ir estudar para o continente (hoje portugal europeu) e até chegou a juiz da relação. o rapaz nunca mais passava de ano naquele estabelecimento de instrução da mocidade nascional. comecei com uma estrofe de camões (por causa deste filho de puta de poeta chumbei duas vezes o antigo quinto ano, na oral, pois, nas provas escritas, mudava o estilo de letra para os sacanas dos examinadores não me reconhecerem. claro que uma vez na oral eu não passava de um cordeiro pascal. e lá se iam as férias de verão e a praia de que era um grande fã. o jota cristo fora substituido pelo sol. bolas, este ao menos dáva-me calor e tesão. optei pelo sol como divindade auxiliar e pessoal e mandei o judeu divinizado voltar para o deserto para chatear as abóboras, se lá as houvesse.), comecei, dizia eu, com uma estrofe do canto nono que - imagine-se - fora retirado do programa da disciplina de português porque o poeta referia nela relações sexuais entre os portugueses marinheiros e umas boazonas. estas, eram muito ricas de carnes e feições. há a declarar um tal nereu a quem os portugueses as muitas filhas foderam. não sei se os nautas lusitanos as comeram analmente. sei, porque o vate tarado sexual nos diz, que elas se lhes entregaram. e como havia muito vinho à mistura, penso que a coisa cedeu aos maus saborosos costumes. tanto assim foi (ou deve ter sido) que não houve filharada descendente. voltaire(1), que deve ter ganho uns trocos a escrever sobre camões só fica enternecido com os lusíades no canto terceiro na parte que diz respeito aos amores entre o hetero e homossexual dom pedro 1 com a espanhola inês. de resto - parece que ele (voltaire) não leu a obra toda. se calhar plagiou de algum escrevinhador aqueles merdas que desenhou em cima do joelho. os últimos dois versos da estrofe acima retirada aponta para um camões diferente. um camões crítico. uma especíe de militante do bloco de esquerda admitindo uma boa imitação à laia do deputado fazenda, o ruivo. teriam sido os censores do salazarismo cerejeiral tão espertos que teriam cheirado os versos revolucionários e que estão na origem do 25 de abril? esta parte é para rir. é que, logo após a revolução dita dos cravos, camões foi perseguido pelos comunas. e isto porquê? porque o estado novo tinha elegido camões como farol do nacionalismo português. fascistas e social-fascistas são a mesma merda, em termos de literatura, claro. lá enviaram o poeta para a carroça das índias e lá se ficou. é que é proibido ser-se nacionalista porque pode ofender os europeus que nos emprestam dinheiro. imaginem todos aqueles que só agora tiveram conhecimento de que era proibido ler eça, parte dos lusíades, ramalho, oliveira martins e a sua história de portugal, o que era a cabeça dos portugueses da altura. nós éramos a vergonha da europa. ao ponto de os portugueses de classe média e alta quando visitavam o estrangeiro dizerem-se... brasileiros. que rica cotação! antero? ler esse dava para se ser chamado à pide e as queixas eram apresentadas pelo reitor nos seus relatórios periódicos àquela instituição de utilidade pública. estavam também probidos os estudos sobre a primeira república. ah, a não ser a referência à morte de sidónio pais, o presidente-rei, com um tiro na caixa craniana, perto da estação do rossio. só estudei afonso costa e outros belos pontos, já estava quase reformado... será que se pode inferir da mensagem do camões uma crítica germinativa aos governos de passos coelho, de joseph sócrates, sanatana lopes, ladino durão, beato guterres, etc., melhor dizendo, à corja de traidores que sendo eleitos pelo povo para o defender elaboram e aprovam leis escabrosas mais porcas que as regras que os chulos aplicam às que negoceiam o seu corpo e a eles se entregam. só os sindicatos, mudando de atitude, poderão salvar este país. e como? permitindo duas coisas: deixar os empresários criarem riqueza nacional e ao mesmo tempo substituirem o estado no controlo da mesma. a riqueza nacional não é controlada pelo estado porque este foi assaltado pelos agentes financeiros. não vai ser fácil expulsá-los dado que eles asseguraram o seu futuro com as prebendas anuais do estado através de leis que criaram em seu próprio benefício. o facto de esses bandidos estarem sistematicamente com a boca no erário público torna-os como que drogados. se houver uma revolução. e não é necessário fazer-se sangue como os estalinistas apregoam. é fazer-se com eles aquilo que os franceses fizeram às suas concidadãs que durante o período nazi abriram as pernas aos alemães. denunciadas e rapadas na praça pública. os seus crimes (dos nossos colaboracionistas) são facilmente detectados: são as leis que fizeram aprovar para empobrecer o povo trabalhador. esta é a prova. não há que fugir. só com o trabalho do povo português poderemos sair da crise e não está certo torná-lo vítima do parasitismo de uma classe que abancou no éden estatal com filhos e netos. e se o diabo não acudir ainda havemos de ver os bisnetos com os cornos na mesma pia. safa!
ps: antes de anotar a ficha bibliográfica de voltaire, devo confessar que andando à procura dos motivos ideológicos da revolução do 25 de abril, fiquei de boca aberta. nada. nem uma linha saltou para a rua para o homem comum. excepção à catequese comunista que através do avante ia denunciando os crimes contra a liberdade. a ideologia comunista ficava entre as sacristias dos camaradas. é que para cativar este povo imbecil para a sua causa não se lhe podia abrir os olhos para as incongruências da religião pagã que o cristianismo fizera adaptar e cuja proveniência define a velha linha greoco-latina e do seu olimpo de prazeres mais os seus benefícios de ordem psicológica. no século dezoito e antes da revolução francesa uma série de intelectuais (tais como voltaire (liberdade do pensamento), montesquieu (divisão do poder), j-j rousseau ( estado democrático e igualdade para todos), diderot, d´allembert, etc) preparou as mentes para a revolução de 1789. esta foi sólida em ideologia e acção. nós - na nossa - só tivemos para mostrar acção descabeçada e sem teor ideológico. é certo que apareceram cunhal e mais modestamente soares mas isso é posterior e pouco efeito teve sobre as mentes gritantes de apetências consumistas. porém, e isto é para rir, tanto camões, como vicente e a geração de setenta (com antero como veículo de um espírito tipo declaração universal dos direitos do homem) pregaram no deserto no seu tempo e não deixaram raízes que crescessem . a bola, as romarias, a politiquice do particular nos cafés, a ausência do espírito crítico e científico, uma cristianização (de aceitação sm revolta) do pensamento político, a repressão política da igreja e do estado, tudo isto serviu para secar os fundamentos de um verdadeiro estado democrático e de livre pensamento. logo após a queda do fascismo nacional os esquerdas - da merda - que tomaram o poder impediram a verdadeira criação e construção de uma nova era. foi vê-los perseguir a liberdade de expressão e a sanear todos os que não alinhavam com eles no assalto às riquezas do país.
(1) - voltaire, camoens (louis), supplément au cours de littérature, tome premier, chez philippe, libraire, 1830
varett

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