terça-feira, 27 de março de 2012

assim cratíssimo vai o ensino


exame no quarto ano do ensino básico? claro, não fosse este governo e a maioria de direita afectos a um sistema de selecção dos indígenas de tenra idade e estaríamos perante um ataque inconsistente ao sistema educativo. esta gente sabe o que faz, pois tudo para eles tem característas ideológicas. a lei de bases do sistema educativo que este grupelho quer reduzir a cinzas (um documento de grande importância social que passou despercebido tanto da classe docente quanto às associações de pais por falta de treino intelectual) tem lá apostada a assinatura do dr. cavaco silva quando era simplesmente primeiro-ministro. este assinou a lei, mas não deve ter lido o documento. e digo isto porque semanas depois escreveu um artigo no semanário expresso cujo conteúdo estava a milhas do projecto por ele aprovado (também assinou o dr mário soares que na altura era presidente da república). o projecto que iria aproximar portugal dos demais países desenvolvidos tinha por base uma importantíssima alteração pedagógica. colocava o processo mnésico num plano secundário permitindo ao aluno desenvolver outras áreas, que julgo serem muito mais importantes do que aquele. isto é, criava-se um mundo de desenvolvimento para levar o aluno a potenciar capacidades tais como o espírito crítico, a criatividade, e a cooperação. preparar o aluno para uma vivência democrática e formá-lo como cidadão consciente tinham lugar no articulado da lei. numa única unidade lectiva, o professor teria de ter em conta estes itens ao desenvolver os conteúdos propostos pela sua disciplina. seria difícil aplicar este programa se o pedagogo não interiorizasse a mensagem ideológica nela contida. sem esse entendimento, o falhanço era total. e isso repercutia-se no insucesso escolar. não se podia aplicar este tipo inovador de ensino-aprendizagem com o espírito selectivo que se impunha e que estava erradamente alicerçado em testes que excluíam todos os que não obtivesem êxito na pontuação. a avaliação contínua é uma característica desse ensino. este tipo de ensino transmuta o poder de avaliar e seleccionar para o de orientar o aluno. isso levou, em parte, a um conceito de desprestígio do professor que estava habituado a ser uma espécie de polícia de um estado confessional, que ia subindo de escalão com o andar do tempo sem ter de prestar provas da sua capacidade. quando se pediu aos discentes que prestassem provas do seu profissionalismo, eles habituados a um sistema viciado (viciado porque boicotado) de classificação unilateral, revoltaram-se. e isto, porque - talvez - a alguns lhes fosse mostrar a careca o facto de terem de prestar provas. tinham de ser preparados ideologicamente para a nova escola. o estado que aprovou uma nova lei não teve a preocupação de se fazer entender quanto ao projecto. não teve porque o estado foi infiltrado por gente que alinhou falsamente num projecto democrático traindo as directivas cozinhadas na lei e protegidas pela constituição. é óbvio que uma direita vai impor selecção e exames, para criar o espírito individualista que a revolução destruiu. é o retomar do poder por uma nova elite que quer trocar o espírito cooperativo pelo tal espírito competitivo. ah leão, toca a criar riqueza! só que desta vez a distribuição da mesma vai ter um outro sabor na mesa dos portugueses. até porque as dietas nunca fizeram mal a ninguém. só que não se pode deixar de comer. e já dizia o bondoso ditador salazar (nome que adquiriu da parte da mãe) enquanto houver um lar português com fome a revolução continua. viva salazar, o grande ideólogo que nunca faltava a uma missinha dominical.
manuel melo bento

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