segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

era para escrever um belo conto de natal, mas dadas as circunstância resolvi dizer algo sobre o encontro entre os neurónios legisladores. dedico-o ao peru.

eu já matei animais. matei um pássaro que me picou. matei galinhas em número limitado,  esticando-lhes o pescoço. torturei caracóis, baratas  e cozi lagostas em número indeterminado. num certo dia, até matei um cão que ameaçava e mordia crianças. bom, o que vou escrever não me liberta nem me absolve do que fiz,  toda uma cultura que me rodeava não   contribuía  para uma maior consciencialização deste tipo de ações, hoje consideradas crimes. há tempos, deixei de comer todo o tipo de animais. o meu único crime é comer ovos. como julgo que o ovo não é ainda um animal, conceptualizei-o uma espécie de espermatozóide. ovo não galado! estão a ver?  ora bem, certo dia quando observava uma cena doméstica e muito familiar dei por mim indisposto. porquê? bom, uma família sentada à mesa fazia uma refeição cujo prato principal era o bife. próximo  deles, um novilho esventrado apresentava-se pendurado a partir do teto. aquela família que na semana anterior fazia afagos ao animal estava agora a comê-lo. a menina agarrava-se ao pescoço do estrela - assim se chamava o novilho - enquanto o pai a fotografava. mas que raio: coisa estranha, tão amigos e carinhosos eram para com o "amiguinho" e de repente, toca a esquartejá-lo e a papá-lo. é a vida, digo eu. porém, ao tentar perceber o modo como encaramos a matança dos animais dei por mim a ler a declaração universal dos direitos dos animais (esta declaração é elaborada pelos homens e não por aqueles, o que é estranho. muito estranho mesmo).  imaginemos que somos uma vaca. será  que iríamos  escrever o  artigo nono daquela declaração da seguinte maneira: "quando um animal (no caso eu sou uma vaca. é só para facilitar. na realidade seria um boi) é criado para alimentação humana, deve ser nutrido, instalado e transportado assim como sacrificado, sem que desses atos resulte para ele motivo de ansiedade e dor." já no seu artigo um, a declaração é giríssima para não dizermos mais asneiras: "todos os animais nascem iguais perante a vida e têm todos os mesmos direitos  à existência." para não levar esta questão por becos e canadas, o que está em causa é uma forma de escamotear a imposição de algumas senhoras que obrigaram os maridos ou amantes  a legislarem a favor dos seus companheiros domésticos. dizem que algumas gostam muito de ser lambidas pelos seus canídeos. é capaz de ser bom. e se o canídeo não tiver a "idade legal", será que a dona pode ser acusada de canifilia ? é só disparates que me saem da cabeça! nós matamos tudo que é vida. mas como somos os mais trapaceiros do planeta misturamos tudo. criámos uma coisa que se usa chamar de valores para nos orientarmos mesmo que os valores tanto podem estar guardados em altares como em vasos da noite. às vezes pergunto-me se os animais que vivem connosco como as moscas ou os mosquitos, ratos e lagartos são domésticos ou são inimigos domésticos os quais podemos exterminar sem atentarmos contra a tal declaração? todos os animais quer dizer todos ou alguns? matar um porquinho da índia a pontapés pode ser considerado crime? ou para o matar tenho de o alimentar, instalar e conduzi-lo ao fogão não permitindo que sofra? colocar um bacorinho no forno, é crime? este texto está confuso! é mesmo assim. foi como fiquei depois de os humanos terem escrito uma declaração de direitos dos animais mais estúpida que até hoje foi elaborada. nem o lobo mau que comeu a avozinha  do capuchinho conseguiria ser tão inconsequente. " aqui-d´el-rei, mataram a vaquinha do presépio!" mas que grandes sacanas! "aqui-d´el-rei, que também mataram o burrinho do presépio para dar de comer aos leões do zoo". que os pariu. acabem com esta merda toda e prendam-me mas é o pai natal que tem nestes últimos anos contribuído para a destruição as economias de famílias inteiras  enriquecendo comerciantes e trapaceiros e incentivado o assassinato em massa dos perus. safa!
mmb
ps: não me responsabilizo moralmente por este texto. sou como o banco de portugal. já criminalmente não digo o mesmo...

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