sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

a educação pública depois da reforma revolucionária iniciada em abril de 1974 e que resultou na substituição do governo de marcelo caetano por um governo junta cacos.


havia portugueses que tinham uma ideia progressista para o setor da educação. não eram militares e não viviam em portugal porque eram perseguidos pelos fanáticos seguidores do pensamento salazar-cerejeira-aristocracia militar (o dito estado novo). este trio era quadrado! se não fosse o viaduto duarte pacheco, os 25 quilómetros de autoestradas (10 quilómetros antes de entrarmos na cidade do porto e osrestantes que ligavam lisboa a vila franca de xira), a importação de viaturas automóveis e a ponte sobre o tejo, poder-se-ia dizer que portugal era um país que tinha acabado de sair da alta idade média  e se preparava para saltar à baixa idade média, mas em compasso de espera. a educação tinha como objetivo o conhecimento permitido e vigiado pelos coronéis do estado novo. reinventou-se a história de portugal, definiram-se as classes sociais, reforçou-se o poder militar (os militares estavam em tudo que era poder físico paramilitar e civil. tomaram de assalto as principais câmaras municipais e governos civis. até a pide (polícia exclusivamente vocacionada para o tratamento político de centrismos e esquerdismos  tinha à cabeça um militar do quadro e como adjuvantes deste, ex-militares milicianos, etc.). nunca um sistema educativo ideologicamente estruturado no pensamento democrático poderia coabitar com tal estado político-militarizado, característico de uma ditadura. ora, derrubada esta excrescência, como apetrechar um ministério de educação com gente capaz de nos pôr  a  par do que passava na europa para onde  nos estávamos a virar? perante a revolução estritamente militar no seu começo, aconteceu o óbvio: os militares meteram-se no ministério da educação. não estavam preparados para gerir fosse o que fosse para além da sua área de prestação de serviço. a educação, coitadinha, sofreu tratos de polé e foi pasto de muitas experiências. não há espaço para as referir aqui por isso vou limitar a extensão que tal tema requereria para a sua melhor compreensão. chegou-se a uma altura que era preciso pensar-se que era prioritário formar o homem português na sua dimensão cívica. formar (construir) um cidadão que se queria consciente para as questões sociais, políticas, religiosas, económicas, cooperativas, democráticas, etc. quem estaria capacitado para levar este programa a um bom porto? os professores e as escolas. não preparando os professores para esta tarefa que se podia esperar? um verdadeiro desastre! experiências piloto e outras aberrações tiveram lugar em imensas escolas com resultados negativos. procurou-se introduzir uma nova dimensão pedagógica. intenções e mais intenções caminhavam em paralelo com mentes ancilosadas . o que só por si acentuava um fosso intransponível de comportamentos. um pequeno exemplo: questionavam os professores de música e os professores de matemática: como preparar o aluno para a questão económica e política se tratamos de escalas e números? quando, por exemplo, estivesse o professor de matemática a dar estatísticas, poderia levar os alunos a referir números que retratassem as   carências de toda a espécie existentes em bairros sociais  e compará-las com outras áreas onde não as houvesse. retirar efeitos de justiça social, apelar para que ajudassem a criar soluções, etc. 5 minutos, se tanto, daria para cumprir alguns requisitos que estavam bastante claros na nova lei de bases do sistema educativo. sobretudo na parte em que se deve criar condições para que os alunos desenvolvam o espírito criativo e crítico. quando o professor de música tiver de "tratar" de marchas militares poderia compará-las, por exemplo, com outro tipo de música capaz de elevar o espírito e conduzi-lo a um estádio de paz. depois, é esperar que os alunos se pronunciem sobre o que acham de uma e de outra. tão fácil será levá-los a uma consciência para a paz. educar é formar cidadãos e não fazer-lhes a cabeça... vou terminar. num determinado momento (década de noventa), um  ministério de educação de exceção (independente o quanto possível) enviou para as escolas um livrinho de sua autoria para ser lido por pais, encarregados de educação e professores. que tinha lá escrito? uma verdadeira reforma no ensino. pedia aos professores para reconhecerem que o poder de classificar devia ser substituído pelo poder de acompanhar o desenvolvimento e crescimento do aluno como se tratasse de um estudante mais velho; pedia às escolas que não impedissem os alunos dos primeiros anos de cada ciclo de transitar. tratava-se de uma medida para levar os alunos a adaptarem-se mais facilmente a uma nova etapa mais exigente e não tentar retraí-los pois isso era considerado um erro científico e pedagógico que se devia evitar. os "velhacos" dos professores responsáveis pela sua distribuição e esclarecimento pura e simplesmente deixaram os caixotes que continham os livros em locais "secretos". depois, quando os professores caíram nas malhas dos sindicatos acabou-se a "brincadeira" pedagógica para se entrar na verdadeira destruição do ser do professor do futuro capaz de ajudar este povo de marrecos infelizes a aproximar-se do nível dos companheiros comunitários. estavam muitos interesses em jogo ao mesmo tempo,  daí que surja um grande engarrafamento. e estes atrasam - como se sabe - o bom andamento do trânsito, quando os intervenientes forem os automóveis... alguém acredita que os africanos alguma vez venham a usufruir das suas riquezas, enquanto os europeus os puderem explorar? alguém acredita que o povo alguma vez venha a beneficiar de uma educação que o eleve em vez de o conduzir para as fábricas como sempre tem acontecido para benefício de uns senhores que até mandam em tudo? alguém acredita que os ministros das diversas religiões seriam capazes de dizer aos seus fiéis de que as falas com deus não passam de invenções? alguém acredita que os fiéis deixariam de acreditar que deus tem falado com alguns privilegiados? esta é a nossa condição de homens. e temos cérebro, valha-nos deus! oh, caramba! até eu...
varett

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