terça-feira, 11 de outubro de 2011

que manigâncias tem carlos césar à mesa do jantar?







será pato? bom, vamos entrar na cabeça do actual primeiro-ministro dos açores, perdão, presidente do executivo que é como se designam os que nos orientam politicamente. como é que surge césar (o socialista) no palácio de santana? - que é onde se acoitam os grandes chefes depois dos descendentes do marquês jácome correia o terem vendido já depois do 25 de abril, o que quer dizer que morar num palácio em tempo de assaltos dos comunas ao capital poderia pôr em perigo vidas e haveres. ora, antes de césar (descendente de homens de estirpe de esquerda) quem vivia da parte da tarde na grande casa era o dr joão bosco de mota amaral. quer dizer, joão bosco trabalhava/despachava as coisas da causa pública naquele parasidíaco eden, que no passado acoitara o luxo e luxúria. como joão bosco é um homem religioso, estou em crer que tenha encomendado uma benzedura ao padreca de serviço da área da sua paróquia para apagar qualquer mancha hedonista e não só. historicamente devo informar que o rei dom carlos pernoitou lá em casa quando visitou as ilhas e, talvez por isso, o senhor dom jácome tivesse sido catapultado ao marquesado. no tempo em que o partido socialista se arrastava pelas urnas com uns elegantes 22%, quem mandava nos açores era o ppd que era assim que a malta chamava ao partido do actual primeiro-ministro português. quer dizer e quem mandava nele era o dr joão bosco. este apesar de ser social-democrata não governava no modelo agitado do dr alberto joão. toda a gente sabe que joão bosco é um homem bem. senhor de uma invejável inteligência (foi o melhor aluno de todos os tempos e se na faculdade teve menos nota que o professor marcelo foi porque no continente não tinha nenhum tio ministro). havia de ser agora! eu fui seu conterrâneo no liceu antero de quental. foi daí que comecei a admirá-lo ao saber da qualidade dos neurónios que possuía. calma que já chego a césar! qualquer eleição nos açores tinha sempre um vencedor: joão bosco! no tempo deste, o estado - por intermédio do governo regional de bosco - socializou tudo. eu explico. desde as fábricas do tabaco, cerveja, do álcool, dos transportes aéreos, marítimos e terrestres, da banca (o banco micaelense era um feudo de bosco), seguros (onde joão colocava a dirigir alguns imbecis que o adoravam como um semi-deus), deu ao povo casas, terrenos onde alguns podiam construir à vontade pois o seu governo fornecia tudo desde o cimento à telha), houve casas para todos os gostos:engenheiros, médicos e alguns economistas apareceram escanchados em boas casas que depois venderam arrecadando bons lucros, aos lavradores deu bosco cheques com boas maquias, às pobrezinhas agradecidas coube - em alguns casos - uma boa casa de banho (o povo açoriano em algumas zonas cagava no mato. hoje, se não estou em erro, essas cenas já eram), havia casas comerciais a quem o governo regional pagava os vencimentos dos seus empregados. com a criação de secretarias regionais, joão bosco empregou milhares de açorianos com habilitações que roçavam a antiga quarta classe do salazar e que se preparavam para emigrar para a américa e canadá. escolas e mais escolas foram construídas em tudo que era freguesia. eram tantas as escolas que alguns professores nem tinham o quinto ano dos liceus como habilitação, houve auxiliares de educação que eram analfabetas, a igreja católica fartou-se de mamar à custa da bondade do ppd de mota amaral. só a sé de angra comeu milhões. e tudo para quê? para a missa do galo, está claro. duas grandes empresas regionais de grande peso económico tinham uma espécie de sociedade com o governo. era assim: saíam do governo e iam para a "casa bensaúde" e da "casa bensaúde" eram colocados no governo. nada de estranho, em portugal é a mesma coisa. a outra empresa era a "nicolau de sousa lima". também fornecia e recebia elementos de e para a composição governamental. no que diz respeito aos deputados regionais do ppd, nem queiram saber. na rússia depois do 17 de outubro houve polícias que chegaram a generais. no governo de joão bosco empregaditos de balcão chegaram até onde o professor medina carreira nunca chegaria sem cunhas. bem, falta aqui a parte que diz respeito à feroz alta burguesia açoriana. começou a entesar (ficar sem dinheiro) e para os calar, joão bosco repartiu parte do poder a eles para poderem comer e calar. os padrecas também comeram e bem. não havia ermida que não tivesse recebido umas verbas para obras e outras benfeitorias. joão bosco promoveu muitos medíocres que transformou em guarda pretoriana. os jornais, a televisão e a rádio estavam dominados pelo seu governo. ele os sustentava e como retorno aquela trimerda pagava em censura. chegou a haver casas em que só o gato não trabalhava para o estado. se isto não é um regime socialista digam lá. já quase no fim do seu reinado surgiu um escritor que criou um jornal privado e que não comia do estado e que esbranquiçou alguns cabelos ao ditoso e místico chefe açoriano. não vem ao caso estar a explicar mais sobre este assunto. bolas, nunca mais chego ao carlos césar. claro, havia muitos que estavam de fora deste paraíso. eram os da oposição que não tinham tachos correspondentes aos seus representativos 22%. eis senão quando, joão bosco anuncia que vai deixar o governo. não sei das razões. um homem como joão bosco não tinha só gente limpa à sua volta. muitos oportunistas devem ter feito merda e ele pôs-se a andar para não ser arrastado no lameiro que depois veio a dar de si nos tribunais. saíu o chefe e logo apareceram candidatos para o substituir. foi o fim da hegemonia social-democrata. surgiu como candidato - de entre outros - natalino de viveiros, mas faltou-lhe a excelência para ocupar o lugar deixado por mota amaral. e, de desbotadura em desbotadura acabaram os social-democratas por abrir portas ao mais cotado adversário político: o partido socialista. o partido socialista tinha tido até à chegada de césar ao seu topo/líder uma série de pessoas. umas, uns santinhos, outro um cagão. quando césar começou a mostrar-se em paralelo com outros socialistas deu-se o óbvio: césar não só era o líder esperado como estava preparado para mudar o destino de todos açorianos, o que incluía os não socialistas. demonstrar que ele seria um líder açoriano acima das pequenas raivazinhas e perseguições foi-lhe fácil. bastou em duas ou três vezes que se apresentou ao grande público cometer a proeza de pronunciar um discurso lavado, humanizado, culturalmente assumido num contexto onde os beatos eram colocados no seu devido lugar: sacristias. se césar não fosse um homem moderno e culturalmente actualizado no processo histórico das ideologias, o partido socialista não sairia da cepa torta. é a sina dos socialistas ilhéus que mantém os olhos fechados para compreenderem a sociedade que os rodeia. mota amaral criou o estado (pequeno) regional socialista. não sendo socialista mas sim idealista e quase beato (eu até gosto pessoalmente de mota amaral, mas lá beato é ele) não fazia sentido entregar a um direitista o seu rico trabalhinho (de entre muita tarefa reduziu os fascistas das ilhas a um pequeno pasto onde os domesticou). o eleitorado e a populaça aperceberam-se do perigo do aparecimento da direita revanchista e olharam para a esquerda e viram o excelente césar. ouviram-no e tal como aconteceu a são joão baptista no deserto que comeu gafanhotos com sabor a marisco (era santo, fazia milagres, porra) entenderam que mais à esquerda não podia ser. césar milagreiro só tinha que pôr a carruagem a andar sincronizada. ele é que era o socialista humanista e mais ninguém. estúpidos, isto não é um gafanhoto! parece, mas é lagosta. este exemplo está péssimo. paciência, não tenho outro à mão. uma vez eleito, césar - que conhecia os dossiers regionais por dentro e por fora - impôs um desenvolvimento harmónico e sobretudo justo. rodeou-se de todos os açorianos independentemente de ideologias. percebeu que não tinha que separar mas sim unir. apostou sempre na união açoriana, ele que tinha tido na juventude discursos à banana do tipo de jaime gama e de uma outra cria do mário soares, chegou a gritar ao poder central: aqui nos açores mandam os açorianos. eu o ouvi com estes ouvidos que também ouvem o preço que as profissionais do sexo me pedem para me massajarem. são os mesmos ouvidos que segundo os mortais afirmam que a terra há-de comer. mas césar também cai na armadilha do tempo. e lá se esbateu a excelência de que atrás dizia, explico: não estava nos seus objectivos retirar-se da liderança do governo. por duas razões. ele sai e berta cabral papa o ps nas urnas. não convém à família socialista. segundo, sair porquê se os açorianos estão satisfeifos com a sua governação? isso seria cometer traição a quem nele depositou confiança. está velho? mentira! é novo demais para desistir do seu único vício conhecido: a política. césar caíu numa ratoeira e para sair dela o que faz? ele sabe que a merda do estatuto político é um abesso apadrinhado pelos inimigos da autonomia verdadeira e que ele deseja para o povo. mesmo que o povo o queira de novo, a porra da lei não o permite. ele consultou quem sabe e quem sabe o que o belenensi (o que habita o palácio de belém) faria: impedilo-ia de se candidatar, nem que viajasse de novo da vivenda nova do algarve até aos estúdios da rtp e quejandos. agora, césar? bom, eu diz ele a si próprio: continuo a mandar no partido na região, logo, mandarei no que me substituir (de uma forma discreta, claro). modelo russo! estão a ver? o escolhido foi o gostoso vasco cordeiro. moço bem visto e bem cotado. tem um contra. é pouco conhecido no papel que entra nas urnas. e isso pode ser um verdadeiro obstáculo na luta contra a poderosa drª berta cabral. porquê agora nomear o herdeiro político a anos luz das eleições legislativas? é para césar lançar vasco cordeiro em tudo que é centímetro quadrado regional. e se não me engano chegará ao milímetro. césar vai recuando na medida em que vasco irá avançando até estar no ponto. berta cabral pronuncia um frasesinha e logo em seguida resposta de vasco e não de césar. está bonito o tabuleiro político açoriano. o tempo passou muito depressa. e césar que acusava mota amaral de nunca mais sair de santana está agora navegando nas mesmas marés. é a porca da política, no seu melhor.




manuelmelobento




ps: este texto é escrito deste modo porque não acredito que césar tenha lugar como líder no partido socialista do continente. a não ser que esteja a pensar na presidência da assembleia da república. porra, estar a aturar meninos e ter de estar com o cu sentado tantas horas. é um cargo menor, isto é, se for para estar a passear com motorista e mostrar-se para as revistas cor de rosa já é outra conversa.

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