quarta-feira, 19 de outubro de 2011

pobres e estúpidos - varett na pressportugal ainda hoje. entrevistado por paulo rehouve









paulo rehouve - o que tem você contra a democracia?






varett - qual delas?






pr - a nossa!






v - isto não é nenhuma democracia. o que vivemos é uma "homofobodemocracia". esta caracteriza-se por aqueles que deviam defender o povo serem os primeiros a roubá-lo e arrastá-lo para a miséria.






pr - nesse caso as ditaduras são melhores?






v - você mais parece aqueles esquerditas que nunca passam das primeiras letras. os seres humanos devem procurar sempre aprofundar os sistemas que permitam uma melhor e mais abrangente forma de viver. nem as ditaduras nem as democracias já servem para nos orientar da maneira mais eficiente. há que procurar novas formas. repare que de um momento para o outro surgiu-nos debaixo dos pés a globalização. ora, nem as ditaduras, nem as democracias, nem os regimes tribais estavam preparados para esta nova maneira de comerciar. isto quer dizer que são sistemas impróprios.



pr - e para si qual o sistema ideal?



v - não estou disposto a ter uma conversa a sério sobre esta matéria. nem sou merceeiro nem dirigente político. mas não me escusando, aqui vai: vejamos o nosso caso português. a ditadura arruinou o povo transformando-o em analfabeto, individualista e miserável. até para respirar teve de emigrar. habitação era um tipo de sonho celestial que acalentava 90% da população. os pobres nada possuíam. quem governava não governava para o povo, mas sim para uma classe. a classe dominante. só esta existia. veio a democracia e que faz? democratiza? não!, passada a euforia dos primeiros tempos eis que ressurge uma feroz centralização que assenta arraiais em lisboa. o costume. passados trinta e tal anos deste regime dito democrático percebemos que o modelo centralista deixou o resto do país na miséria e cheio de dívidas. o centro destruiu tudo para poder viver refastelado. para além do centro é o deserto.



pr - mas vive-se muito melhor do que antes, não acha?



v - na mesa, nos hospitais, no descanso garantido, com certeza. deixámos de ser observadores dos bens de consumos para nos transformarmos em utilizadores dos mesmos. mas isso faz-me lembrar uma história recente de um certo operário a quem saiu a lotaria e no dia seguinte a ter recebido o dinheiro do prémio despediu-se da fábrica e entrou na farra até estoirar com o último tostão. de repente, viu-se na miséria e sem emprego. daí a sem-abrigo foi o tempo de uma avé-maria. na minha opinião de estróina até acho que ele fez bem. só que, e os filhos que ele colocou na rua da anargura? e daí, que vai acontecer aos nossos filhos que apenas têm para viver o pagar das dívidas dos pais e o desemprego. assim, não acho bem.



pr - soluções?



v - há males que já não têm cura possível. porém, desta desgraça toda há que saber para onde foi o dinheiro que desapareceu e como desapareceu. dinheiro da batota, do roubo e da corrupção. claro que o dinheiro gasto na saúde, na educação e na segurança social não representa crime. apesar de se ter gasto sem rigor a questão não passa de uma certa ingenuidade. é que há que contar com a ignorância dos que julgavam o estado uma espécie de pai de todos e fura bolos sem fundo. isso deveu-se mais à grande incompetência do que à estupidez e rapinação. existem biliões de euros que estão fora desta infantilidade. são esses que devem voltar aos cofres de onde foram surripiados.



pr - significa, portanto perseguições e prisões. será solução?



v - lá continua você a dar-lhe. se lhe roubarem a sua viatura e a encontrarem passados 10 anos o meu amigo não a recebe? se encontrarem a sua carteira que tinha sido roubada recheada de notas, não a receberá quando a polícia a devolver depois de a ter retirado ao ladrão que ilegalmente a possuía?



continua amanhã.





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