sábado, 8 de maio de 2010

SUA SANTIDADE E A MERDA






Batia o ano de 1967. Estava calor. Não fui trabalhar - como de costume - pois fazia levantamentos topográficos para o Instituto Geográfico na Cova da Iria e montanhas de gente acorrera ao sítio onde uma jovem pastora histérica dizia ter visto uma modelo vestida de branco em cima de uma árvore. A multidão aglomerava-se gemendo e gritando porque um homem de branco - o senhor Papa - vinha pisar o chão tornado agora sagrado . Disse a pastora que a senhora de branco era Nossa Senhora e que lhe tinha ordenado para rezar pela Rússia vermelha. Mais, lhe entregara uma carta contendo mistérios. Bem, já agora, também quero ver o Papa. Um magote de freiras - nunca comi nenhuma, nem mesmo depois do 25 de Abril , também não sou Dom João V - guardava lugar à beira da estrada com o mesmo fito. Aproximei-me por detrás delas e esperei. Vem ali o Papa, alguém gritou. De repente, fiquei entre as freiras e um grosso de peregrinos entusiasmados que fizeram de mim uma espécie de paio numa sandes. Por sorte calhou-me uma freirinha novinha de todo. Senti-lhe as ancas coladas ao meu falo, perdão caralho e lá me entesei. Gostoso, muito gostoso. Nunca apreciei mulheres pintadas. Aquela estava limpa de tintas e corantes com que as mulheres se enfeitam para apanharem macho. Face rosada e para mais encostada à minha - ela talvez não quisesse, mas eu sim - e que cheirinho meu Santo Padre, tinha ela! Cheirava a juventude. Gritavam todos e ela também. Penso que olhou para mim. Naquela altura estava com 26 anos e não era nenhum Durão Barroso. Sem ser um Passos Coelho lá me ia safando. E bem! Atingi o orgasmo pela décima sétima encostadela - seria enrabadela se a freirinha estivesse de rabinho ao léu. Com as mãos verifiquei que se não tinha ceroulas devia estar reforçada com linho grosso. Estava ainda a sentir o molhado quente quando uma enorme ovação se elevou até ao alto da copa das oliveiras. Paulo VI estava a passar por nós. Olhei-o bem nos olhos e senti qualquer coisa. Tinha os olhos claros. A luz do Sol resplandecia nas sua face. Lembrei-me de São Paulo: "Porque me persegues?". Bem, naquela altura já eu tinha metido o Pai Natal e o Menino Jesus na gaveta do Mr. Darwin e cantigas dos templos já eram. Fiquei com a impressão de que ele - o representante de Cristo no Ocidente - me estava a condenar. Acabada a festa regressei a casa. Tinha tomado de renda uma habitação de pedra com quintal pertencente a um pastor das redondezas. Pois, o pior foi o que encontei no terreno. Era merda por todo o lado. Num instante pensei ser um castigo da divina aparecida, para logo no momento seguinte estar a fazer contas matemáticas sem ajuda do teodolito... pois, então não era. Um milhão de portugueses deslocara-se à terra milagrosa onde não havia uma única casa de banho pública. Logo, para defecarem, perdão cagarem qualquer palmo de terreno servia para se arranjarem. Nunca tinha visto tanta merda junta. Também cheguei a ver o prof. Salazar num carro Buik (?) americano, ia sentado no banco de trás a acenar ao bom povo. Retribuí o cumprimento generalizado de Sua Excelência, não fosse o Diabo tecê-las.

Bem, vem aí Bento XVI. Não vou vê-lo. Já não tenho idade para apertos e as freiras já não são tão frescas como no tempo da minha juventude. Para além de que me podia acontecer ser enrabado, pois com esta multidão de agora nunca fiando.

manuelmelobento

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