domingo, 23 de maio de 2010

CAVACO ESTÁ ATENTO OU ANDA JÁ EM CAMPANHA?

Há uns anos atrás um certo tipo pediu-me uns trocos emprestados para fazer compras. Por que tinha e não me faziam falta, emprestei-lhos. Horas depois encontrei-o num minimercado e vejo-o a comprar alhos e outras novidades da terra. Um má-língua que conhecia ambos - já morreu - disse alto e bom som: este compra alhos e couves tendo um rico quintal com mais de um alqueire de terra (mil e tal metros quadrados). Sim, e depois? Olha, só um trouxa é que procede assim. Lembrei-me desse episódio quando li uma frase de Cavaco reproduzida pelo Diário de Notícias de hoje: "É importante que as crianças não sofram na sua alimentação em resultado do desemprego do país."
Certo dia, ainda vigorava o regime salazarista-marcelista ouvi falar mal das medidas de Marcelo em apoio aos trabalhadores rurais. Fiquei danado na altura. Então os desgraçados que ganhavam tão pouco não tinham direito a um subsídio? Vais ver o que isso vai dar! Se eles trabalham 12 dias por mês vão passar a trabalhar 5. E não é que quem assim falava teve razão. Marcelo devia ter preparado aquela gente no sentido de o subsídio ser mais um apoio e incentivo do que o contrário, isto é, deixar de trabalhar. Também me lembro de uma conversa que tive com um camponês que não queria que os filhos estudassem. Então ti Francisco, por que não devem eles estudar mais qualquer coisa? E sabem o que me respondeu o homem? Eles que trabalhem como eu trabalhei. Não são melhores do que eu. Nem todos são assim, e ainda bem. Penso que se Marcelo tivesse atribuido o subsídio e como contrapartida tivesse obrigado os filhos dos camponeses a permanecerem na escola, talvez tivesse obtido melhores resultados. Os camponeses não são culpados desse procedimento. A conjuntura é que assim os transformou. Cabe aos pensadores e intelectuais intervir pedagogicamente. Para isso é preciso reformular consciências. Prepará-las. Nesta acção ninguém pode ficar de fora. Os reaccionários podem ser educados também, pois são quem mais trava o processo de melhoria dos que mais sofrem material e moralmente.
É preciso coragem política para que se comece a valorizar a terra, mesmo no tempo dos cumputadores e telemóveis. Dá para rir, não dá. Mas "olhem" lá para as palavras de Cavaco e vislumbrem a solução para parte dos problemas que nos esperam...
manuelmelobento

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