segunda-feira, 31 de maio de 2010

IMPOSTAR É ASSALTAR ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DE IMPOSTOS







Os senhores feudais eram muito boas pessoas. A ler: quando depois de conquistar terras aos adversários aqueles preocupavam-se logo de seguida em ocupá-las por gente. E para quê? Para que os colonos as trabalhassem e participassem com parte das colheitas. Reis e senhores feudais assim procediam para aumentarem os seus tesouros. Com a recolha que faziam construiam palácios, alimentavam as amantes e os seus servidores. Era tudo uma questão de pança. Se por acaso gastavam em demasia com as suas orgias, não havia problema. Armavam os seus cavaleiros e toca a visitar os camponeses. De casa destes levavam vacas, cabras, galinhas, bestas de carga e em apanhando cereais abocanhavam-nos. Quando por acaso davam de caras com alguma aldeã em boa forma física, comiam-na. Diziam até que era um favor honroso que faziam à família da boa fêmea. Ninguém os colocava em causa. E se algum abrisse a boca para questionar, a mesma nunca mais se fechava e a língua de fora poder-se-ia ver a uma centena de metros logo abaixo dos ramos da árvore que o suportava no balouço. Quando os mesmos senhores se envolviam em guerras fratícidas repetiam a acção da pilhagem somada com o rapto dos mancebos para enfileirarem nas suas hostes belicistas onde pereciam que nem borboletas. Saltemos do feudalismo e entremos em tempos mais modernos. Em Portugal, por exemplo, no tempo do saudoso prof. Salazar, os saqueadores chamavam-se de fiscais de impostos, os aldeãos passaram a camponeses sem terras, os senhores feudais a empresários, as filhas empurradas para as cidades onde se prostituíam e os filhos transformados em militares para defesa da pátria. Quando acabavam o serviço militar obrigatório era-lhes permitido a encorporação nas forças policiais para - o que é de gritos - reprimir o povo de onde eram originários. Hoje, no nosso país, a coisa modificou-se. Os impostos sofreram algumas alterações. Parte deles reverte a favor do povo, na medida em que se transformaram em escolas, hospitais, habitação social, segurança no trabalho, etc. A outra parte, como não podia deixar de ser, é distribuída pelos metamórficos feudais que têm vindo muito inteligentemente a adaptar-se ao novo modelo de saque. De assaltar, roubar, violar, escravizar do passado recente passámos a modelos civilizados. Oh, que bom!

manuelmelobento

Nota final:

Este texto teria sido considerado perigoso no tempo do Estado Novo pois podia colocar em perigo a segurança do Estado. Era assim que reagiam os novos feudais e os seus lacaios quando aparecia uma redacção mais atrevida. Nos tempos que atravessamos e com a liberdade de expressão que nos envolve nada disso interessa. São 20.00 horas, faço um intervalo para ouvir os noticiários. Todas as estações abrem com Mourinho. Ele fala para a Nação. Os nossos jornalistas - os melhores - destacados para acompanharem o grande treinador fazem um relato minucioso sobre todos os passos que ele dá e perspectivam os que se seguirão no futuro. Portugal, hoje, é Mourinho, Di Maria, Queiróz, etc. Ah, e as câmaras de televisão a questionarem o povinho sobre coisas da bola. Anteontem foi o Papa. Deste saltámos para o Rock in Rio onde a juventude... Veio-me à ideia a pergunta que Rui Zink fez ao Luíz Pacheco. "Que mensagem para a juventude?" A resposta: "Puta que os pariu!" Luíz, e os outros?

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