segunda-feira, 10 de maio de 2010

BENFICA-TE PÁ!

O meu amigo José Júlio Machado vive nos EUA. Telefonei-lhe para o informar(?) que o Benfica era de novo campeão. Não estava em casa. Debitei uma lenga-lenga para o gravador de voz. Em Ponta Delgada, no tempo do liceu, era ele guarda-redes da formação pró Sporting enquanto eu pertencia à do Benfica. Esgatanhávamo-nos para vencer. E depois de cada jogo discutíamos as faltas cometidas e não assinaladas e as grandes jogadas que cada um aumentava conforme a imaginação. Não tínhamos televisão. O futebol chegava-nos através da rádio e lá de vez em quando em algum documentário que visionávamos nos cinemas a anteceder o filme sem hipóteses de escolha nas matinés de domingo. Não sei porquê, mas o Benfica está-me na pele. Que diabo, quando o meu clube perde fico danado. Muito mais de quando tenho de pagar impostos. Ora bolas! Gánhamos o campeonato! O Benfica tirou-me um peso enorme de cima. Não, não vou fazer psicanálise para saber a correspondência do fenómeno com a minha vida privada. O que eu queria era mesmo ouvir a voz do José Júlio e imaginar a cara dele ao responder às "provocações" dos campeões. Sim, porque não foi só o Benfica que ganhou. Eu também ganhei. E, por fim, para o ver ainda mais danado ia dizer-lhe: benfica-te pá, que é o que está a dar. Este verbo ainda não existe. Mas, para lá vamos. Tenho a impressão que é tudo o que nos resta do passado a caminho do futuro. Deste futuro que está aí nada colorido.
manuelmelobento

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