Tudo leva a crer que o Primeiro-Ministro mentiu acerca da compra da TVI por uma "organização capitalista" que tem como "sócio" o próprio Estado. Na base da questão estava a possibilidade de correr com a jornalista Manuela Moura Guedes. Uma jornalista que abria um telejornal à sexta-feira e que tinha como objectivo uma investigação sobre negócios em que surgia o nome do eng. Sócrates.
Moura Guedes incomodava e muito. Os índices de audiência aumentavam de semana a semana. Cada vez que Moura Guedes falava o governo estremecia. Se estivéssemos na Rússia democrática naturalmente teria sido calada à lei da bala. Em Portugal ainda não se usa tal método. Fazer sair a impetuosa jornalista implicava abafar o Dr José Eduardo Moniz, seu marido. Este não era só o director da informação como fora o homem providencial que fizera sair a antiga estação da Igreja Católica da bancarrota. Moniz não é só isto. Moniz é dos homens mais inteligentes que apareceram no pós-25 de Abril. Nada deve a ninguém e subiu na vida por mérito próprio. Há anos que é figura da ribalta e nada deve a partidos ou a panelinhas. Uma vida impecável e sem sombras impede que o arrastem para qualquer lodaçal. É poderoso e isso vê-se. Mudaram-no de lugar, mas ele permanece terrível. Ouvi-lo na Comissão inquisitorial foi uma lição de lógica e dignidade. Bastou duas frases suas para que se percebesse quantos mentirosos ali tinham ido prestar falsas declarações. O facto é que depois do dr. Moniz ter sido ouvido os pós-declarantes já estão a sentir o rabinho a aquecer e vai daí já se começam a descoser. Resultado: fica claro que Sócrates mentiu formalmente. E ,como diz Moniz, mentiu. E depois? Sócrates só pode ser acusado de falsa moral. Não levará a nada a acusação. Ele já foi acusado de tanta coisa e as acusações foram parar ao calhau do senhor Lauranino - fica situado em Vila Franca do Campo e cheirava muito mal no passado. Com o saneamento básico chefiado pelo edil Carvalho e Melo, já nem tanto - e reduzidas a bacalhau.
Uma última palavra para o deputado inquisitorial Pacheco Pereira. Parece impossível que um intelectual como ele se tenha prestado a figura pré-policial.
manuelmelobento
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