terça-feira, 20 de abril de 2010


Boa dr. Mário Soares

O senhor dr. Soares não é de modo nenhum historiador. É um político português que se projectou internacionalmente devido a várias almofadas. Foi um combatente categorizado no tempo do Estado Novo e daí foi catapultado para o palco das nações livres. Como homem da tolerância presto-lhe a minha homenagem. Já agora, devo confessar que fui condenado em tribunal a pagar-lhe uma indemnização. Esqueci-me de a pagar e ele também não ma pediu. Gosto dele, sim senhor! Ninguém tem nada com isso.
Quando o dr. Mário Soares escreve, eu sempre que posso leio-o.
Aproximamo-nos do 25 de Abril que alguns sabem o que foi e outros tantos já nem tanto. Este golpe congeminado por uns tantos rapazes novos e sem experiência política deu no que deu. Abriu as portas à democracia mas esqueceu-se de impedir o assalto aos dinheiros públicos pelos grandes gangsters. E Portugal está neste momento a sofrer de uma enorme sangria que creio vir a terminar com uma acção viril e concertada de gente que se sente ainda português.
Ora escreveu o dr. Soares - pai da nossa democracia - o seguinte no DN de hoje: "A Revolução dos Cravos foi pacífica e tolerante. Não houve perseguições, nem discriminizações, nem violências."... Não posso estar mais em desacordo. No que diz respeito ao miolo do artigo tolerantemente se aceita.
Eu e tantos outros jovens tínhamos na altura (1974) uma visão de esquerda e bastante crítica em relação àqueles que se apropriaram do destino da Nação. Olhávamos para a oposição como se ela fosse composta por anjos bem formados e virgens. Tão depressa essa oposição tomou conta do aparelho do Estado tão depressa começaram as perseguições por motivos políticos como se prenderam pessoas sem sequer as acusar de algum crime. A minha ideia não é falar das prisões que se fizeram só numa noite e em que se prenderam 500 pessoas. Estudantes e professores formaram a maioria. Isto foi pouco tempo depois dos rapazes da tropa terem "libertado" o país. Também prenderam civis e militares. Estou lembrado e bem quando puseram o inocente senhor Artur Agostinho na cadeia. O general Kaúlza de Arriaga esteve 18 meses preso sem culpa formada. Este até se negou a ser libertado pelos novos algozes até que lhe dessem uma explicação. Que nunca veio, está claro. Em Portugal, também chamado de Continental, prendeu-se, matou-se inocentes. Lembro-me das imediações do Ralis... Um pobre casal assassinado pelos novos democratas seguia numa pequena viatura e zás, lá levou com uma rajada. Até um antigo Presidente do Benfica foi para atrás das grades. Imagine, doutor!
Eu sou açoriano e desde que prenderam um irmão meu pela calada da noite - uma da madrugada - a ideia de ser português esfumou-se como as nuvens do Vulcão dos Capelinhos. Sem qualquer razão prenderam dezenas de açorianos porque não pensavam como os novos conquistadores. Aproveitou-se uma manifestação pacífica para imporem o novo poder. Um novo poder assente no terror e no medo. Imagine senhor dr. Mário Soares que se prendeu um chefe de família juntamente com os seus três filhos. Razões? Eram altos e bonitos. Um outro com dois. Até parecia a nojenta polícia inglesa quando arrombava lares de família, prendia e maltratava os irlandeses que se queriam ver livres de uma Inglaterra ou lá o que é. Razões para tal? Ainda hoje as procuramos. Ah, não prenderam mulheres, obrigado. Imagine, doutor que se chegou a levar a tribunal pessoas que chamavam aos portugueses de portugueses. Aos poucos fui acalmando e percebendo que ser português é isso mesmo: basta que nos firam ou nos tirem algum pataco arranjamos logo em seguida uma nova nacionalidade. Veio-me à ideia os homens do Norte que colocaram bandeiras espanholas nas varandas das suas casas só porque lhes fecharam um centro de saúde da meia-noite às oito da manhã. Esse 25 de Abril deu cabo de mim. Hoje, para estar de bem com a minha consciência e porque gosto também de ser português resolvi que devia ter duas nacionalidades: português e açoriano. Não é para o gozo. Falo de verdade. Esquecia-me de contar aquela história acerca de um professor que na altura era meu colega num liceu e que foi expulso da função pública por pensar diferente. É o dr. José de Almeida meu muito querido amigo. O que lhe fizeram foi igualzinho, o mesmo, idêntico, parecido ao que o Salazar mandou fazer ao professor Bento de Jesus Caraça. Rua do emprego e depois prisão com ele. Se José de Almeida não foge teria ficado, também entre as grades . Por favor, senhor dr. Mário Soares, não escreva história. Quando o senhor era Primeiro Ministro do Portugal liofilizado um seu ministro levou umas bofetadas nas ruas de Ponta Delgada e V.Exª. permitiu que numa de retaliação à moda dos americanos que a tropa de choque portuguesa fosse castigar uma população indefesa e que se encontrava nas ruas a passear e alheia aos acontecimentos. Muita gente foi parar ao hospital com a cabeça rachada e a jorrar sangue. A velha bandeira dos Açores foi um dia hasteada num ilhéu. Para logo de seguida ser de lá retirada à força de baionetas comandada por um dos "heróis" do 25 de Abril. Se tivesse sido a bandeira espanhola talvez ainda lá estivesse. É o hábito!!!!!!!!!!!!!! dos continentais ditos portugueses só para chatear.
manuel melo bento

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