O ex-general, antigo capitão de Abril e hoje coronel Otelo disse pela primeira vez uma coisa com sumo no caquético programa de Herman José: não aceitou ser Primeiro-Ministro de Portugal porque não se sentia competente. Ora até que enfim daquela boca sai algo que vai dar que pensar a muito português. Quando o convidaram recusou, mas não se conteve em indicar um colega das Forças Armadas para tapar o buraco que um outro camarada de armas tinha cavado na governação nacional.
O personagem que aceitou ser chefe de executivo já morreu. Sobre ele nada direi em sua memória.
Herman , que toda a gente reconhece ser um homem inteligente, embora ultimamente tenha engordado, quis fazer humor com a Revolução dos Cravos com a matéria-prima que estava mais à mão: Otelo, reconhecido cérebro da famosa revolta dos cravos; e o idiota (Luiz Pacheco dixit) maestro sem orquetra e a filha deste, Madame Medeiros, que é aquela que diz sempre que pode: 25 de Abril sempre! Pudera não, pois come e comerá dela assim como toda a família. Sabíamos que ela era a atriz que entrou no filme sobre o colapso do fascismo português, agora cantora é que não. Herman aproveitou para lançá-la como tal. Herman parodiou o facto histórico e foi muito comedido. Só saiu da linha quando apresentou um pequeno apontamento sobre um capitão pretensamente do 25 de Abril. Ninguém, com dois dedos de sobrancelha editaria tal esgar pseudo-aristofânico. Mas ao querido Herman José tudo se perdoa. Herman pertence por direito próprio ao nosso património cultural pelo que fez no passado.
Quem nasceu muito depois do 25 de Abril de 1974 ficará com uma ideia errada do que foi a conquista da liberdade de expressão e pouco mais. Mesmo assim convém não relembrar o que aconteceu ao jornalista Manuel Maria Múrias que esteve preso 18 meses por ter faltado ao respeito a Mário Soares... depois do 25 de Abril de 1974. Já Salazar estava morto e Caetano espraiava-se no Rio de Janeiro.
O 25 de Abril na estação televisiva estatal foi Otelo, Madame Medeiros e o Maestro. Morreu o 25 de Abril? Há quanto tempo!
Hoje, nas celebrações do evento que tiveram lugar na casa dos representantes do Povo (é o que dizem) surgiu um novo humorista - com classe diga-se - de seu nome Aguiar Branco da facção de direita da mesma casa. Citou Lenine e Rosa Luxemburgo, dois perigosíssimos esquerdistas que fizeram a cabeça a alguns lusitanos. A malta riu-se mas com receio. Os que bebem daquela mistela já há muito que voltaram costas à bíblia dos guedelhudos. Agora é só fatos feitos à medida, camisas que custam tanto quanto uma viatura em segunda mão. O prof. Fernado Rosas até tem um alfaiate secreto.Não comparando, a velha plebe está muito retocada e cheia de ares. Os capitães já estão muito velhinhos e irreconhecíveis. Parecem aqueles desgraçadinhos que se arrastavam penosamente pela Avenida da Liberdade cheios de medalhas e que comemoravam - no tempo do Salazar - a vitória da Primeira Grande Guerra.
Bem, vamos ao que interessa: aqui fica o aviso a essa gente que nos governa (foram eleitos pelo bom e ignorante povo português. Nada a reclamar):
ANOTEM - Caso Portugal saia do Sistema Monetário Europeu, uma revolução vai sair à rua e nada lhes valerá. É que quando Portugal está só , orgulhoso e teso a violência toma conta das boas e das más consciências. Faz parte da nossa História. Não tem muito tempo que se matava, se assaltava a qualquer hora do dia. Leiam e vejam se percebem o que quer dizer um povo de brandos costumes. A bancarrota, a corrupção, a insegurança, a fome, a miséria das famílias apontam para isso. E mais não digo!
manuel melo bento
Sem comentários:
Enviar um comentário