quinta-feira, 25 de outubro de 2012

varett, artista político em entrevista ao pressportugal



texto de paulo rehouve
foto de int/picasa
 
paulo rehouve:
como caracteriza portugal nos dias de hoje?
varett:
portugal é hoje um palco de luta entre uma burguesia que surgiu  cooptada com os dinheiros de um estado construído sobre os escombros da ditadura salazarista e o grosso da população a quem lhe foi permitido maior poder de compra e certas regalias. estas foram-lhe concedidas como meio de a calar enquanto a moderna corja se estruturava por dentro de partidos políticos.
paulo rehouve:
hoje vive-se numa democarcia ao contrá...
(varett interrompe com tosse e risos)
varett:
numa democracia o povo é representado pelos seus eleitos. nós por cá elegemos fantasmas. estes depois é que dão origem à formação de executivos.
paulo rehouve:
faz parte do regime democrático. em alternativa teríamos uma ditadura militar ou civil apoiada musculadamente por forças de repressão. acha que pode apresentar alternativa?
varett:
num regime democrático e ético o povo conhece directamente os seus representantes e estes defendem os seus legítimos interesses. o que nós temos é uma democracia que apenas defende os interesses da nova classe burguesa. é ver-se o que tem acontecido entre nós. toda a legislação tributária recai sobre uma classe média depauperada e sobre uma população empobrecida. em contrapartida os privilegiados desta democracia auferem sempre mais mordomias e regalias. repare-se na linguagem de quem recebe altos benefícios retirados dos bolsos dos portugueses que trabalham: um partido dito de esquerda (ps) afirmou através de um dos seus dirigentes que substituíra  4 viaturas de 60.000 euros por outras de 52.000 fazendo com que o estado ganhasse 8.000. estas viaturas ficavam ao serviço - imagine-se - de passeios oficiais de simples deputados, atrás referidos por fantasmas-deputados. não iriam os deputados de esquerda andar nos carrinhos utilitários. não podia ser. era vergonhoso (digo eu). este pequeno exemplo retirado da nossa loucura democrática ilustra o pensamento que está imbuído naqueles que se acham com direitos usufrutuários de bens púnlicos. ainda dizem que os morgadios acabaram...
paulo rehouve:
como queria que se deslocassem os representantes dos órgãos de soberania? nos transportes públicos?
varett:
vou explicar melhor porque você não sabe fazer perguntas. eu queria que eles se deslocassem nas suas próprias viaturas se as possuíssem, caso contrário  utilizassem os serviços públicos. não existe numa democracia pessoas de classes superiores e outras de classes inferiores. a lei recomenda-o. somos todos iguais perante a lei. sempre que vejo carros oficiais penso de imediato para que servem os impostos a que sou sujeito?
paulo rehouve:
seria bonito ver-se as autoridades sairem dos seus carros  conduzidos pelas mulheres ou familiares e dirigirem-se para o palanque das autoridades nas comemorações do dia 10 de junho. não acha que a honorabilidade das figuras do estado seriam desrespeitadas?
varett:
este raciocínio representa toda a  trampa que o português imbecil tem na cabeça. é muito difícil dar a volta a esse tipo de preconceito como é impossível acabar com as crendices que algumas "autoridades religiosas" impingiram ao povo. que mal tinha se  o senhor professor cavaco, o dr passos, a dona conceição da assembleia, os senhores juízes  presidentes de vários tribunais conduzissem eles mesmos os seus carros? você nunca viu um monarca do norte da europa a deslocar-se sentado numa bicicleta? acha que ele perde alguma coisa?  você e outros que assim pensam são os que ainda não se libertaram de todo o tipo de esclavagismo conceptual. temos muito que percorrer para nos libertarmos de tanto nojo mental. nem mesmo com tanta universidade a cada esquina esta gente muda de neurónios...
paulo rehouve:
acha que com todas estas restrições que sairíamos da crise.?
varett:
o que nos interessa é diminuir os males de que enformamos. ou o fazemos a bem ou a mal senão perdemos o que resta da nossa independência.
paulo rehouve:
a bem, será possível?
varett:
a bem não vamos lá. já experimentou tirar um osso a um cão quando ele está a roê-lo?
paulo rehouve:
então...
varett:
temos de actuar à força antes que fiquemos perante um cenário de guerra civil.
paulo rehouve:
e como acha que isso deve acontecer?
varett:
para não chegarmos a vias de facto e derramamento de sangue, terão de ser os militares quem deve actuar no sentido de retirar de todos os cargos de soberania os que fizeram perigar a segurança do estado. tanto a assembleia da república, governo e tribunal (político) constitucional devem ser dissolvidas por cavaco silva que logo após pediria a demissão sendo de imediato substituído por um juiz do supremo tribunal de justiça indicado por este órgão. este presidente substituto convocaria de imediato eleições para uma assembleia constituinte. daqui saíria um regime de característica presidencialista para responsabilizar todos os actores políticos identificando-os com os seus actos.
paulo rehouve:
e quanto aos partidos?
varett:
os actuais seriam julgados de imediato nas pessoas que os orientaram criminalmente e acabar-se-ia de uma vez para sempre com os partidos fantasmas. os circulos eleitorais passariam obrigatoriamente a apresentar os seus deputados e a responsabilizá-los pelas suas actuações. os chefes dos partidos não poderiam interferir nas campanhas eleitorais a não ser na  circunscrição a que concorreriam. a lei era para ser cumprida sob pena de acusação imediata e procedimento judicial. legislar  contra os interesses povo daria lugar a suspensão imediata de funções. as regiões insulares seriam contempladas com partidos regionais com as mesmas características das do portugal do continente europeu. isto se as suas populações assim o desejassem.
paulo rehouve:
estará na sua mente a independência das ilhas?
varett:
a independência das ilhas é uma questão económica. quem assim não pensar é porque não estudou a história de portugal. como sabe, as condições que a burguesia nacional armadilhou o país permitiram transformar um portugal independente (o quanto possível) numa região autónoma da europa que se gere pelo sistema monetário europeu (do qual a grã-bretanha não faz parte...). neste momento é quase anedótico pensar-se  os açores, por exemplo,  independentes sem antes preencher certos requisitos. primeiro era preciso saber-se se essa independência seria do portugal pouco independente, se da europa do euro ou se da américa que é quem regula e manda naquela zona. mais, os americanos nunca estaríam disponíveis a que uma região - como os açores - fosse palco de perturbações político-sociais, o que na sua "leitura de paz" poderia fomentar comunismos e credos aparentados.
paulo rehouve:
voltemos ao país. como sair dos tratados internacionais das parcerias público privadas e outras jogadas oficialmente  mafiosas  que foram organizadas para sacar directamente dinheiro ao erário público e indirectamente ao povo?
varett:
no tempo do general de gaulle quem investisse na frança não podia fazer retirar os lucros para fora dela. teríamos de actuar da mesma forma. isto é, enquanto as nossas finanças não forem equilibradas o dinheiro teria de ser reinvestido em portugal. e só depois das nossas contas regularizadas é que   seriam autorizadas as transferências. uma coisa teria de ser implementada: no que diz respeito ao prourador geral da república, este teria de ser indicado pelo órgão de soberania que dá pelo nome de tribunais. neste órgão seriam admitidos os advogados e funcionários judiciais nas proporções devidas. isto é, o pgr teria de ser sujeito a um escrutínio dos grupos que o enformam.
(continua)
 

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