segunda-feira, 15 de outubro de 2012

a autonomia dos açores não é o que parece

nunca umas eleições regionais tiveram tanto impacto na comunicação social portuguesa. os açores são uma autonomia sem partidos autonómicos. foi por esta razão que os votos dos açorianos que vivem a 800 milhas de portugal obtiveram tanta importância no pensamento "croniconista" dos politólogos de serviço a este interregno político ( entre a ditadura "pacífica" do estado novo e a democracia "prequista em continuação"). assim, ouvimos um passos coelho assumir toda a culpa  dos crimes do mundo social-democrata. uma espécie de cristo aprendido na catequese que morreu pelos pecados dos homens que tinham morrido e os que haviam de morrer quando chegasse a sua vez. parece que ele entende o psd/açores como um dedo alongado do psd nacional. no entanto, bem quis a drª berta cabral, sem sucesso, deslocar-se do actual amontoado de antidemocratas que abocanharam o poder e os dinheiros públicos e que fazem parte do seu pacote partidário que está condenado pelo povo. apesar do desastroso insucesso de domingo,  berta cabral pode passear-se pelas ruas autónómicas sem correr o risco de ser vaiada ou ferida por algum infeliz que esteja no desemprego ao contrário do que poderia acontecer a passos coelho e a mais algum dos seus colaboradores a quem o bom povo chama de ladrões se se atrevessem a sair à rua sem as centenas de guarda-costas. são diferenças fundamentais embora não surjam à superfície porque os açorianos sabem que ficaram agarrados a portugal para sobreviver e sem alteração do  actual modelo de colonialismo político entrariam em implosão. quanto à vitória socialista, nada a dizer dado que são o resultado da soma dos votos entrados nas urnas. césar criou um estado federal açoriano recheado de uma diplomacia nunca antes usada no país. em vez de césar se dar a ser substituído por vasco cordeiro numa cena de despedida chorosa, vimo-lo a actuar como lula da silva: fazer campanha ao lado de dilma rousseff sua  vitoriosa substituta a quem coube saborear o lado positivo da sua governação. quando vasco cordeiro foi indigitado herdeiro da única região socialista portuguesa houve quem julgasse que essa indigitação era um presente envenenado. mais, quando césar o colocou em duas secretarias disseram que era para o queimar. nada disso correspondeu à realidade. césar não herdou a liderança dos açores. ele a conquistou e a estruturou solidamente. é fácil esbanjar o que se herda, mas o que se constrói com sacrifício e inteligência não sai das mãos tão ligeiramente. berta cabral perdeu para um  quase desconhecido da população açoriana. ainda há coisa de 3 meses muito eleitor não sabia o nome de quem iria votar  para substituir césar. não foi bonito de se ver vasco cordeiro na hora da vitória não ter expresso a qualidade  de "autonomia nova" que césar criou e que deixou madura para quem ele escolheu para a papar. (será que césar assim o quis para dar mais responsabilidade a quem o vai substituir... e dar mais uma lição política?). governar os açores é obedecer a lisboa. os açores precisam descolar de portugal o mais rapidamente possível para não serem arrastados para o desastre que se anuncia. um modelo de independência mas não de separatismo urge  para nos mantermos afastados do cataclismo europeu que se adivinha. será vasco cordeiro um dom pedro IV? termino por aqui porque vou ver o cerco ao parlamento português em directo pelas estações televisivas portuguesas. estes gritos que ouço vêm de muitos que para além de estarem desempregados não têm com que se manter alimentados...
manuelmelobento

Sem comentários:

Enviar um comentário