sábado, 27 de outubro de 2012

louçã quer ser presidente da república/conclusão da entrevista de varett

paulo rehouve:
para onde nos levará a gestão do psd-cds/pp?
varett:
muita gente sabe que esta política - de uma falsa social-democracia - tem com estratégia entregar à iniciativa privada a quase totalidade das tarefas que cabem ao estado português e que vem expresso na constituição (e subsequentes alterações) portuguesa. o último golpe já está em andamento, isto é, vão desmantelar as juntas de freguesia. a seguir vão atrofiar as câmaras municipais.
paulo rehouve:
as câmaras municipais, como?
varett:
as juntas de freguesia e as câmaras municipais têm sido um verdadeiro empecilho no investimento imobiliário e negócios adjacentes, daí que os poderes que detêm - mais as câmaras, evidentemente - irão passar para os ministérios. é que para se investir à tubarão é preciso correr com a média e baixa corrupção aliadas com a burocracia. mais, com a redução do número dos tribunais haverá uma só "política judicial". mais uma vez está na mira o fazer-se acelerar as disposições que vão facilitar o investimento estrangeiro. é para onde apontam estes desmancha-estados-sociais.
paulo rehouve:
e não acha que o investimento externo é fundamental para o desenvolvimento do país?
varett:
esta questão não se coloca desta maneira pois estávamos a falar na destruição do estado português pela acção mais detestável do capitalismo selvagem que tem como agentes infiltrados os actuais social-democratas. o investimento externo é necessártio, sim senhor, mas tem regras. e não tem sido por causa dele que os povos se desgraçam. quem tem impedido a regular cadência do investimento externo são os "empresários estatais" e os seus lacaios-deputados-secretários-de-estado-ministros que não estão interessados em permitir que venham estranhos coartar-lhes os lucros. o estado português recebe investimento dele próprio...
paulo rehouve:
é melhor explicar...
varett.
repare-se no investimento das grandes empresas que dominam o mercado nacional. estas mantêm-se indo financiar-se no estado (que faz de banca) que por sua vez intermedeia  e avalisa-as numa tal banca "associada". e fazem-no através de golpes inteligentes. veja-se, por exemplo, os grandes fornecedores permanentes das grandes obras estatais que parecem ter contratos para toda a vida. estes grandes empresários nunca declaram falência, pois eles são parte do estado e como este vive de impostos, aqueles também o fazem mas indirectamente. aliás esses "empresários-estatais" apresentam uma caracterítica estrutural montada no  alto funcionalismo estatal que  os servem. parte desse funcionalismo são ministros-ex-ministros, secretários de estado-ex-secretários de estado, deputados no activo. mais, alguns altos  funcionários bancários participaram em governos e neste esquema. não é de espantar que os outros empresários entrem num processo de falência pois não pertecem a este grupo de privilegiados estatais e não têm onde procurar financiamento. todos aqueles que entraram no esquema vendendo a alma ao diabo encheram os bolsos com muito dinheiro e alcandoraram-se em tachos bastante fumegantes.
paulo rehouve:
acusou há pouco apenas os social-democratas. e o cds?
varett:
em abono da verdade, os democratas-cristãos foram apanhados numa armadilha para a qual não estavam preparados. a sede de ser poder toldou-lhes o raciocínio e não sonhavam sequer que o novo grupo de social-democratas preparava o fim apressado do portugal pós 25 de abril. o antigo cds votou contra a constituição de 76 por que entenderam os seus líderes da altura que aquela iria destruir o portugal histórico. hoje, tudo leva a crer que mais cedo possível desfaça a coligação por motivos parecidos. o cds-pp espera pela primeira porta aberta por onde possa escapar ao que aí vem e que sem querer se tornou cúmplice. neste momento há a realçar o trabalho de mota soares, pois este ministro "cristão" deu o salto para a bancada da social-democracia, e isto porque está a actuar contra as linhas impingidas por portas quando - qual frade franciscano - ia de feira em feira abençoar os pobres com promessas celestiais.
paulo rehouve:
o ps fica livre de tantas acusações?
varett:
os socialistas parecem presidiários quando se apanham em saídas precárias e depois de se terem sujeitado a lavagens cerebrais. tanto o ps quanto o psd transformaram-se em duas grandes multinacionais que competem no mercado português. sempre que uma destas companhias se encontra em expansão a outra tende a dar cabo dela. vem de longe (anos 70) as falcatruas que tanto ps quanto psd se viram envolvidos. estou a lembrar-me de um governante socialista do tempo de mário soares que foi acusado de ter metido ao bolso milhões, de ter sido levado a tribunal... um secretário de estado de cavaco silva foi condenado a prisão: 4 anos. só lá esteve um mês. daí para cá. bem, peça informações à pj para ser melhor informado.
paulo rehouve:
acha bem que os campos de futebol e as propriedades da igreja cristã apostólica romana não estejam sujeitas ao imi?
varett:
o que eu acho não interessa nada. mas se me perguntar por que razão aquelas instituições para além de não entrarem com nenhum para as finanças ainda sacam do estado português milhões, dir-lhe-ia o seguinte: vamos supor que o estado, a igreja e o futebol são uma laranja. a casca representa o estado, o sumo a igreja e as fibras representam o futebol. era o fim do rectângulo pensar desmembrá-las... não se esqueça que portugal é portugal porque roma assim o determinou. hoje, é um tudo nada diferente mas mantém-se a hegemonia religiosa do credo cristão no estado. eh pá, prefiro o cristianismo a outro ismo que me corte o pescoço por não respeitar um verso ou uma quadra. o futebol  faz parte do lúdico que leva ao fanatismo. temos todos um pouco lúdico e de pagão. de pagão se espera tudo e do lúdico o fanatismo. a história fala dos que retalhavam os corpos de belas jovens para oferecer os seus corações aos deuses. haverá algum político com coragem para mexer na laranja?
paulo rehouve:
como entende a remodulação ministerial?
varett:
para já, não houve remodulação ministerial mas sim secretarial. passos coelho governa à velhaco. ele sabe que o seu governo perdeu a componente afectiva que é do agrado dos portugueses e remeteu-se ao cumprimento de um programa económico do tipo americano que não tem entre nós cabimento. remodelar o governo implicava substituir vitor gaspar, álvaro pereira, ministra teixeira da justiça, o ministro mota e o caluniado relvas. ao contrário de josé sócrates que dava muita importância às más línguas (foi assim que ele correu com o cientista da economia, com o ministro da saúde por causa de certas medidas que afectaram os médicos e outros que já não recordo. sócrates tinha sensibilidade para a acção política o que fazia com que atrasasse o projecto socialista - se é que havia...) passos - que já tinha mandado as eleições ao lixanço - tem um objectivo do qual não recua a não ser que lhe empurrem da varanda de pilatos e que fique de tal maneira inoperante que não possa nunca mais sentar-se no cadeirão de pombal.
paulo rehouve:
qual o papel de cavaco silva neste destruir do estado social?
varett:
o professor cavaco silva nunca se identificou com o estado social. neste momento, o seu silêncio torna-o cúmplice do que irá acontecer ao país. cavaco é o homem da economia de mercado, e nesta não há aquela sensibilidade para os que menos têm. só um homem despido da interioridade do humanismo cristão com que falsamente se retrata  diria a um povo à beira da pobreza que os seus 10.000 euros mensais não lhe chegavam para as despesas.
paulo rehouve:
como interpreta a saída de louçã da assembleia da república?
varett:
se está na mira de francisco louçã vir a candidatar-se à presidência da república, penso ter sido cedo de mais. devia ter aproveitado para melhorar ainda mais a imagem neutral  que quis imprimir ao longo da última estadia em são bento. as grandes "vitórias" que ajudou a construir mais não foram do que uma espécie de cristianismo politizado de marxismo. é - talvez - o único homem de esquerda/esquerda a quem o povo eleitor não teria receio de colocar em belém, tal foi o modelo de salão que cultivou que até gente da sociedade o acha "simpático".
 

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