sexta-feira, 5 de outubro de 2012

ainda bem que o charlot não estava no 5 de outubro

 
 
há muitos anos (60+/-) o meu tio eduardo levou para nossa casa uma máquina de projectar filmes. ainda me lembro de um que nos fez rir até às lágrimas. charlot brigava com um gigante e fazia dele uma figura caricata. às tantas, o cómico inglês dava um pontapé no grande rabo do malvado pondo-se  a correr de imediato com as pernas cambadas e com o pingalim que sempre o acompanhava. eh pá, que alarido fazíamos quando o charlot se ponha a salvo da maldade dos horríveis criminosos! aos poucos, com o crescer, comecei a ver um outro charlot. imitava o ditador hitler ridicularizando-o, defendia os desgraçados e os descamisados com um humor anacrónico. numa das cenas vimo-lo a comer uma sola de sapato e a dividi-la com um pobrezinho. acho que foi até proibido de entrar na américa pelas suas ideias. eh pá, aquilo é que era rir! hoje, ainda não consigo parar de rir quando vejo imitações de ditadores a serem ridicularizados em determinadas situações. esta semana foi pródiga em charlotices. comecemos pela últimas difundidas pelas estações de televisão. mal acabaram as comemorações à charlot do 5 de outubro, os ministros do ainda governo misto que nos parasita, saíram a correr para os nossos carros (topo de gama que eles utilizam descaradamente) com medo do poveco que quando os vê na rua lhes quer comer o fígado. já há gente a passar fome... olha, pareciam uns charlotes a fugir. ah, não tinham era bengalim, mas não faltavam os guarda-costas. as comemorações foram fechadas à cambada das manifestações. o poder está atento! não fosse surgir uma manifestação espontânea e era um caos barulhento e medonho. o presidente a discursar e ninguém a ouvi-lo devido às frases gritantes da ordem que eu me escuso de repeti-las para não ficar com as bochechas a arder de tão ordinárias que costumam ser. nisto, uma charlotita cantava uma ária de um compositor nacional de "esquerda" tendo como assistentes todas as estações de televisão. ao mesmo tempo uma senhora tenta furar -  sem o conseguir - o cordão policial da festa privada dos republicanos. quando foi travada deu em gritar a sua miséria de vida. que faria o verdadeiro charlot perante tão degradante viver dos portugueses? penso (porque é, não posso?) que ele arranjaria maneira de roubar os sapatos da mulher do presidente e com eles faria uma lauta refeição com a recalcitrante senhora, pois o couro que se ajusta aos pés da residente de belém deve ser macio e bom de comer. espera! espera! está a dar na televisão do estado (fossa rtp) o astear da bandeira. olha! ah! ah! ah! ah! ah! ah! ah! ah! já não me ria tanto desde as conversas em família do prof. marcelo caetano requisitadas pelo almirante américo thomaz numa aflição intestinal e reproduzidas na revista do pintor josé vilhena.
mmelobento

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