diziam alguns estarolas logo pós a queda do velho império que o voto era a arma do povo. antes, isto é, no tempo do velho e bondoso salazar (não encontro outro macho ibérico a quem possa recorrer para referenciar a história portuguesa do passado recente), o povo era uma chusma de gente que não se lavava, comia mal, trabalhava por conta dos senhores, era mal paga, uma vez levada a tribunal por delitos normais era raramente inocentada, era vigiada pela polícia política e pela igreja de cristo através dos seus sicofantas e coreutas dominicais. essa chusma de gente quando acasalava, como não tinha distrações, relacionava-se como os cães. faziam sexo, perdão, fodiam 7 dias por semana. havia mulheres que pariam tanto quanto uma coelha. era povo por todo o lado. imagine-se que até pelintras da nação como eram os fiscais dos mercados camarários, habilitados com a terceira classe do primário, davam-se ao luxo de terem uma criada de dentro e outra de fora. os progenitores desses escravos (?) mal os ponham ao mundo sabiam que não os podiam alimentar e assim que podiam cediam as filhas a partir dos 13 anos para o mercado doméstico das cidades. conheci um médico que me contou que o seu avô tinha vindo para a cidade para servir numa mercearia com a idade de 11 anos. davam-lhe cama e mesa. como tempo livre tinha aos domingos o tempo suficiente para a sagrada missinha. assim por alto, pois não tenho à mão as baboseiras do ine, acho que a maioria da população vivia miseralvelmente. não - diz-me bastante convencido um amigo que sempre viveu bem - o povo vivia sem passar fome, e os que trabalhavam até que se safavam bem. bom, não era nem é a minha opinião pois conheci o povo bem de perto. vejam só: as casas onde habitavam as famílias dos portugueses eram compostas por duas assoalhadas (de três eram raras). com famílias inteiras compostas por quinze a vinte indivíduos a viverem nesses espaços exíguos, como acha o leitor que era a vida deles? sem casas de banho - isto é um facto! nos açores, aquando das campanhas do doutor mota amaral eu cheguei a ouvir alguns pedidos dos populares: eh senhor, dê-me um dinheirinho para agente fazermos uma retrete dentro de casa. mota amaral fartou-se de fazer com que a maioria dos açorígenes passasse a defecar dentro de casa. também me fizeram relatos de como comiam. muitas vezes três chicharros eram divididos por tanta gente. e se por acaso tinham algum cachorro - nessas alturas o pobre animal comia as fezes que encontrava nos caminhos de terra que só levaram alcatrão depois do 25 de abril. já sei, já sei. o 25 de abril teve coisas mais positivas que negativas. e este juízo depende do ângulo com que é analisado... quem perdeu privilégios sente-se mal. os outros - e foram muitos - pelo contrário estão como nunca estiveram. os actos eleitorais são, hoje, um artigo de luxo. o pior é que só os mais teoricamente politizados acham que o voto é mesmo uma arma. é que o tal povo não está virado para a caixa das urnas. bem, vou acabar com esta tralha: o giro, o mais giro de tudo é que foi a classe bem comida, bem bebida, bem paga, bem instalada quem deu origem a que o povo que - não vota - tivesse melhores dias. este é um povo que não vota!!!. fazem o trabalho por ele. e ele? vive mal, mas não trabalha e já nem produz o que come. vive mal, mas recebe pensões de miséria. mas é com esses misereres (?) que sobrevive, visita as grandes superfícies, vai de carro para as praias sempre que há sol. fica satisfeito quando lhe oferecem estádios de futebol à barda. vai de peregrinação todos os anos ao santuário das visões de uns meninos cabreiros. este povo que era magro de fome. repito magro de fome, está sofrendo de obesidade. está ao contrário a sofrer por estar a comer como os porcos, perdão como os americanos. para acabar: e não é que com os golpes na nossa economia, os queridos da direita em vez de defenderem a sua bandeira estão preocupados com as pensões dos mais carentes. isso é o papel da esquerda. esta, no entanto, é que está a fazer o papel de mazinha para equilibrar as contas públicas. estão portas e passos indignados por o ps-capitalista estar a querer congelar as pensões dos pobrezinhos. no entanto, no que diz respeito ao assalto a quem vive do seu trabalho, estão ávidos para os penalizar. a verdade é que os pobres só consomem. a culpa não é deles, mas sim dos piratas que assaltaram o estado e criaram este estado que se denomina de social, mas mais não é do que uma grande superfície comercial. eu não voto porque não concordo com a política do mantém o pobre vivo assaltando o trabalho e a bolsa da classe média esmifrando-a até esta ficar com uma mão atrás da outra. acabe-se com a pobreza, sim senhor, mas não nos transformem em novos pobres. mas afinal quem é que é pobre? uns recebem casa de graça. quando as crias se tornam grandes, o estado aluga-lhes casa a 4 euros que eles não pagam. tem rendimentos mínimos. vivem a chorar mas estão gordos e anafados. os que trabalham não conseguem pagar as prestações da casa. os milhões de carros que circulam nas nossas estradas estarão já pagos? o dinheiro não estica precisamente para os que trabalham. e como é que estica para os pobrezinhos? um milhão e quinhentos mil pensionistas; 700 mil desempregados ( existem empresários agrícolas que estão a receber imigrantes do vietname para trabalharem as suas explorações porque aos parasitas dos desempregados não lhes cai bem trabalhar no campo ...); minorias a receberem fortunas e em contrapartida nada retribuem. bem, portugal é uma mentira. termino já. bem bom que não disse nenhum palavrão neste texto. estou a ficar delicado. porra, até que foi bom.
mmbento
ps: aquela do pintelho (é assim que a gente no meio do mar chama aos pentelhos) está para o projecto-papel do psd com 124 páginas como a corrupção está para a loção de barbear.
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