quarta-feira, 26 de junho de 2013

apologia de mário soares ou o julgamento político de soares por varett


às vezes dá-me para fingir de intelectual - coisa que abomino dada a sua conotação com os pensadores nacionais alimentados pelo erário público distribuído pelos amigos e publicitados por alguma farelagem da comunicação social (desta democracia). ora, como o verão me veio obrigar a parar a minha actividade (ah, ah, ah!), lembrei-me de fazer como kant - que detesto por inveja - uma reflexão universal sobre as três vias para portugal e para os portugueses. digo eu já que kant já morreu porque nasceu, claro está. ah, lá de vez em quando leio uns trechos dos textos de platão para retirar alguma ideia, melhor roubar alguma ideia, tal como  faz a maioria dos filósofos. muitos deles também andaram a meter a mão nos direitos de autor. bom, melhor começar já antes que este artiguelho seja sobre mim - o que não era mau. ora vamos a mário soares: "alguém poderá dizer-me - "uma vez fora de atenas, digo lisboa, sócrates, perdão soares, não serias capaz de viver quieto e calado..." qualquer coisa como uma tradução que pinharada gomes fez da apologia de platão para a guimarães. soares é hoje um alto repositório de conhecimentos e de "truques" sobre a política europeia. na europa comunitária ninguém está à altura da sua mentalidade. antes de continuar devo dizer que detesto mário soares desde 1976 aquando da invasão da tropa de choque que bateu na população da minha terra (são miguel) para vingar um tal almeida santos esbofeteado por retornados de angola. mário soares era na altura primeiro-ministro... para mim está feito. porém, querendo fazer um juízo sobre portugal tenho  de ser imparcial o melhor que puder. o que for, de facto, fanatismo, pois que me perdoem. estão a ver a diferença entre um durão barroso e mário soares? durão é como um insecto sem ferrão ao lado de soares. de nada nos serviu ao ser nomeado para um cargo onde tinha obrigação de zelar pelo país que ele ajudou a afundar.
as três hipóteses para portugal: a do psd, a comunista e a de mário soares
a) a via durão, empresários gananciosos, psd e alguma franja católica do partido socialista para portugal caracteriza-se por impor uma austeridade que assenta no modelo americano (operário ganha à peça). máximo rigor para máximo rendimento. exige-se de quem trabalha o maior esforço e em troca paga-se esse esforço com boa remuneração. só que se o trabalhador quiser que os filhos frequentem uma boa escola terá de pagá-la do seu bolso. a escola pública é uma bosta. estão a ver os kennedy a assentar o traseiro num banco dessa escola? não! o trabalhador adoece. tem direito a tratamento social-estatal? não! ou tem dinheiro ou tem um seguro de saúde senão vai morrer longe que é para não enjoar por perto. quanto à reforma? bem, experimentem a viver com ela e vejam se se dão bem com ela. mas porquê falar do sistema americano se vamos tratar de portugal e um pouco da europa? durão foi colocado à frente da comissão por indicação dos estados unidos. estes preparavam-se para pôr a europa em sentido por causa do seu sistema monetário. o euro nasceu para combater o único adversário à época que era o dólar. o sonho europeu era o sonho anti-dólar. os estados unidos permitiram tal descaramento porque sabiam que o euro tinha os dias contados. ou, como compensação alterna a essa ousadia a europa alinhava com a política externa dos eua, o que quer dizer colocar o petróleo sob a alçada das suas forças armadas e aliados a todo o custo. foi assim que durão vendeu o que restava de dignidade de um país como o nosso aliando-se sem consultar o povo português no acto criminoso que foi a destruição do iraque-petroleiro. aquela foto dos quatro não me sai da cabeça: um era o george bush do petróleo, o outro o aznar da espanha (direita-direita espanhola), de sorriso aberto o blair "inglês"  e finalmente o lacaio que viria a ser muito bem recompensado por ter permitido que a terra do santo cristo servisse de plataforma para o cometimento de crimes contra a cultura humana do oriente. esta tomada de posição traria - para pôr cobro ao descalabro social de uma europa tresloucada em gastos sociais - um período posterior de austeridade. a austeridade é o plano da social-democracia e da direita  para a europa. a austeridade verifica-se até na alemanha porém,  não damos por ela porque os povos germânicos trabalham mais horas sem fazer greves nem reivindicações desnecessárias e são povos organizados e funcionais. o resto da europa que treme diariamente com manifestações, greves e violência nas ruas mais não faz do que reagir à austeridade. o cancro do desemprego tomou conta dela. espera-se uma guerra para anunciar o stress. nada do outro mundo. (o desemprego falará mais alto)
b) solução comunista:
na prática um desastre, mas na teoria algo parecido com o cristianismo pacífico longe do medieval... é certo que se acabaria com o desemprego quando todo o tecido produtivo e a totalidade dos meios de produção pertencessem ao estado. como haveríamos de subsistir sem ajuda da europa não comunista quando começasse a faltar os principais meios de sobrevivência? ajuda de cuba? como a que fidel organizou para angola? toda a gente a trabalhar no campo? o que aconteceria à banca? haveria uma banca comunista? para servir quem e o quê de capital? portugal de senha na mão? o que aconteceria aos beneficiários? quem os alimentaria? o fadinho serrano? o corridinho do algarve? para impor um regime de esquerda segundo os cânones do pcp era preciso desencadear uma guerra-luta de classes. voltaríamos ao século XIX? ora matas tu hoje que amanhã serás morto se já não estiveres? o pcp defende a democracia. não consigo perceber, pois ele não respeita o resultado das urnas logo a partir da contagem dos votos. está, como eu, a chamar estúpido o povo, palavra com que enchem a boca os seus líderes estabelecidos aquando do actos eleitorais? creio que a resposta está no que fizeram os comunistas após o 25 de abril nas áreas onde dominavam.
a solução soares:
mário soares até já foi comunista. quer dizer que quando ele resolveu meter o socialismo na gaveta a europa só permitiria um certo tipo de esquerda na sua área de influência. se mário soares não mete o socialismo na gaveta portugal, na altura, tornar-se-ia a cuba hispânica. e candidatos a fidel havia-os aos molhos. indo por esse caminho adeus dinheiros da europa. ou será que havia um fmi russo? quando fidel e a sua tropa de barbudos tomou havana um dos primeiros actos oficiais foi o de fuzilar o chefe da polícia que ficava com o dinheiro dos parquímetros. quer dizer, o que não fariam alguns dos nossos queridos neoguerreiros se se apanhassem com armas na mão e o poder discricionário de fazer justiça comunista pelos próprios dedos no gatilho? ora soares tinha viajado pelo mundo e dele tinha tirado lições sobre o comportamento dos soldados das revoluções quer de feição militar quer de civis. se salazar com os seus truques conseguiu que não fôssemos morrer na frança ou na alemanha numa guerra horrorosa, mário soares evitou que nos matássemos uns aos outros. meus caros, só os bananas não entenderam a tomada de posição contra terroristas de estado ainda por cima armados com que ele os enfrentou civilmente. por que abafam a sua intervenção na fonte luminosa nos dias de hoje? não foi há muito tempo. pouco faltou para que o sangue da malta não jorrasse pelas ruas de lisboa que é o palco preferido para as actuações dramático-políticas. naquela altura os políticos não se resguardavam com tantos guarda-costas como os de hoje. é vê-los, simples secretários de estado, com um à frente e outro atrás por causa das coisas. e ainda a coisa não aqueceu como devia. mário soares teve vergonha na altura de se proclamar social-democrata, no entanto todos os seus contactos europeus o eram. mesmo o mon amie que se intitulava socialista mais não era do que um verdadeiro lord social-democrata. socialista na frança naquele tempo até que dava pica. como na altura pós 25 de abril passámos todos a ser perigosos esquerdistas, ai daquele que se autoproclamasse de democrata-cristão ou social-democrata em certas zonas. mário soares teve de refazer o portugal capitalista que dava de comer à malta dando origem à reprivatização da banca, dos seguros e de grandes empresas que tinham sido transformadas em ossadas pela sanha colectivista. eanes, na altura presidente da república, era um ignorante politicamente falando, acabou por impedir o projecto de recuperação económica soarista demitindo-o. abriu as portas ao grupo sá carneiro e daí para cá foi o que se viu até que ps e psd acabaram por enterrar o machado de guerra e dividir irmamente os dinheiros do estado pelas suas clientelas. estas estão na origem das suas vitórias eleitorais. ninguém ganha uma eleição se não tiver ajuda em dinheiro de gente de todo o tipo que depois vai cobrar com juros esse seu acto (ilegal ou ilegal, conforme as becas). mário soares que é um burguês tipo churchill viu-se envolvido em lutas internas no seu próprio partido. o que foram essas lutas? uns queriam continuar a ser marxistas. soares olhava para eles como se eles ainda usassem fraldas. criaram um secretariado para o derrubar. constituíram-se em opositores. imaginem, os socialistas a apoiarem eanes à presidência, um homem que só tinha conhecimento de armas. sabia menos de política que o almirante américo thomaz. soares foi o primeiro político a perceber que a divisão partidária estava a sangrar o país, daí que surgisse como sua construção o bloco central para que no exterior portugal pudesse ser considerado uma democracia a sério e pudesse adquirir créditos. às tantas soares viu-se rodeado de oportunistas internos. ao querer livrar-se deles, isto é de afastá-los dos cargos do estado, acabou por receber deles as maiores patadas para além de demonstrarem uma total ingratidão. sem soares eles não passavam da cepa torta. soares deu-lhes vida, porém, devia ter-lhes metido na cabeça que eles de pouco valiam e que se cuidassem politizando-se mais e melhor. soares é eleito presidente da república por mérito pessoal. soube propor um discurso que media o país real. combateu o lirismo de alguns politicos ancilosados demonstrando 
um caminho e um objectivo europeu. interpretou esse sonho e defendeu-o com verdadeiro pensamento lógico. aí, a meu ver foi demasiado metafísico. acho que lhe faltou compreender melhor o egoísmo capitalista inerente à humanidade (a parte dela, claro). bem, acho que já estou a exceder-me para uma crónica. vou terminar com duas palavras acerca da última (creio) entrevista de soares. só uma vida recheada de um saber político poderia oferecer ao interesse público aquele tipo de lição. recebeu críticas de pessoas que vêem com outros olhos o mundo. qual o problema? é esta a democracia burguesa que soares defendeu sempre. uma burguesia civilizada e charmosa aberta à livre expressão do pensamento.(1) será que estes indígenas perceberam? oi que não. bem. qual a solução de soares para o país? já ia escapando. "em democracia temos que encontrar soluções. não podemos afundar-nos a chorar." isto quer dizer que o diálogo político organizado, consubstanciado em diplomacia enérgica mas charmosa onde pontifique conhecimento da história da política económica possa dar azo a uma governação que não espolie o povo que é afinal quem deve beneficiar com a acção da política e os políticos. melhor dizendo: devemos e queremos pagar. só que ainda não o podemos fazer. vamos discutir a dívida! estica daqui encurta de acolá. o nosso país tem futuro! é preciso meter isso na cabeça dos senhores do capital da europa comunitária. muito suavemente que eles ou elas abrir-se-ão tal é (será) a beleza do nosso discurso. termino. façamos justiça a um homem que fez a história de portugal nestes últimos 40 anos. soares tem 90 anos. não deixemos o arrependimento para só quando os livros no-lo lembrarem.
varett
(!) - há trinta e tal anos fui condenado por abuso de liberdade de expressão precisamente por ofensas ao então primeiro-ministro mário soares. fui condenado a pagar-lhe uma indemnização. porém, fiz-me esquecido e ele não deve ter tido conhecimento de tal.ele nunca precisou de dinheiro. até deu uma de vintes ao luíz pacheco. muita massa naquele tempo. uma coisa que me parece ainda incorrecta da parte de mário soares foi o facto de não ter condenado as prisões que os democratas fizeram em inocentes que democraticamente não opinavam da mesma maneira que uns quantos que açambarcaram o poder. em relação ao europeísmo, não me parece que seja a melhor solução para portugal. sem fronteiras? sim, mas vigiadas. estamos rotos. ah, já sei. é para dar trabalho às polícias europeias. de acordo com o que disse mário soares de durão. sim. porém, interpreto como uma crítica encapotada à comunidade europeia. engano-me?

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