terça-feira, 10 de abril de 2012

varett responde a paulo rehouve acerca da participação dos deputados nacionais


paulo rehouve:
como vê o trabalho dos deputados nacionais na assembleia da república?
varett:
fazem-me lembrar as manhãs do hilariante goucha. atrás dele e da gritante loiraça que faz de partenaire estão dezenas de mulheres que ao menor sinal do seu maestro começam a rodar com ambas as mãos no sentido dos ponteiros do relógio. não sei se é para não pegarem no sono ou se para outro fim. o que sei é que as mulheres fartam-se de rodar as mãos que deviam estar na cozinha. já sei que isto é reaccionário visto que elas têm todo o direito de viver do rsi e de uns garetos televisivos. mas para terminar e responder à pergunta devo dizer que os deputados não servem para nada. nada mesmo.
rehouve:
pode justificar a sua resposta?
varett:
você só me dá trabalho. ora veja. de que serve aquelas ameixas estarem a discutir durante semanas uma proposta qualquer se no final a votação já está determinada com antecedência pelos donos dos partidos que em tudo mandam? eu penso que aquilo é mais uma escola de retórica do que outra coisa qualquer. os deputados andam, nos períodos antecedentes às eleições, a prometer mirabulâncias que depois não se concretizam. o eleitor quando se sente defraudado não tem a quem pedir contas acerca das suas espectativas. este tipo de democracia caíu no esgoto da abstracção. ninguém é objectivamente responsável por nada. claro, existem excepções que surgem quando algum deputado tornado governante é chamado a prestar contas de fugas de capitais detectados pelo tribunal de contas. e mesmo assim só quando perde eleições.
rehouve:
mas é de lá que saem as leis. não acha que essa crítica é demasiado atroz?
varett:
estamos a falar de desgraçados que são manipulados pelo sistema democrático. a manipulação só existe quando eles se agarram ao lugar de representantes do povo como um emprego de futuro e não o querem largar. até comem merda se tal for necessário. com perdão da comparação, claro. falou nas leis. ora bem. repare no que vou dizer que com a minha idade não sei se terei mais alguma oportunidade de repetir. as leis que aparecem em são bento para ser votadas são elaboradas por grupos de especialistas que trabalham em empresas privadas de consultadoria. aí é que elas são construídas para tomar a forma final na sua aprovação. em são bento existem dezenas e dezenas de advogados que prestam serviço nessas empresas. mas que pouco ou nada percebem de leis. o papel deles é apenas fazer de número para votar. não, não são especialistas. são apenas correias de transmissão dos seus donos privados e de seus interesses. quem faz de especialistas são os velhos advogados (umas grandes trutas) que se servem de juristas estrangeiros batidos na batota de enganar o povo. estes é que ganham e fazem ganhar muitos milhões. aliás, só quando a temperatura sobe perigosamente (quando o povo começa a movimentar-se por causa da fome) as leis e os seus criadores fazem um desvio no percurso da exploração. veja-se o que aconteceu no brasil. para que não houvesse uma verdadeira guerra civil modificaram as leis que protegiam só os ricos em prejuízo dos pobres. lula que era um sindicalista foi eleito presidente porque havia aquele perigo de revolta. houve maior distribuição das riquezas e a coisa amainou.
rehouve:
em portugal, vislumbra-se alguma tempestade social?
varett:
vai depender do aumento da pobreza e do desemprego. pobres e desempregados organizar-se-ão em gangues. é a lógica. portugal era um país do terceiro mundo com uma ditadura em cima dos cornos. democratizou-se sem saber ler nem escrever. começou a andar de carro que era sintoma de classe média e das suas cinco refeições diárias. neste momento mais parece um bairro nova-iorquino onde os mafiosos impõem as suas leis. aliás, já tivemos ocasião de observar coisa parecida entre nós quando duas etnias se puseram aos tiros para defender territórios de droga e honra. a polícia interveio apenas para limpar os vestígios desses crimes. nenhuma arma foi recolhida nem o caso saltou para inquérito dos nossos magistrados sempre tão atentos aos crimes que a comunicação social denuncia. tudo isto que nos acontece é derivado a uma falsa revolução que dá pelo nome de 25 de abril. veja-se o que fizeram os autores do derrube da velha ditadura. correram com marcelo caetano e logo em seguida foram entregar o poder a um general (spínola) que acompanhou o exército nazi aquando da invasão da rússia. temos de tudo. até revolucionários patetas. muita gente é culpada e ao mesmo tempo dado a sua ignorâcia passa a inocente. inocente porque não premeditam as sua acções. no entanto era preciso julgá-los a eles a aos civis que deles se aproveitaram.
rehouve:
acha-se capaz de os julgar? que penas lhes atribuía?
varett:
boa questão para terminar. bem, vou julgá-los dentro dos meus parâmetros líricos. vou começar por otelo. obrigado a fazer de protagonista num filme com eunice muñoz com imposição de linguado no final. pena suspensa por dois anos. vasco lourenço: obrigado a aceitar as estrelas de general e a trabalhar no departamento de topografia do exército sem direito a transporte. ramalho eanes: a marchar com a barba cortada em frente dos jerónimos durante uma hora nos dias santificados que a igreja conseguiu manter. válida por seis meses. pena efectiva. mário soares: expulso da função pública até à quinta geração. sampaio: pena de 180 dias de trabalho comunitário na pastelaria suiça na qualidade de garçon ou em alternativa fumar diariamente dois maços de tabaco inalando o fumo. cavaco silva: condenado a viver como sem-abrigo todos os sábados e domingos durante 7 anos ou em alternativa o divórcio com dona maria. josé sócrates: condenado a dois anos como apresentador do canal oficial do telejornal das oito ou em alternativa casar com a fernanda câncio mesmo contra a vontade dela. durão barroso: obrigado a fazer uma operação plástica para se embelezar ou em contrapartida andar de tanga à volta do fernando pessoa do chiado à hora do chá. santana lopes: condenado a dizer palavrões no final de cada transmissão pela renascença da missa dominical. sem alternativa à pena aplicada. já não tenho mais pachorra, a não ser obrigar a dona conceição esteves no parlamento a apresentar uma proposta de canonização do açoriano joão bosco pelo bom nome e desapego aos bens materiais ou em alternativa pedir ao bispo policarpo que abençoe o conspurcado semicírculo de são bento. ah, todos multados segundo a lei do estado novo com efeitos retroactivos. refiro-me aos crimes contra a segurança do estado, lei esta promulgada pelo insígne salazarista cavaleiro ferreira. qualquer coisa como tantos dias de prisão e um dia. este a determinar pela pide se poderia ser prolongado ou não

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