sábado, 7 de abril de 2012

pátria? o que é isso? é receita de burgueses!



dom luís I, pai de dom carlos, o rei que foi assassinado no terreiro do paço em 1908, certo dia, velejando no iate real ao largo da póvoa de varzim, vislumbrou um barco de pescadores a quem se dirigiu assim: vocês são portugueses? ao que os pescadores lhe responderam? é meu senhor, o que nós sabemos é que somos da póvoa de varzim... veio a primeira guerra mundial (uma espécie de guerra civil europeia) e toca a arrebanhar carne para canhão. obrigado a ir defender coisas que não pertencia ao seu círculo de interesses o bom povo lá marchou para a morte sofrendo frio, fome, petardos e gás tóxico (esquece-me o nome). quando voltou (os que escaparam) depois de ter visto morrer companheiros e irmãos esperava-lhe o desemprego, a fome e impostos. na altura governava portugal uma corja de interesseiros chefiados por afonso costa. dizia este filho de puta (não tem nada a ver com a mãe dele) que era conveniente o país entrar na guerra para não perder poder e prestígio. oh meu grande filho de puta e mais os da tua raça: vai tu também bater com os cornos na guerra para ver se não dói. o povo foi sempre esfolado quer pela monarquia quer pela 1ª república. quando salazar, o bondoso ditador (bondoso porque não queria que os portugueses se divorciassem para manter a família como base do seu sistema ditatorial de meiguices cristãs escanchado)precisou de defender as colónias e os interesses de certa burguesia reinventou o grito patriótico de viriato (que nunca existiu) e lá mandou a juventude morrer nas colónias. o povo voltou a morrer encorporado num exército pouco dado a batalhas sem o apoio dos ingleses. deve-se, pois, à burguesia a ideia de pátria e de amor a esta.e o morrer por esta. é que o povo, que até há pouco tempo vivia do que conseguia tirar da terra depois de dar ao senhor dois terços do que colhia, não tinha a certeza se era espanhol ou português, liberal ou absolutista, monárquico ou republicano. ah, quando chegou a democarcia ele vibrou com as marchas militares dos revoltosos e dos cânticos da vila morena. de repente, disseram-lhe que tinha direitos. e teve. mas foi sol de pouca dura. entre o chá das cinco e as trindades, nasceu-lhe debaixo dos pés estradas e auto-estradas acompanhadas de pensões de sobrevivência, idas aos hospitais de ambulância. eh pá, de um dia para o outro era vê-lo na rua a reclamar por isto ou por aquilo consoante a burguesia assim determinava. burguesia essa que se infiltrou nos sindicatos para além de se ter metido no circuito dos dinheiros públicos (o costume). com a vinda de dinheiros comunitários voltou a perder-se a ideia de pátria. alguns chefes burgueses propalavam aos sete ventos que eram europeístas. ora ser europeísta era como se ser da póvoa. puta que os pariu! e o povo que não consome literatura vai na onda. claro, desde que lhe dêem o de comer e uma certa segurança que nunca teve até então. junto ao povo está a igreja de roma. que diga-se em abono da verdade até tem feito um bom trabalho impedindo-o de pensar ao nível de povo europeu. eh pá, ainda bem, pois se ele começa a juntar dois mais dois a coisa pode ficar maria da fonte. salazar - que eu nunca vira nem de perto nem de longe, mas que rezava por ele (a professora obrigava) investiu muito no saudoso padre cruz. este ia de escola em escola pedir que colocassem por detrás do estrado dos professores um crucifixo de joshua cristo. fazia esta romaria por portugal inteiro. toda a gente gostava do padre. era um homem muito sorridente e tinha ar de santo. por isso é hoje tratado por santo padre cruz. outro conceito de pátria era também tratado à luz de milagres da mãe de joshua, a insuspeita senhora de fátima que gostava muito de pastorinhos. a pátria confundiu-se outra vez com áreas imateriais. ainda bem, pois dava muita alegria à burguesia ver o povo ordeiro orar a maria mãe de deus que foi transportada - segundo os padres de cada freguesia e que nunca foram desmentidos - para o céu para estar junto ao filho e ao seu inseminador artificial e celestial. a pátria para o povo português é um altar e em cada um deles está o santinho que mais se identifica com o clima. na primavera os santinhos são mais alegres à imitação de baco e suas companheiras, as bacantes. no verão a pátria é praia e subsídio de férias (foda-sa. já foi) não sei, de facto, o que quer dizer heróis do mar no contexto actual. não sei se é por ser um burguês (estou inocente, nasci assim) que quando cantava o nosso velho hino me arrepiavam os pêlos. hoje, nãam é a mesma coisa. é que quem o canta, parece-me que finge. para a burguesia o dinheiro não tem pátria e a pátria está sempre do lado do dinheiro. gostei muito de ouvir o hino nacional cantado pelos troikanos (social-democratas) no último congresso. e na parte do contra os canhões marchar até, quase chorei de alegria. isto é, vê-los em nome da pátria levar com bala de canhão nas miudezas. bem, para acabar. a pátria do povo é o pão!
varett

Sem comentários:

Enviar um comentário