A direita histórica portuguesa está de volta: o que dela resta e as crias que produziu à sombra da justa distribuição de riqueza do novo regime. Vejamos: Cavaco que chegou à democracia vindo das profundezas do Estado Novo, a quem serviu até militarmente, tem um plano. Percebeu o nosso homem que governar pode ser uma tarefa desligada das massas. Para isso torna-se necessário um bom "policiamento". Às bocas revanchistas de Passos Coelho, chega-nos a difusão caseira do dono do "Público" e o representante mais credível do capital nacional: o meu/nosso candidato é Cavaco. Porquê? Por que é o único que oferece o equílibrio capaz de fazer o país ir em frente. Ir em frente para esta direita é cortar nos benefícios que por acaso foram caindo nas esferas mais baixas da população. Cavaco tem o perfil austero para ser ele a dar corpo ao rigor com que a direita espera governar. Com o Partido Socialista a esgotar o prazo de validade junto das massas é de se aceitar que para aí venha um novo PSD. O seu líder, rapaz elegante e sábio em contas empresariais, não esteve para meias medidas: os responsáveis pelo estado caótico a que chagámos não vão ser perseguidos. Vão ser é responsabilizados pela desastrosa gestão do país. Já conquistados os parceiros internacionais para esta espécie de capitalismo há que cativar as forças militares, paramilitares, policiais e especiais de cá de dentro. Não será tarefa difícil desde que elas recebam o seu a tempo. Ora, um Presidente da direita (Cavaco já se assumiu de direita e católico actuante - a mulher também), um executivo de direita, um Parlamento de direita e os Tribunais (juízes e procuradores) já no papo por via de desaguizados com a actual política de restricção, Cavaco tem tudo para suster a Constituição e apelar ao plebiscito. Até, com este poveco talvez nem seja necessário experimentá-lo. Atenção, papalvos socialistas, a direita - uma vez tomado o poder - vai apertar-vos as miudezas até doer. Vão ouvir-se os vossos berros para além das serras do Marão. Cavaco já deu mostras de estar no terreno e a querer conquistar todo o tipo de piolhosos para ser reeleito com uma margem de votos que lhe permita gritar: deus, pátria e famíla (nesta ele até dá o exemplo). O país virou à direita, dirá. É o que lhe basta para o pôr direito - segundo a perspectiva dele. Entretanto, o pobre candidato da esquerda - ele diz-se do povo (que não quer saber dele para nada) - Manuel Alegre anda tal qual o Paulinho das feiras a berrar para o céu já que cá em baixo os que dizem que o apoiam olham para o lado quando ele passa. O PS não dá a cara com medo de ser apodado de acólito do Bloco. O Bloco diz que sim mas a medo deixa-se estar em casa a esbranquiçar os dentes e a passar a ferro as boas farpelas com que se passeia nos Passos Perdidos. O PCP que sabe que o povo não votará nele diz claramente que é preciso levar as presidenciais a uma segunda volta para naturalmente indicar o voto em Alegre. Não se percebe por que não o indicou no início? Parece que todos têm vergonha do poeta... Paulo Portas, em lhe cheirando a uma grande vitória da direita musculada, não hesitou em ir beijar a mão a Cavaco. Cavaco que ele odiava porque cheirava a esquerda e a democracia. Sim, porque Cavaco, quando trabalhava por conta de Sá Carneiro, papagueava direitos, liberdades e garantias de todas as tias do campo incluindo as de Boliqueime. Meninos da esquerda desunida, vem aí a direita ibérica, ponham-se a pau, que este para além de se enfiar pelos buracos do corpo também esfrega as costas.
mmb
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