Não sei se é com a idade - 70 anos e queda na bolsa do tesão - mas o que é certo é que estou a criar uma alergia a todos aqueles que se diziam democratas e de esquerda e que agora mais não são do que exploradores das populações que por jogos de democracia acabam por representar. Continuo anti-salazarista e anti-clerical o quanto puder. Isto é, sou contra marretas e beatos que se julgam melhor capacitados para dirigir os povos, que impedem o desenvolvimento intelectual da juventude, que utilizam a censura como forma de esvasiar a criatividade das colectividades e não só. Sentia um nervoso miudinho quando por qualquer razão dava de caras com os três nucleões do Estado Novo pespegados nas paredes dos estabelecimentos públicos. Ele era as fotos do António Salazar e do Carmona mais tarde substituída por igualha e a estatueta do judeu - que o Ocidente divinizou - entre eles. A estatueta fazia parte de uma taradice do padre do regime - o risonho padre Cruz - que impos tal relíquia em tudo que fosse parede. Mas isso era o menos, pois a maioria do pobre povo português revia-se naquelas tangas e até ficava furioso se as não tivesse. O povo português não sendo de todo irracional não deixa de lá estar por perto. Digo eu que disso tenho alguma experiência. Bem, mas hoje, lembrei-me dos fiscais de isqueiro e da multa que era aplicada a quem os usasse. Não havia dúvida, aquilo cheirava a comunismo... (podem rir que eu também estou a torcer-me) quem usava isqueiros era quem fumava. Ora, para tal era preciso dinheiro para o tabaco, para a gasolina... e para o isqueiro. O povo não possuía meios para tal. O povo fumava mata-ratos e usava fósforos. Porém, certo dia o tarado de um fiscal abusador autuou um pobre camponês que estava a tentar acender o seu cigarro de rolo friccionando duas pedras. Aqueles fascistas eram impagáveis. O que se haviam de lembrar para chularem: fazes lume e és multado. Veio a democracia e acabou-se com aquela pouca vergonha. Ah, mas os democratas inventaram uma muito melhor que a dos isqueiros: passas na minha rua e tens de pagar, senão meu querido vais ter de dar a volta ao bilhar grande. As estradas portuguesas estão cheias de portagens. O que é mais lógico, é pagar-se uma licença para usar isqueiros ou termos de pagar portagem sempre que por lá passarmos: o caminho do emprego para casa e de casa para aquele? Que o leitor escolha a seu bel-prazer.
mmb
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