terça-feira, 2 de novembro de 2010

MINISTÉRIO DA ESMOLA ou Ministério dos Pobres





Porra! Batam mais devagar. Até parecia o cobrador da luz. Vou à porta e que vejo? Uma mulher ainda nova a pedir. Você não sabe bater mais devagar? A mulher faz-me má cara. Não lhe dei esmola. Ficou furiosa. Não percebo nada disto. Quando se vai pedir qualquer coisa, penso que se deve ser humilde. Arrependi-me depois. Devia ter dado alguma coisa. Devia ter feito também um pouco de pedagogia. Mais tarde quando liguei a televisão para ouvir o noticiário deparei com uma cena triste: centenas de portugueses numa fila à espera de comerem uma sopa. Até parecia que estávamos no tempo da Iª República. Lembrava a "sopa do Sidónio". Portugal passa fome? Quem passa fome e onde? Não me parece que os que alcançaram o poder estão a perceber o que vai na rua; o que se desenrola à sua volta. Os governantes portugueses têm tido muita sorte com as centrais sindicais. Estas estão como as câmaras municipais a trabalhar para o circo. Só dão espectáculo com quem ainda tem emprego efectivo. Estamos na bancarrota e anuncia-se greves para melhorar a vida de quem não está a receber o justo salário e quer menos horas de trabalho. A greve é um direito dos trabalhadores e trata-se de um marco de referência nas democracias. Mas com gente a passar fome, não se estará a exagerar? A greve é, neste momento, contra todos os que vivem mal. Piorando a situação quem é que perde mais? Os capitalistas ou os desempregados? O governo tem-se rido das manifestações porque sabe que a maioria dos que vive mal não vê com bons olhos as exigências dos que comparados com eles "vivem bem". Os que não têm trabalho pedem-no e os que passam fome estão de mãos estendidas. A situação não transparece no discurso dos políticos. Não dá para esticar a corda muito mais. O cenário até que está bom, só que está podre. Faz-me lembrar os gritantes apoios da plebe a Marcelo Caetano para logo se seguirem os apupos e os coices na "carrinha" que o transportou do Convento do Carmo para o inferno. Os nossos políticos fragilizaram o país do exterior para o interior. E a catástrofe pode entrar por aí. Por aí, se nem temos fronteiras? Estamos rotos depois de ter estado de tanga.

manuelmelobento



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