O dr. José de Almeida na sua última entrevista (1) determinou - como tão bem sabe fazê-lo - o rumo dos que com ele saboreiam a defesa aos ataques que "ofendem a inteligência açoriana". Pedagogo, como sempre, alia o pensamento de Velho Sábio às actuais circunstâncias históricas que relegam o Portugal do passado ( multicultural e pluricontinental) para o seu estatuto actual de país real. José de Almeida inicia uma caminhada nova no pensamento açoriano que ouso chamar de "identifismo". "Já não somos Angola, Moçambique, etc... Descobrimo-nos como açorianos". Eis o salto conceptual: apesar de durante os séculos passados neste isolamento termos pensado e agido como açorianos, isso apenas quer dizer que o actual modo de pensar Açores, é a súmula dos vários sucalcos de crescimento intelectual. Para o dr. Almeida a Autonomia não passa de um dos muitos sucalcos de crescimento criados do exterior para adiar o verdadeiro assumir. Só que a direcção da Autonomia visa outros compromissos que não o sonho legítimo da realização como povo que se deseja senhor do seu próprio enquadramento no plano internacional. Enfim, uma autonomia estatutária que torna a nossa própria Autonomia refém de si própria, traduzindo o pensamento do líder histórico. Almeida faz justiça ao que de bom foi feito, sem contudo deixar de apontar para certos saltos "quânticos" que introduzidos na política regional nos impedem de criarmos organizações que nos representem. Isto é, como poderemos ser autónomos se não nos pudermos pronunciar autonomamente e livremente? Concorde-se ou não com o líder político, o certo é que se torna evidente o imbróglio criado artificialmente. É uma lacuna. E grande. Lacuna essa que traduz - e mal - o sentimento regional por uma outra realidade: a açorianidade. Polidamente, o líder açoriano, retrata uma certa comunicação social , não deixando, porém, de realçar excepções, como não podia deixar de ser. Bem, desta entrevista se pode dizer que novos rumos de entendimento se forjam nos ventos da História. Até se pode dizer, que não estivemos a dormir na panaceia autonómica que emergiu para anestesiar uns quantos em detrimento de outros.
manuelmelobento
(1) - in Revista Saber, nº. 131.
Entrevista conduzida pelo jornalista José Manuel Baião
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