segunda-feira, 26 de março de 2018

Separatismo português, o próximo combate de Espanha?

Os compêndios histórico-políticos dão conta de que a partir  do século XII demos início a uma luta armada de emancipação contra Castela dita Espanha. Qualquer vitória contra os espanhóis acrescentava à força com que  os espadeirávamos  a genialidade  da elegia epopeica dos nossos mais expressivos poetas. Não me quero estender muito, é só para reavivar a memória das gentes... O nosso primeiro Rei revoltou-se contra o primo Afonso VII, outro neto de seu avô,  que herdara por direito divino a coroa de Castela e outras terras. A partir daí, foi um nunca mais parar. Dom Afonso Henriques, é dele que falamos, era um sortudo. Para tornar-se senhor de Lisboa foi só preciso que os Cruzados (uma espécie de romeiros sangrentos)  tivessem desalojado os que nela mandavam. Também recebia apoios de gente de toda a espécie. Um grande ladrão e assassino  de nome Geraldes (apelido o Sem Pavor) deu-lhe uma mãozinha. Isto é, depois de saquear cidades em poder dos muçulmanos entregava-as para Afonso as governar. Afonso e camarilha portaram-se muito mal contra a própria família e esse comportamento foi adotado - sem outra solução - pela população agora dita portuguesa. Bem, venceu o separatismo. E hoje, à luz de uma História externa à nossa - esta que defende o direito de sermos continuadamente independentes - não passamos de um povo que se tornou nação separatista. Em 1640, aquando da (nova) restauração da independência que colocou no trono português um duque de Bragança, ao mesmo tempo a Catalunha  envolvia-se numa guerra contra Castela que durou 12 anos. Duas nações envolvidas numa luta contra o invasor espanhol? Ou os castelhanos vinham "buscar o que era seu?". Interpretem como quiserem. Agora, não podemos, em termos de política externa, deixar de nos pronunciar perante o atual conflito que opõe antigos parceiros separatistas à Espanha. E isto, porque Espanha mantém presos nas suas masmorras pessoas que estão incriminadas apenas por delito de opinião e manifestação. Os atuais catalães não utilizaram armas para defender o seu direito à autodeterminação. A Espanha não é uma nação que respeita as leis que regem os Estados de Direito Democrático. Como procede a nossa diplomacia? Não temos políticos à altura de perceber a armadilha que é o apoiar o atual Governo fascista espanhol. O Presidente da Nação Catalã, eleito pelo voto popular, é hoje um foragido apanhado e detido pela polícia alemã nesta Europa unida. Na década de quarenta do século passado, os alemães entregaram a Franco o líder independentista catalão que se encontrava fugido das tropas fascistas. O governo de Franco assassinou-o. Que faria esse ditador fascista ao nosso Dom Afonso Henriques? Responda quem saiba. Ao estarmos ao lado do atual governo espanhol estamos a dar a entender que estaremos à vez de sermos aglutinados pela Espanha. Riem-se seus basbaques! É que agora não temos os ingleses para correr com os espanhóis. A Rússia de Putin tomou a Crimeia que também fazia parte da Ucrânia livre. E depois? Depois, toca a calar que a Rússia é tão poderosa quanto os EUA. A Espanha invadiu com tropas especiais a região autónoma da Catalunha. E depois? Calados que nem ratos que a Espanha é muito forte com os fracos deste lado. A nossa diplomacia nem que sim nem sopas. Está de pernas abertas. Temos mais que fazer! O nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros, por exemplo, esmera-se a responder às ofensas da senhora dona Filomena Mónaco (por acaso uma resposta de nível humor académico) e a acompanhar o nosso Madre Teresa dos Afetos por tudo que é passível de ser televisionado. E se a filha mais velha de Filipe VI de Castela-Espanha "resolve" casar com o filho do nosso duque de Bragança putativo herdeiro da Coroa portuguesa? Voltávamos a ser separatistas? Em termos monárquicos, claro, não vá o Diabo tecê-las. Se a Espanha conseguir obter uma vitória total sobre a Catalunha é muito provável que depois se volte para Portugal e invoque direitos antigos. Os mesmos direitos antigos que a História outorga. Quer dizer, se os nossos chefes políticos estiverem para além da fronteira berrarão: Viva Espanha! Tão depressa passem para cá: Viva Portugal! Viva Ronaldo! 

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