domingo, 25 de março de 2018

O Portugal remoto e não só em sucalcos de escrita

Teria Portugal  a possibilidade de se transformar numa Suiça nesta baixa Europa? Sim, mas para isso era preciso que houvesse reaparecido uma espécie de sentimento de orgulho económico-nacional. Não o orgulho imperial-colonialista que sempre acompanhou o nosso estado de espírito e que fora durante séculos suportado pelo expansionismo inglês. País de camponeses adstritos à terra dos concelhos rurais  não teria tido possibilidade em meter-se em guerras nem tão pouco armar caravelas com cavaleiros e peões mercenários. Tudo isso custava rios de ouro e de prata que por cá não havia. Os nossos portos serviam para expansões (1415) e foi assim que usando o nosso nome os ingleses (e nós numa boa) meteram 7.500 aventureiros, seus profissionais de guerra, em barcos e partiram para o assalto das cidades ricas dos muçulmanos do norte de África. Nós fomos atrás levados pela imbecilidade. Durante muitos anos os ingleses aperfeiçoaram a arte de roubar  Ceuta foi a primeira vítima com a nossa cumplicidade  e daí para cá foi um tal copiar e  trabalhar por conta dos ingleses. A nossa História é uma montanha de mentiras montadas por subservientes escrevinhadores. Perdoa-se, pois como os seus atuais seguidores  também precisavam de comer e pagar a renda da casa, para além, claro, de terem de sustentar as crias. Tudo analfabeto? Sim, menos a Igreja de Roma a quem cabia dar ordem às coisas já que as duas classes - o povo e os seus senhores - eram de uma pobreza cultural incomensurável. Os senhores não governavam sem a orientação da Igreja, nem o povo saberia como enfrentar seus medos e noites escuras cheia de demónios à ilharga. Repare-se que até na grande França quem  dirigia intelectualmente os franceses foram, até certa altura, cardeais. Salazar não era cardeal. Foi seminarista-teólogo e com esse espírito deu sentido à existência do nacionalismo dos tempos modernos. Isto é um aparte! Se a Igreja e os governantes se tivessem importado com o povo, hoje, poderíamos ser considerados os mais civilizados da Europa. Não prepararam o Povo para viver melhor. Dele só queriam o que poderiam extorquir. Tudo o que o Povo produzia era-lhe retirado e apenas uma pequena parte lhe era concedida para que sobrevivesse e pudesse continuar a produzir. Veja-se o seguinte: a meados do século passado as famílias pobres-povo viviam em espaços tão exíguos que pai, mãe e filhos dormiam numa só divisão e em cima da mesma cama. (disse uma de muitas testemunhas: o senhor comentador-empresário José Júdice (segunda-feira passada in TVI). Como não viveria o Povo na Idade Média? Olha, vejam os filmes do Robin dos Bosques ou leiam "Comunidade" do Luiz Pacheco. Há macacos na Amazónia que dormem melhor do que muito servo da gleba no tempo da Igreja-Nobreza. Isto não passa de um rascunho que me serve para dizer o seguinte: que herança receberam os políticos de hoje no que respeita aos descendentes  desse povo das cavernas? Escondem-na, efetivamente! Para se dar um jeito a este desastre social e para, sobretudo, sacudir a água do capote perante os nossos parceiros comunitários aquilo é que foi construir aos montes escolas e universidades. Como não havia professores para tanta construção houve que desenrascar a situação. Como? Com o expediente à portuguesa: eu te faço professor, tu me fazes doutor, eu te faço doutor e tu me fazes catedrático. Só isso é que é preciso? Eh pá, não podemos fazer estas cenas sem estarmos numa de partido! Ah, ótimo!  E quanto a alunos? Que venham para enchermos as salas de aula. O que saiu daqui desta balbúrdia foi o que se viu. Claro que as antigas instituições universitárias mantiveram o rumo académico que as caracterizou no passado. Salvaram-se estas e criaram-se outras que já nos nossos dias se estão  a emparelhar com unidades estrangeiras  de renome. Se surgem como valores internacionais  isso deveu-se a dinheirinho que veio de fora! Tudo isto não passa de uma gota de água. É por isso que é preciso substituir a atual classe política para renovarmos o nosso "estilo" económico. A agricultura terá de ser reconvertida, mecanizada, atualizada ao nível do que se faz na América. Com isso, acabaríamos com a desertificação do país. Atrás desta motivação era natural que a pequena e a média industrialização pudessem a vir estabelecer-se nas zonas do interior. Portugal é hoje uma faixa no litoral cheia  de cidades e uma mata cheia de árvores no interior que mais não passa de um bosque onde nem o Capuchinho Vermelho quer por lá passar. É uma ideia saloia? Sim, é ver-se o que fazem os países evoluídos dos seus campos. É ver-se o que produzem e em que condições. Tiveram que dar vida ao campo pois sem isso tornavam-se lodaçais. É verdade que há apoios para a produção agrícola mas isso é apenas para arrastar o investimento na área secundária da indústria. Toda a transformação leva tempo, mas teríamos de começar por arrumar a casa. Portugal é hoje quase um Estado policial. Sem fazer muito espalhafato lá vão engrossando as forças paramilitares e policiais. Depois, enchem os tribunais com procuradores e juízes a dar com pau. Os nossos militares estão em vários cenários de guerra. Até parecem os Estados Unidos da América a ocuparem com as suas forças armadas  parte do planeta. Dizem-lhes que estão a defender a Pátria. Que patetice. Os Negócios Estrangeiros estão espalhados por todo o mundo gastando milhões e milhões de euros. Tudo para quê? Faça-se um levantamento à totalidade das despesas estúpidas. Acabe-se com atos de vaidade dos servidores públicos que ainda não perceberam o quanto de ridículos são. Para acabar este vómito: tanta polícia e tanto reforço judicial permite pensar-se que se estão  a preparar órgãos de repressão que atuarão contra as aspirações e movimentações populares. Os políticos temem o quê? Será que este regime se está a identificar  com o de Fulgêncio Batista, onde as grandes empresas estrangeiras ponham e disponham de Cuba, o que deu origem a uma revolta popular. Com um exército de dois milhões de pobres não será tempo de porem as barbas de molho? 

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