sábado, 10 de março de 2018

Quanta da floresta portuguesa vai arder no próximo ano? Haverá vítimas mortais?

Dos três milhões e duzentos mil hectares que o país possui de floresta, arderam no ano transato cerca de duzentos mil. Por pouco não ardia dez por cento do nosso parque florestal. As associações humanitárias, as empresas adstritas contratualizadas  a cargo da fiscalização da Proteção Civil, os nossos abnegados Bombeiros Portugueses, e outras instituições anónimas, etc, todos prestaram um enorme serviço às vítimas. Vimos através de  boas reportagens televisivas como o fogo se torna imparável. Nem na América a força do fogo florestal obedece aos poderosos instrumentos e meios  de combate aos incêndios de que os americanos se servem nessa luta. Nem também o Canadá, outro poderoso país em termos económicos, consegue debelar o mal com os instrumentos que possui. O fogo não dá hipóteses. Estes dois países, por exemplo, possuem planos prévios de emergência no escoamento e salvamento das populações que poderão hipoteticamente vir a ser afetadas. Não foi o nosso caso. Não passava pela cabeça dos responsáveis políticos e dos homens que tinham responsabilidades de combate aos fogos que  populares pudessem perecer horrorosamente por causa dos incêndios que todos os anos nos atormentam. Pensaram, naturalmente, digo eu, que o povo habituado a carências e "especializado-experienciado" em incêndios não se ia deixar queimar, (todos os anos quem mais dá a cara pela luta contra o fogo são os populares, logo, deviam ter experiência para não serem apanhados pelas labaredas...). Aquilo é um tal pegar em baldes de água. Coisa pouca, pelos vistos, para se defenderem, pois a devastação de floresta e pomares é uma realidade. Somos confrontados todos os anos com esse inferno. O que veio alterar o modo de encarar o que se passou em 2017 foi a feitura de uma legislação do tipo placebo. Sabemos que qualquer  intervenção a nível de oralidade política, que possa vir a ser materializada no terreno, não vai resolver para já os fogos que sistematicamente têm lugar nos verões. Pode vir a dar frutos mas num futuro a médio prazo. Legislaram para mortos ou ausentes. Legislaram para donos de terras anónimos. Dentro desta confusão, algumas Juntas de Freguesia entraram em ebulição porque aparecer no boneco a podar laranjeiras pode dar votos... Criticar é fácil! É o que eu estou a fazer. O que não podemos deixar de questionar é se de facto os responsáveis políticos,  (agora) muito bem  falantes, possuem em estudo um plano de fuga e evacuação que permita salvar vidas que estarão expostas às intempéries e catástrofes, como foi o caso de muitos portugueses de todas as idades vítimas do sistema (ou maneira de ser à portuguesa). Morreu-se ao passar por  estradas que estavam envolvidas  nas duas margens por chamas assassinas. Morreu-se por fugir e morreu-se por ter ficado em casa. Assim que houver um foco de incêndio detetado deve o Estado de imediato informar as populações circundantes para que estas se ponham a salvo. As populações têm de ser avisadas mesmo que haja possibilidade de pânico. Pode dar bronca se não se estiver nessa atitude. Mais vale fugir em pânico do que morrer à leitão.

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