sábado, 17 de outubro de 2015

catarina a calculadora das percentagens e o fio dental ideológico do partido socialista em recuperação

quando o bloco de esquerda e o partido comunista se aliaram à direita encarnada pelos irmãos ideológicos pedro e paulo para derrubar o governo do agora libertado engenheiro sócrates, deu-se o inesperado. isto é, um governo com maioria relativa a quem o povo teria dado o seu voto de confiança muito calculado foi derrubado no parlamento porque ao apresentar um orçamento inimigo da nação iria levar o país à bancarrota, havendo mesmo quem aventasse mesmo que o país estava à beira da bancarrota uma vez que já não havia dinheiro nem para pagar aos funcionários públicos. diziam as más línguas. o engenheiro apresentara uma espécie de medida redentora, o chamado pec 4 discutido antecipadamente com frau merkel que o aceitara. claro que tanto psd quanto cds tinham na mira o voltar ao poder, enquanto paralelamente  o bloco de esquerda e o pcp esperavam subir o seu score em virtude do desastre económico que o mundo atravessava e que apanhara sócrates distraído. o resultado foi clamoroso para os dois partidos de esquerda e para o partido socialista, um partido sem ideologia de esquerda definida pois ela foi-se descascando tal qual as moças bonitas com a chegada da primavera. e quando chega ao verão é só fio dental por todo o areal lusitano. e ainda bem pois muita gente julga que as nossas queridas são menos que as amarelas do norte. lá estou eu outra vez a sexualizar a aguarela política num total desrespeito pelo essencial. perdão, voltemos pois  ao que interessa. o bloco - deixemos o pcp em paz por enquanto - levou uma banhada mas manteve-se inabalável quanto a formar governo em coligação porque não participaria em nenhum sem respeitar o seu programa de esquerda. uma esquerda à esquerda. o be fez da fraqueza força uma vez que reduzido a metade dos seus deputados uma coisa apenas podia fazer: atacar ferozmente no parlamento o governo passos-portas. quanto ao pcp, nada mais fácil dizer que votava sempre contra qualquer governo quer  fosse ele de direita ou socialista democrático. eram favas contadas pois estão os comunistas à partida afeitos a uma política patriótica e de esquerda. é a voz dos que nunca tiveram voz neste país mas que têm medo dos comunistas como o diabo da cruz dos cruzados. depois de terem entregado o poder a pedro e paulo seguiu-se um período de reflexão quer para o be quer para o pcp. perceberam que atacar e destruir  o ps dava mau resultado. e este caracterizava-se pelo seu próprio não crescimento. lição aprendida e interiorizada e pronto. isto é, para serem gente têm de chupar com o seu arquirrival apoiando-o contra a direita capitalista que levou os ideias de abril até às latrinas da banca. ninguém esperava que o bloco de esquerda fosse recuperar o peso perdido. aconteceu um milagre prefaciador e prolegómeno  que teve origem na atuação de mariana mortágua quando muito preparada interveio na comissão de inquérito e perseguição a uma parte da banca que tinha sido inimiga do psd e que se  aliara ao ps quando este era governado por josé sócrates. ao não terem dado a mão a ricardo salgado os justiceiros lesaram o país fazendo retrair vários projetos que poderiam empurrar portugal  para o interior da europa comunitária. o exemplo do tgv e do novo aeroporto é disso exemplo e que agora dariam muito jeito pois estamos a ser invadidos por milhares de turistas que fugindo de paragens perigosas descobriram o portugal rural e soalheiro. ah, e recheado pelas melhores praias do mundo ocidental. depois e para maior surpresa, catarina martins renasce durante a campanha eleitoral de uma forma equilibrada, independente mas cordata. a dra. catarina das letras e das artes administrou uma nova maneira de falar ao eleitorado. foi técnica, pedagoga, bem falante (com voz bem colocada) e sobretudo demonstrou que o seu programa era de uma lógica quase socialmente indestrutível.  deixou de ser a utopia um projeto de vida esquerdizante para se transformar numa saída regular para o país defendendo valores que outros apregoavam mas com mais sabedoria do que eles armados e feitos   grandes partidos prisioneiros dos seus comprometidos programas. foi de tal maneira aceite como "revolucionária" que levou o partido de costa a enveredar - sem medo -  por uma política de esquerda e quase patriótica como apregoa o pcp. foi  a vitória do seu discurso que se deve o quebrar do medo dos governos mais à  esquerda. calma que agora governar é com catarina. e não deixa de ser interessante o fato de o bloco querer manter-se um aliado com personalidade própria  e sobretudo  independente. é nesta linha de independência que apresentaram  a sua deputada europeia, marisa matias,  como candidata  presidencial. e como os candidatos à presidência já estão muito gastos  saberá bem ouvir o que tem para dizer mais uma estrela bloquista com assento no parlamento europeu. que irá dizer como candidata numa campanha presidencial uma mulher à esquerda da esquerda ? será que vamos ter surpresa? não me admirava nada, não senhor.
varett

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