sábado, 10 de outubro de 2015

antónio costa, marcelo rebelo de sousa e outros temas numa entrevista conduzida por paulo rehouve a manuel melo bento. este sem pseudónimos...


paulo rehouve:
passados estes dias sobre o resultado das legislativas, como analisa  hoje a situação?
mmb:
penso que antónio costa está a recuperar do abalo do dia 4. devem-lhe ter dito que o psd não ganhou ao ps, mas sim um duo de partidos que se escondeu por detrás de uma coligação pré-eleitoral definida apenas pelo alarme que faz do perigo: europa do bce e da senhora merkek, que mais não é do que uma sirene de incêndio social. 
paulo:
o psd não ganhou ao ps?
mmb:
basta fazer-se contas. se o psd concorresse isoladamente a estas eleições verificaríamos o seguinte (claro que isto é uma hipótese post mortem  mas  é o que tenho à mente ou à mão): aos 2.067.722 que a coligação arrecadou teríamos de retirar os votos que caberiam ao cds. quantos? em 2011 este partido obteve 653.987. como foi desgastado pelo exercício do poder propúnhamos um corte de 50%. portanto teríamos para o cds 326.994 votos, nos dias de hoje. se retirarmos estes votos à atual coligação verificaríamos o seguinte número: 1.740.728. quer dizer que à partida  este seria o número de votos que arrecadaria o psd nesta eleição se concorresse isoladamente. vejamos agora o seguinte: o ps arrecadou 1.740.300 votos. logo perderia para o psd por qualquer coisa como 428 votos. isto precisa ser esclarecido. isto é, é necessário fazermos contas acerca da verificada descida de votos recolhidos nas urnas pelo psd e do cds. 
paulo:
e então em que ficamos?
mmb:
que costa e o ps em termos unitários são os vencedores.
paulo:
como se a votação deu a vitória ao psd?
mmb:
à coligação, não confundamos as coisas. imaginemos que o espírito que hoje envolve o ps e o bloco se tinha iniciado antes das eleições e que se tinham organizado numa coligação. não acha que seria esta coligação a vencer?
paulo:
mas isso são contos para crianças. nunca seria possível!
mmb:
não me parece que o bloco queira desaparecer numas próximas eleições. esta é uma oportunidade para crescer. basta-lhe para tanto   dilatar o prazo de estudo que dê origem à fuga e saída do euro. tornar-se-ia mais aceitável a certas camadas.
paulo:
e que fará costa perante este hipotético cenário?
mmb:
nada, a não ser impor o seu programa que foi elaborado por especialistas a uma coligação atada de mãos e pés. é que ganhar assim, mais valia  a coligação ter perdido a maioria relativa. costa pertence a uma nova forma partidária: o intermediário que tem nas mãos o forno onde se coze o pão. só que quem tem a farinha é o passos e o portas enquanto a catarina e o jerónimo são os padeiros. 
paulo:
e o eleitorado onde fica nessa história toda?
mmb:
com os impostos aumentados se não tiver juízo.
paulo:
ser intermediário não basta. até agora só tem empatado e o país precisa andar para a frente.
mmb:
andará para trás socialmente se a coligação prosseguir com as políticas de austeridade que já se verificou foram fortes demais e de resultados desastrosos. cabe a antónio costa fazer tudo que possa conduzir a novas eleições pois estaria queimado para a europa da merkel se abrir as portas ao bloco com apoio de pcp. o ps de hoje é um partido que espera governar quando os erros dos outros se tornarem insuportáveis dentro do programa da união europeia. a europa dos cidadãos é o seu projeto só que por vezes é preciso disciplina. o psd exagerou nas medidas contra o povo. e é aqui que o ps tem de entrar para se posicionar. 
Paulo:
parece-me que está a tomar partido?
mmb:
com certeza que aqui não ia dar o meu apoio a forças económicas que forçam a pobreza do povo e sempre que lhes dá jeito e lucro metem os países  em guerras não se importando que  a juventude morra por matérias como o petróleo como foi o caso do iraque e outras vítimas que foram sujeitas à ganância e desumanidade dos senhores do dinheiro. claro que estou contra e que não posso ser imparcial nem cúmplice de verdadeiros assassinatos de famílias inocentes. e não me faça falar que os assuntos desta entrevista não estão para aí virados.
paulo:
percebi. que acha do anúncio da candidatura de marcelo rebelo de sousa?
mmb:
o professor fez um grande favor a antónio costa na medida em que desmantela uma série de organizações internas do psd de entre as quais pontificava passos coelho. 
paulo:
favor a costa, como?
mmb:
o professor é um homem assumidamente de direita e católico praticante. veio definir um dos campos antagónicos que caracterizam o país. isto é, já fez com que costa o julgasse como o candidato da direita. marcelo já está definido. apesar de se apresentar agora com um discurso a favor dos pobres e ter como objetivo uma sociedade justa. lança-se na corrida para pagar o que deve a portugal. ora onde esteve a sua língua afiada quando  o seu partido - de que foi fundador -  arrastava meio portugal para uma pobreza,  onde o estado social era um alvo a abater?
paulo:
como comentador tinha uma grande audiência e ouvimo-lo muitas vezes criticar o governo.
mmb:
sim, de fato lançou uma ou duas farpas como se estivesse a falar de marte. não esquecer que como comentador andou em arruadas a apoiar passos e portas. é preciso ter lata e descaramento para se ser comentador de si mesmo, do seu partido e a acrescentar a isso elaborar subrepticiamente uma campanha presidencial. lá esperto é ele. 
paulo:
já deixou de comentar!
mmb:
era o que faltava ter 21 horas por mês a fazer campanha pessoal até ao dia das eleições na tvi enquanto os outros papavam uns minutos à pressa nos nossos (?) órgãos de comunicação social. nem podia ser de outra coisa. 
paulo:
o que é certo é que ele desfez todas as outras candidaturas.
mmb:
sim, nestes dias mais próximos. aquilo não passa de uma entrada de leão para sair de sendeiro. a esquerda domina em belém!
paulo:
olhe que não! esquece-se de cavaco silva...
mmb:
pondo de parte a antipatia pessoal que tenho por cavaco da silva, devo confessar que este senhor é o único campeão das urnas nestes últimos 41 anos que já levamos de democracia. está no poder há 21 anos. bateu tudo e  todos. ninguém lhe chega aos calcanhares. é um perito em eleições. é uma autoridade e pode vangloriar-se disso.
paulo:
achou bem não ter ouvido nem o bloco  nem o pcp?
mmb:
claro! só iria perder tempo. é um homem prático.
paulo:
marcelo não procederia deste modo, não acha?
mmb:
era só conversa com humor que não levaria a nada. marcelo adora muito o salão. está em todas. é um homem de salamaleques. 
paulo:
parece que não gosta dele?
mmb:
gosto sim! é um homem simpático a quem dediquei parte dos meus domingos para o ouvir. aprendi com ele que as palavras podem ser como os ursos amestrados. ele para mim é um domador só que eu não me sentia nem urso nem cobaia. estudava as palavras por si proferidas com muita atenção em termos ideológicos. e confesso que as "sentia" vazias. hoje ele tenta conquistar as mentalidades de esquerda com a sua nova tendência. mas soa a falso!
paulo:
que vai fazer o ps com tão grande concorrente?
mmb:
para responder a esta questão vou ter de ouvir as escutas que coloquei no largo do rato e logo respondo.
paulo:
não me vai dizer nada de maria de belém?
mmb:
por ora, nada. tenho de a ver primeiro no terreno. pode ser que tenhamos alguma surpresa. ou talvez não.
paulo:
quer dizer algumas palavras aos seus leitores para terminar mais esta entrevista?
mmb:
não me vou candidatar!


(continua amanhã)



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