sábado, 27 de setembro de 2014

antónio-pedro de vasconcelos corre o risco de ser considerado o melhor realizador europeu

"os gatos não têm vertigens" pode dar ao cinema português aquele empurrão que o cinema francês sofreu nos idos do século passado com roger vadim, por exemplo. antónio-pedro não lhe é comparável dado que me parece ser mais um pensador prestante de um hipotético balcão de serviço público. roger vadim era mais um modista terra-a-terra e isso fez dele uma nuvem passageira. antónio-pedro vasconcelos é um homem perigoso. pois, o raio do homem tem ideias. anda por ali um crescendo filosófico a amparar-se nuns certos rasgos de psicologia. penso eu. porque digo que ele é hoje o melhor realizador europeu? (não é assim muito difícil e nem falo dos americanos dado que o cheiro a pólvora do seu celulose  dá-me naúseas e vómitos). vejamos em termos de ilustração: carlos lopes foi em tempos o melhor do mundo na maratona. não estou a inventar meus queridos! qualquer país em que os cidadãos não estivessem  a ver o mundo de mãos no chão e pernas ao alto - o que lhes disfunciona a visão do mundo - colocaria em cada rotunda (e há muitas por aí) uma estátua do nosso atleta. eh pá, não dá para explicar. tivessem lido a história da cultura clássica. nem que fosse a da rocha pereira... carlos lopes foi e é o exemplo vivo do que podem fazer mamíferos do sul de qualquer coisa que dá pelo nome de uma personagem mítica. também houve uma rosinha mota. que as mulheres a endeusem que eu sou machista científico. ah!, ah!, riso meu. ora o que se passa é que o monstro sagrado (a rosa mota também o é) anda por aí aos caídos. pudera! o português vive de pernas para o ar. já é tarde para remediar a questão. "os gatos não têm vertigens" só poderia nascer como produto de um pensador disposto a cumprir uma tarefa sublime (estou a utilizar o termo em psicologia que é como contornar o obstáculo) que é retratar a luta interna do ser humano e a sua real e não aparente projeção comportamental. terá sido antónio-pedro tão velhaco ao ponto de propor pensarmos numa história que ele reconstruiu e criou com o fito de abrir uma brecha num tabu blindado que é o de tratarmos a mulher finalmente sem distinção de credo e apetências? "maria do céu guerra" é um continuar de uma "festa"-vida inculcada de sexo e prazer que as circunstâncias interromperam no tempo e na dor? nostálgica será desculpa para o que quer antónio-pedro vasconcelos fazer dela - "mulher velha" - cuja força a torna viril? (não tenho outra palavra para entrar na cabeça de antónio-pedro); apetecível... (foi trejeito da atriz ou antónio-pedro quis que assim fosse?) onde começa o antónio-pedro pensador e onde acaba maria do céu guerra já sem aspas dado que ela - parece-me - é culpada de uma certa beleza apelativa; o que quebra preconceitos de certa burguesia comercial. ia dizer burguesia mental, salvo seja. porém, não me atrevi. não falo dos outros atores porque isto não passa de um desabafo. lá fora vai chover e tinha de fazer qualquer coisa. como coleciono obras pensantes e religadas ao real deu-me prazer imenso encontrar um criador e uma criatura que me fizeram pensar. e pensar - mesmo de pernas para o ar- não é tão bom?
mmb

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