domingo, 2 de março de 2014

quanto custa um presidente da república em euros?


no meu tempo falar de política era não só perigoso como mais parecia um exercício de jogo de cabra-cega. as notícias da área componham-se de três momentos: informações dos feitos do estado novo que se acumulavam com as atividades religiosas, novidades sistemáticas e grandiosas do ocidente capitalista e finalmente o combate contra tudo que cheirasse a socialismo tendo como alvo principal a urss. aquilo que se podia saber sobre o mundo era filtrado pela censura. sobre o nosso próprio país ainda era mais cómico, isto é, pouco ou nada nos era dado conhecer para além do futebol-eusébio, do espetáculo-amália, de fátima-cerejeira e inaugurações. estas últimas deram lugar ao presidente corta-fitas. o ensino oficial era o filho legitimado da ideologia vigente. denomino-a assim por  ignorância. até camões - o poeta rimoso e baluarte do regime - estava proibido de ser lido na totalidade pois  naquilo a que se designou canto nono  de os lusíades - sua obra mais conhecida  e enfadonha - havia o perigo de o compararmos a um hugo hefner. o estado novo durou como modelo nacional de 1933 a 1974. de 1928 atá 1933, portugal passou por um período de arranjo, onde salazar era uma espécie fóssil de um passos coelho das finanças. de entre muito que soube da estranja uma delas fixei. um tal contrabandista de tabaco teria metido na campanha do filho um milhão de dólares. o filho era um tal john kennedy e a campanha estava destinada a elegê-lo presidente dos usa. o que conseguiu. um milhão de dólares na altura era qualquer coisa que daria para santana lopes alimentar os seus pobres durante uns bons "dez anos portugueses" e ainda por cima oferecer-lhes reforma e complemento da mesma. parei para pensar e deparei-me com um negócio de eleições que estava mesmo em frente ao meu nariz. com os saltos das frenéticas apoiantes dos candidatos que dançam de calcinhas e pernas ao léu tornei-me num invisual político. analisar as eleições na américa facilita-nos a vida e a compreensão. de um lado um montão de dólares e do outro? no outro, outro  montão de dólares. foi assim que foram eleitos homens como george bush, por exemplo. os interesses é que elegem este ou aquele. grande novidade! e em portugal? da democracia portuguesa houve até agora poucos desvios deste modelo. assim como o povo americano votou num kennedy ou num g. w. bush também nós votámos num eanes, num sampaio, num cavaco. eanes e sampaio foram eleitos mais na base do que representavam ideologicamente ao tempo. já a eleição de cavaco foi mais à estilo americano. na primeira vez que se candidatou a belém levou uma banhada do sampaio. estávamos ainda muito próximos da revolução dos cravos e do que ela ainda tinha de pureza. esta foi a razão da vitória de quem dissera que havia mais vida para além do déficite (foi o que ficou do seu consulado, que se saiba). cavaco voltou a insistir e ganhou as presidenciais sem ter trazido uma única ideia nova para portugal. foi o tempo da ideia-tabu. quem arcou com as despesas da campanha? ele é que não foi, dado que vive à rasca de massas segundo confirmou perante as câmaras (de televisão). são precisos muitos milhões para eleger candidatos a belém. eu não entrei com um chavo! e você? com a entrega de portugal ao capitalismo do tipo americano (os sábios dizem liberalismo económico) as próximas eleições vão ser programadas mais pelo poder do dinheiro de certos grupos do que a competência de algum ilustre lusitano. já lá vai o tempo das cadelas puras já dizia a marquesa quando com vitorino como mestre filólogo se atirou às letras como quem  chupa champanhe com morangos dentro de uma banheira com água aquecida, já que o leite de burra está caro mesmo no pingo doce dos pobres e dos do rendimento mínimo. para terminar esta treta, lembro-me de quando o psd apoiou o prof. freitas do amaral a belém. perdeu para mário soares e não só. ficou com uma enorme dívida às costas pois cavaco e o psd deixaram-no a falar sozinho no que diz respeito ao pagamento das despesas da campanha. o professor honrou o seu nome pagando tudo. serviu-lhe de lição. ser presidente custa pra caramba. e depois? depois são os favores que se têm de retribuir. bom, mas isso fica para a judiciária dar início a um inquérito baseado num conjunto de indícios que por aí devem andar. conjunto infinito... teoria dos conjuntos infinitos... conhecem? para cada indício que se coloque no tabuleiro surge diabolicamente uma justificação. tertium non datur, se não me engano!
mmb

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