quarta-feira, 19 de março de 2014

??? por que entre a direita e a esquerda o povo português prefere a antiga e a atual direita, uma espécie de plebe recheada???


toda a gente sabia que o estado novo tinha construído prisão para políticos numa das ilhas de cabo verde, constava na altura tratar-se de verdadeira frigideira onde penavam os que se lhe opunham. veio a verificar-se  as suspeitas sobre tal tratamento térmico dado a esquerdistas aquando dos estudos feitos sobre o tarrafal  após o 25 de abril de 1974. atrás no tempo ficaram cenas terríveis. vejamos: as forças de repressão paramilitares tinham ordem para atirar sobre todo aquele que se opusesse ao destino da pátria desenhado pelo saber do professor de coimbra antónio salazar, seu primeiro-ministro. salazar não estava só: alguns portugueses estavam com ele e com as suas medidas salvadoras, embora por detrás alguns  não fossem tão cegos seguidistas - estou a lembrar-me do prof. adriano moreira. em 1954, por exemplo, a gnr (da altura - esta é diferente até ver) chefiada por um oficial das forças armadas antigas  atira a matar sobre uma moça que apoiava uma greve de assalariados agrícolas no alentejo. no momento tinha um bébé ao colo. nem mesmo com este cenário doméstico e familiar foi poupada. mataram-na com tiro no peito! ao longo dos 48 anos mataram-se dezenas de opositores ao regime. até o faziam nas ruas da capital como foi o caso do escultor josé dias coelho  morto na rua dos lusíades lá para os lados de alcântara. e isto  pela tardinha com a polícia política a atirar a matar. corria o ano de 1961. em 1969, morre antónio sérgio. homem de boa sociedade, intelectual de renome e um mito como pensador e pedagogo. homem de elite social foi a enterrar no cemitério dos prazeres. por favor leiam o que diz luiz pacheco sobre o funeral no livro editado pela "oficina do livro" com prefácio de zink, o literato que nunca coloca datas nos textos pachecais por ele escolhidos. trata-se do título "raio de luar"-2003 primeira edição. "quem não foi ao funeral de antónio sérgio não sabe o que perdeu..." escreve pacheco. depois descreve com piada uma espécie de tática do quadrado que os ingleses emprestaram ao condestável e isto acerca da posição das forças policiais - armadas até aos dentes - que enfrentavam os perigosos inimigos:  " burguesinhos, malta da classe média e média alta, talvez mesmo aristocratas como antónio sérgio." a bem da verdade, diga-se que as forças dos ditadores-pão-de-ló (mais à frente explicarei) batiam em todas as classes sociais. os padrecas também levaram algum. lembro-me do felicidade alves pároco de belém e o toca-música fanhais. ninguém escapava. bastava provocar o regime e logo alí metia porrada ou carga policial como referem os literatos a esta e  a outras coisas da mesma espécie. isto que aqui escrevo não se compara com um estudo mais aprofundado sobre a violência da época. é que também se mataram agentes da polícia política e civis bufanários. de repente ai! os militares congregando esforços empurram os barriguistas e eles caem que nem tordos com os tiros barulhentos enviados para as paredes do convento do carmo. fugiram os comprometidos que se fartaram e quando o povo (antes assassinado, agrilhoado e espezinhado pela bota do botas) veio para a rua o regime estava feito bailinho da madeira. em 1975, o povo de papelinho na mão foi convidado a botar voto. ai madrinha! agora é que são elas, pensaram alguns tremelicas. era para se refazer uma constituição já que a de 33 era fascizante. nestas eleições para a constituinte vejamos como votou o ex-agrilhoado e espezinhado povo português já livre como as pombas que os lisboetas matam com veneno pois cagam nas estátuas dos nossos ditos maiores. eis os resultados em 25 de abril de 1975: ps - 37,9 %, ppd/psd 26,5%, pcp 12,5%, mdp/cde 4% e o cds 0,6%. à partida para os bananas o povo teria jogado à esquerda. mas que esquerda esta que se caracterizava por lutas figadais entre ps e pcp? mário soares em 1 de maio de 1975 é violentamente impedido de discursar pelos comunistas na manifestação do dia do trabalhador. a esquerda oferece a rotura e subdivide-se. esquerda e esquerdinha? nada disso! o ps corta com os comunistas e procura oasilo no centro onde se esgueirava sá carneiro. por outras palavras, o ps  afirma-se não comunista e procura impedir (conseguindo)  que sá carneiro  e ppd não sejam aceites pela internacional socialista. o. palme da suécia dá um jeito. comunistas para um lado e burguesia para o outro. esta burguesia vai do pequeno plebeu recheado ao burguês empanturrado mas consciente do seu papel social. a eles junta-se grande parte dos portugueses que julgam que os comunistas comem criancinhas ao pequeno alomoço. ah, e não acreditam em deus nem na virgem. a moda na altura e ainda hoje é uma pessoa dizer-se de esquerda embora comendo e bebendo do orçamento à grande e à francesa. recebendo vencimentos que envergonhariam o doutor salazar. não são esquerda, não senhor! são membros de partidos capitalistas e burgueses por conduta. é mau? não! só que deviam ser mais claros e verdadeiros. não são comunistas, ponto final! hoje, temos  milionários socialistas, social-democratas e centristas. são esquerda? não! são quando muito sensíveis à esquerda. uma espécie de tia que eu tinha que possuia um pobrezinho a quem oferecia comestíveis para os dentes. em 25 de abril de 1976 realizaram-se eleições legislativas. o que pariram? o ps com 35% ficou a 5% dos 40% do conjunto psd e cds. e os  comunistas? apenas 15%... voltemos ao poveco que levou que se fartou durante a ditadura-pão-de-ló. não via o poveco que a maioria dos socialistas, social-democratas e centristas vinham das profundezas do salazarismo e de uma burguesia das artes e das letras de sofá. e que a sua postura após o 25 de abril de 1974 era falsa e se estendia moda fora. pois quem teria a coragem de se dizer de direita burguesa e cristã na altura do prec excepcionando o prof. freitas e seus companheiros despojados de antigas mordomias? não via o poveco que os comunistas vinham de centenas de anos de prisão e porrada lutando pelos mais desprotegidos dos seus? pelo menos na altura eram os únicos que davam o coiro ao manifesto. e o tiro e porrada nos trabalhadores que queriam um pouco mais para a bucha? não foram os comunistas quem os defendeu? ou foram os meninos das universidades ou dos colégios particulares. ou os que foram estudar para o estrangeiro por serem do contra mas que recebiam dos papás "aqueles trocos" para se manterem numa boa sem trabalhar e a estudar?. isto para não falar dos altos burgueses antirregime que eram mentalmente europeus liberais (liberal da altura não é o liberal  de hoje. tá?) e que faziam vida do género faruk do egito do meu tempo. uma coisa foram os intelectuais críticos outra coisa seriam... bem teria de ler novamente gramsci para falar de outro tipo de intelectuais. bem, vou acabar. isso de sentimento de esquerda, escrever e mandar umas bocas - tipo, por exemplo,  alberto martins em coimbra  em 1969 -, não passa de uma empalhação de uma burguesia esfomeada e emergente  que procura também ocupar  espaço na mangedoura do poder. o lema hoje é dividir... dividir... bem, não sou comunista nem este texto é a favor ou contra seja o que for ou quem for. tenho pena de nunca me ter definido politicamente. sou como o poveco que garatugei e ridicularizei. que fazer? confessar-me? a quem? a deus? ou a um dos seus intérpretes como o pároco milícias? era um descanso para quem já deste mundo se apartou e muito esperava de mim.
mmb
ps: ditadura-pão-de-ló foi o que me pareceu  que foi o estado novo nalguns dos seus períodos históricos. ditadura não muito sangrenta... no 16 de março de 1974 ninguém morreu. um grupo de militares pegou em armas para acabar com o regime. foram apanhados e enjaulados.  fuzilados? não, não foram. ah, e estavam a trair "a pátria da altura". e a intentona de beja em 1961? alguém foi fuzilado? também não!


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